Divulgação/UEPG |
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Kavigtãnh; Fekanh; Nênvánh; Kaninsãnh; Kamigprag; Kri Tej Vanh. Os
nomes e sobrenomes impronunciáveis para o "homem branco" são uma das
características do Vestibular dos Povos Indígenas, que, em sua 11ª
edição, reúne 329 candidatos na Universidade Estadual de Ponta Grossa
(UEPG).
O concurso é organizado pela Comissão Universidade para os Índios
(CUIA), que congrega as instituições de ensino superior público do
Paraná (universidades estaduais e a Universidade Federal do Paraná) e a
Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI).
Nesta quarta-feira (14), na Central de Salas de Aula, no Campus de
Uvaranas, os índios fizeram a prova oral. Os índios passaram por uma
entrevista prévia; depois receberam um texto para leitura e posterior
indagação por parte dos componentes da banca.
As respostas deveriam ser dadas na língua portuguesa. Para esta
quinta-feira (15), a partir das 14 horas, estão programadas as provas
objetivas, língua estrangeira (espanhol ou inglês) ou língua indígena
(guarani ou kaingang) e redação. Na prova de redação, entre outros
quesitos, será avaliada a capacidade de escrever um texto de acordo com a
modalidade da norma padrão da língua portuguesa.
O professor José Roberto Vasconcelos Galdino, membro da CUIA e
presidente da 11ª edição do Vestibular dos Povos Indígenas, explica que,
a cada ano, uma das instituições que compõem a comissão sedia as
provas. Cada universidade estadual (UEPG, UEL, UEM, Unicentro, Unioeste,
Uenp e Unespar) oferta seis vagas suplementares em seus diversos
cursos, para indígenas nativos do Paraná; enquanto a Universidade
Federal do Paraná (UFPR) oferece 10 vagas para indígenas de todo
território nacional. O candidato escolhe o curso e a universidade em que
deseja estudar após a sua aprovação.
A maioria dos candidatos quer obter o diploma de ensino superior para
atuação na própria comunidade indígena. Valdecir Mendes Rodrigues, 40
anos, da aldeia Guarani de Laranjinha (Santa Amélia), por exemplo,
pretende cursar Agronomia, para aumentar a produtividade do pequeno
pedaço de terra da sua comunidade. São 226 pessoas que dividem espaço em
117 alqueires. "Apesar de ser pouca terra, acredito que com mais
conhecimento poderei ajudar a aumentar a produção, para subsistência da
própria tribo", diz, lembrando que o trabalho na terra faz parte da
cultura indígena.
A kaingang Angélica Rodrigues Morais, 19 anos, de São Jerônimo da
Serra, quer cursar Medicina, também com o objetivo de atuar junto a sua
comunidade. Ela cursou o ensino médio da escola pública e não vê
problemas quanto a uma eventual dificuldade para acompanhar os colegas
de universidade, muitos oriundos da rede particular de ensino e,
teoricamente, com mais condições de acompanhar os conteúdos do curso.
"Tudo depende da força de vontade. Se você tem objetivo, você consegue
chegar lá", filosofa a candidata.
Edenilson Felix, 24 anos, índio guarani da comunidade de Rio das
Cobras, em Nova Laranjeiras, vive uma situação diferenciada. Ele já foi
aprovado no Vestibular dos Povos Indígenas, cursando Pedagogia, na
Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Porém, por motivos familiares,
teve que abandonar o curso no ano passado. Como não traçou a matrícula,
foi considerado desistente. Para prosseguir, teve que fazer novo
vestibular. Com formação no Magistério, Edenilson é professor do Estado,
lecionando nas séries iniciais da escola da própria comunidade.
A situação de Cintia Amaral, 25 anos, kaingang, da aldeia de Barão de
Antonina (próxima a Londrina), também é diferenciada. Ela quer mudar de
curso e de universidade. Aprovada há dois anos em Educação Física, na
Universidade Estadual de Londrina (UEL), agora ela quer fazer Pedagogia
na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Segundo ela, a mudança se
deve ao apoio maior dado aos índios na universidade maringaense. "Alguns
colegas me disseram que lá existe um envolvimento maior da universidade
com as comunidades indígenas".
A avaliação sistemática do processo de inclusão e permanência dos
indígenas, o desenvolvimento de projetos de ensino, pesquisa e extensão
envolvendo os índios e a sensibilização da comunidade acadêmica acerca
da questão indígena estão entre as atribuições da CUIA instituída pela
Lei Estadual nº 13.134/2001 (e modificada pela Lei Estadual 14.995 de
2006). Atualmente, a comissão é presidida pela professora Ana Elisa de
Castro Freitas, da UFPR.
As informações são da assessoria da UEPG.
http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/580940/?noticia=INDIOS+DEIXAM+ALDEIA+PARA+FAZER+PROVAS+DO+VESTIBULAR