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Investimento em pesquisa cresce 6 vezes no Paraná

 

 

De 2000 a 2008, financiamento salta de R$ 17,2 milhões para R$ 100,6 milhões. País tem alta de 416%

 

Os investimentos em pesquisa científica no Brasil cresceram 416% em oito anos de acordo com dados do Ministério da Ciência e Tecnologia. Em 2000, o país somava R$ 877,4 milhões. No ano passado, o Brasil registrou incentivo de R$ 3,6 bilhões. O Paraná teve crescimento de 585% (de R$ 17,2 milhões em 2000 para R$ 100,6 milhões no ano passado), acima da média nacional, ocupando a 8ª colocação no ranking entre os estados (ver infográfico). Para especialistas, o Brasil finalmente compreendeu o papel da pesquisa científica para o crescimento nacional. A tendência é que justamente por esse motivo os investimentos cresçam cada vez mais.

Neste ano, a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) terá orçamento de R$ 124,6 milhões – aumento de 38% em comparação com os R$ 90 milhões do ano passado. A receita é investida de três maneiras: 50% para projetos estratégicos do governo, 30% para a Fundação Araucária (que visa ao apoio do desenvolvimento científico) e 20% para o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). “A maior parte da pesquisa ainda é financiada com recursos públicos. Isso não é problemático porque se repete em vários outros países”, explica José Tarcísio Trindade, professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e presidente da Fundação Araucária.

 

Muitas empresas, sobretudo as ligadas ao governo, apostaram em projetos científicos nos últimos anos. Exemplo disso é o apoio da Petrobras a uma pesquisa que analisa o uso do bambu para recuperar de áreas degradadas, coordenado pelo professor do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Carlos Roberto Sanquetta. “A planta atua como se fosse filtro da poluição”, explica. Iniciado há cinco anos, a pesquisa alavancou ao receber o financiamento da Petrobras no início do ano passado. “Contamos com melhores equipamentos e maior número de bolsas, o que agilizou o trabalho”.

Segundo Paulo Roberto Brofman, professor e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná e presidente da Associação Brasileira de Terapia Celular, o Brasil trilha pelo caminho certo, mas precisa avançar, principalmente, na legislação de beneficio fiscal para a iniciativa privada. “As empresas não recebem o devido incentivo para aplicar fundos em pesquisa. Com a modernização das leis, o salto poderia ser maior”, argumenta. Para Brofman, é necessário mostrar que a pesquisa científica pode virar produção econômica. “Os resultados nesse ramo aparecem a longo prazo, mas é preciso gerar mais patentes”, diz.

O diretor de pesquisa e desenvolvimento da Universidade Positivo, Marco Aurélio Carvalho, tem opinião semelhante. “O Brasil está em uma posição considerável quando se fala em publicação científica. Na geração de patentes, é preciso melhorar para fazer a economia girar”, diz.

Universidades

Apesar do incentivo de empresas a projetos, os melhores espaços para pesquisa no país ainda se encontram nas universidades. “Diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos e Coreia do Sul, a maior parte das pesquisas brasileiras ocorre dentro das universidades”, diz Brofman. Conforme dados do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a UEM investiu, em 2007, R$ 8,3 milhões em pesquisa científica (bolsas internas e externas e em fomento à pesquisa). A Universidade Estadual de Londrina (UEL) usou R$ 4,4 milhões em estudos. E a UFPR atingiu R$ 19,7 milhões em incentivos.

Em razão disso, as instituições de ensino são, hoje em dia, o campo de trabalho dos doutores brasileiros. “Um pesquisador doutor que não está na carreira universitária tem pouca chance de praticar hoje o que aprendeu”, relata Brofman. Quando empresas investem ou firmam parcerias com universidades, criam laboratórios e abrem oportunidades para o desenvolvimento.

“Não é possível ter ensino de qualidade na graduação sem pesquisa científica”, defende Waldemiro Gremski, diretor de pesquisa e pós-graduação da PUC. “Ela obriga os professores a estarem atualizados e permite o intercâmbio de opiniões com outros pesquisadores. Esse conhecimento é passado para os estudantes. Por esse motivo, a UFPR oferece ensino de tanta qualidade.”