O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) realizou ontem (20) ato de indicativo de interdição ética no pronto-socorro do Hospital Universitário (HU) de Maringá. A determinação dá um prazo de 120 dias para que as irregularidades apontadas pelo CRM-PR sejam sanadas, caso contrário, os médicos da unidade serão impedidos de trabalhar no local.
Na tarde de ontem, quatro representantes do CRM-PR estiveram no HU e afixaram um documento que aponta as razões pelos quais o procedimento foi adotado - sendo vedada sua remoção.
De acordo com o gestor do departamento de fiscalização do Conselho, Carlos Roberto Naufel, um grupo de médicos enviou uma carta ao órgão em novembro deste ano informando as condições de trabalho a que estão submetidos. Entre as questões levantadas, estão o déficit de médicos e enfermeiros - o que gera sobrecarga -, e falta de estrutura física, de equipamentos e insumos.
"Esse indicativo de interdição é uma ferramenta que o Conselho encontrou para tentar mobilizar os gestores e a sociedade organizada a prover os recursos necessários para a melhora do atendimento. Não temos a prerrogativa de fechar o hospital, mas se em 120 essas situações apontadas não forem resolvidas, temos a prerrogativa de fazer uma interdição ética, que proíbe o médico de atender neste hospital, porque o local não reúne as condições necessárias para o bom atendimento do paciente", explica Naufel.
"Esperamos que a situação se resolva nesses 120 dias. Pode ser que não completamente, mas que pelo menos se tome um viés de melhora. Até porque sabemos que no setor público, muitas vezes 120 dias não é o tempo necessário, principalmente nesse período de transição de governo", acrescenta.
Segundo o reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Julio Damasceno, o documento do ato de indicativo de interdição será analisado pela instituição.
"Vamos estudar esse material, que é bastante volumoso e detalhado. Conhecendo os pontos que foram levantados, tomaremos as devidas providências. É importante ressaltar que já existe um grupo de trabalho constituído por profissionais aqui da UEM, do HU, do município e da 15ª Regional de Saúde, buscando soluções para melhorar a prestação de serviço para a nossa população", conta.
"Também queremos tranquilizar a população. O HU não será fechado. É apenas um indicativo de interdição ética, levantando alguns pontos que precisam ser melhorados", ressalta Damasceno.
Esta é a segunda vez que o pronto-socorro do Hospital Universitário de Maringá recebe o indicativo de interdição ética do CRM-PR. A primeira vez ocorreu em dezembro de 2015, mas irregularidades foram sanadas e os médicos não foram impedidos de atender.
O reitor Julio Damasceno, e o superintendente do hospital, Vicente Massaji Kira, irão se manifestar sobre o caso hoje (21), às 9h30, em coletiva de imprensa que será realizada no prédio administrativo do Hospital Universitário.
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