Umuarama - Produtor de leite na região de Xambrê, a 23
quilômetros de Umuarama, Elber Antônio Vieira, de 53 anos, encontrou na
tecnologia de manejo uma saída para sua pastagem degradada. O pequeno
agricultor faz parte dos estudos de produção intensa de pastagem da
Incubadora de Empreendimentos Econômicos e Solidários (IEES) da
Universidade Estadual de Umuarama (UEM) - Campus de Umuarama - com apoio
dos alunos do curso de Agronomia.
Segundo dados dos setores agrícolas municipais, Umuarama e região contam
com 70% das pastagens degradadas devido ao longo tempo de uso do solo
sem reposição de nutrientes. Vieira, proprietário de um sítio de cinco
alqueires, era um desses pequenos que vivem à beira da falência, sem
pastagem e recursos para alimentar seus animais. “Em 2010 meu pasto era
todo degradado e estávamos em uma situação complicada”, disse o
produtor.
Ainda em 2010, por meio de sua filha, Camila Vieira, naquela época
estudante de Agronomia da UEM/Umuarama, Antônio Vieira teve contato com
estudos feitos pela IEES. “A minha salvação veio da UEM. Minha filha
fazia curso de Agronomia e junto com os universitários da UEM e a
Incubadora, abri as portas para trabalharem em um alqueire na minha
propriedade”, contou.
Segundo o coordenador do projeto de manejo de pastagem, o zootecnista
Max Emerson Rickli, a ideia inicial dos estudos começou entre 2007 e
2008 devido à falta de pasto durante inverno para o gado de corte e gado
de leite na região. O estudo consiste em adubação, irrigação,
iluminação, semeadura da aveia e a escolha da espécie de pastagem.
“Tínhamos o objetivo de melhorar a qualidade de vida do pequeno
produtor, por meio de qualidade de produção e renda”, explicou.
Hoje, após três anos seguindo as orientações da IEES, o pequeno produtor
de leite comemora o aumento da produção e está trabalhando para ampliar
o sistema de adubação e irrigação de pastagem. “Antes do projeto
produzia 70 litros de leite no verão e apenas 20 no inverno. Hoje estou
ordenhando 140 litros no verão e 70 litros no inverno. Esse projeto é a
salvação da lavoura. Pena que ainda não consegui ampliar, mas estou
trabalhando para isso”, informou Vieria.
Pilares do projeto
Rickli explica que o foco do projeto é diminuir o déficit de pastagem no
inverno e nos períodos de estiagem. “A base para um bom pasto é
adubação, irrigação, iluminação. No estudo também pesquisamos a espécie
ideal de pastagem para o local e usamos a semeadora da aveia no meio da
grama”, noticiou.
Na propriedade de Xambrê os alunos e o coordenador, em 2010, começaram
as melhorias da pastagem pela correção do solo degradado utilizando a
adubação para repor as propriedades perdidas, em seguida foi instalado o
sistema de irrigação e semeadura da forragem. “Hoje fazemos apenas uma
adubação de manutenção para repor o que foi tirado pela forragem”,
esclareceu o zootecnista.
Além dos alunos de Agronomia e do coordenador, também estão envolvidos o
professor Eder Pereira Gomes da Universidade Federal da Grande Dourados
(UFGD), professor Ulysses Cecato da UEM de Maringá e Elir de Oliveira
do IAPAR.
Conscientização
A falta de contato com a tecnologia e a simplicidades de alguns
produtores é um dos empecilhos para o desenvolvimento de suas
propriedades. Os envolvidos no programa contam que existe uma
resistência com as novas tecnologias no campo, mas esses estudos devem
ser introduzidos aos poucos para o produtor aprender exatamente o
manejo.
“Pegamos uma propriedade totalmente degrada para fazer a recuperação da
pastagem e aos poucos transformá-la em produtiva conforme as
possibilidades do produtor. Pois o manejo correto da irrigação e da
adubação, não é simplesmente jogar adubo. O agricultor vai aprendendo
aos pouco. Hoje o seu Elber tem uma consciência diferente de antes”,
contou Rickli.
Desabafo do especialista
Ainda segundo o Rickli os produtores gastam de quatro a cinco horas do
dia apenas cortando cana para alimentar o gado no período do inverno,
devido a pastagem degrada. Com a adubação, esse período de trabalho
reduziria para meia hora por dia. “Com mais tempos livre o produtor
poderia cuidar das finanças da propriedade, uma situação impossível
hoje. Eles também poderiam ler e estudar a respeito da sua produção,
Porém hoje o produtor de gado e leite se transforma em um cortador de
cana e sem rentabilidade.
http://www.ilustrado.com.br/jornal/ExibeNoticia.aspx?NotID=45064&Not=Tecnologia%20aumenta%20produ%C3%A7%C3%A3o%20e%20melhora%20qualidade%20de%20vida%20do%20pequeno%20produtor