HUM precisa de verba e remanejamento de pacientes para atender CRM
- O Diário do Norte do Paraná
- Acessos: 940
O Hospital Universitário de Maringá (HUM) aguarda duas situações para resolver os problemas apontados em relatório após vistoria, que culminou no ato indicativo de interdição ética do Pronto-Socorro emitido pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) e entregue na quinta-feira (20).
Uma é o repasse de verba do governo estadual para contratar profissionais e comprar equipamentos e insumos. A outra é local, com o remanejamento de pacientes para outros hospitais da cidade. "Já até procuramos o Ministério Público para expressar o nosso desconforto com esses problemas", comentou o reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Julio Damasceno, em entrevista coletiva realizada na manhã de hoje (21) no HUM.
Ele apontou que o remanejamento de pacientes já foi abordado em reuniões do grupo formado pelo HUM, 15ª Regional de Saúde e Secretaria de Saúde de Maringá. Com isso, o HUM receberia só casos mais graves e não seria mais referenciado como porta de entrada para os casos mais simples - que seriam atendidos em postos de saúde, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), entre outros. "Um dos problemas é que tem que tirar o médico que está atendendo um caso de alta complexidade para atender a porta do Pronto Socorro que poderia ser encaminhado a outro lugar", compara o diretor médico do HUM, Esmeraldo Ribeiro da Costa Filho.
Mas isso também não é simples e não deve ser definido logo, já que a UPA, por exemplo, também tem problema de atendimento, sendo comum pacientes chegarem no começo da noite e saírem no meio da madrugada por conta da grande demanda, o que causa por vezes demora no atendimento.
“Será preciso uma contrapartida do HU para retirada dessa demanda deles”, comentou o secretário municipal de Saúde, Jair Biato. No caso, a prefeitura tem demanda de cirurgias eletivas e parte seria passado para o HUM. Eles negociam nas reuniões. A outra solução para o HUM é aguardar o governador eleito Ratinho Junior "reanunciar" e liberar a verba de R$ 52 milhões que foi anunciada pela governadora Cida Borghetti no começo desse mês. Como o mandato já está terminando, não há tempo hábil para os procedimentos burocráticos para usar o dinheiro.
Falta
O HUM precisa resolver o deficit de servidores. Esse é o principal ponto do relatório do CRM. A direção do hospital aponta 137 funcionários que saíram por exoneração, morte, aposentadoria ou licença e não foram repostos desde 2014, sendo 38 médicos, 48 técnicos de enfermagem, sete enfermeiros, entre outros.
A questão financeira influencia diretamente. Hoje o HUM banca R$ 900 mil com recursos próprios para pagar 236 servidores credenciados, que cumprem uma carga horária menor que um efetivado. Esse dinheiro poderia ser usado para comprar equipamentos e insumos, mas é aplicado na contratação de profissional para atender as demandas de atendimento.
Também participaram da coletiva de hoje o superintendente do HUM, Vicente Kira, e o vice-reitor, Ricardo Dias.
O CRM deu 120 dias para o HUM resolver os problemas listados em nove itens no relatório que tem 116 páginas. Caso a situação permaneça, o conselho não pode pedir o fechamento do hospital, mas pode determinar que os médicos não mais atendam no hospital. E, com isso, não haveria serviço médico no local. Isso já aconteceu em janeiro de 2012 na Santa Casa de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba.