Imprimir

Audiência pública em Umuarama teve bate-boca e pouca decisão


Participantes nervosos, som com problemas e interesses pessoais marcaram a reunião de ontem à noite no Sindicato Rural em Umuarama




Umuarama/redação
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.


Os ânimos estiveram exaltados o tempo todo ontem à noite na audiência pública realizada em Umuarama para discutir o traçado da rodovia BR-487, a Estrada Boiadeira, entre Cruzeiro do Oeste e Porto Camargo (Icaraíma). Foi o primeiro de cinco encontros que estão programados para esta semana, sendo hoje em Maria Helena, amanhã em Cruzeiro do Oeste, quinta-feira em Ivaté e sexta-feira em Icaraíma. O projeto preferido pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), obedece parte do traçado original, passa a dez quilômetros de Umuarama, mas recebeu críticas ferrenhas.
Um dos problemas surgiu porque o Dnit encomendou o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) apenas do traçado que começa na rodovia PR-323, perto de Lovat, vai até o Encruzo dos Goianos, segue para as Três Placas, Serra dos Dourados, Santa Eliza, Icaraíma e Porto Camargo. Do trecho que passado pelo parque das Jabuticabeiras, em Umuarama, e do trecho que passaria na cidade de Maria Helena, não houve avaliação. Segundo o superintendente do Dnit no Paraná, David Gouvêa, o trecho avaliado é o que causa menor impacto ao meio ambiente.
Mas algumas lideranças de Umuarama questionaram a construção da rodovia próxima da estação de captação da Sanepar, no rio Piava. Gouvêa garantiu que se Umuarama crescer e precisar ampliar a captação para os rios abaixo da Boiadeira, isso poderá ser feito sem comprometimentos. A questão é que isso, caso ocorra, terá de ser discutir futuramente quando o problema ocorrer. Na avaliação do presidente do Sindicato Rural de Umuarama, Renato Fontana, o ideal seria prevenir. “Uma estrada a gente pode mudar, mas uma nascente de água não e Umuarama só tem um manancial e ele precisa ser preservado para garantir a água das futuras gerações”.
Quem se apresentou empolgado com a Boiadeira no traçado original foram alguns produtores como Guerino Basso que tem um lote de 60 alqueires perto da estrada e quer o asfalto para poder investir na criação de aves ou suínos. “Hoje ninguém investe lá porque quando chove não dá para transitar, as vezes, nem de trator”, disse.
Moradores do bairro Alto São Francisco, em Umuarama, também disseram que a Boiadeira passando no bairro e perto do Clube Português será um transtorno por causa do aumento no movimento. Mas a presidente da Associação de Defesa do Meio Ambiente (Adema), Felomena Sandri, defende proposta que recuaria o traça em torno de 500 metros da área residencial e jogaria a água pluvial para as galerias da cidades, não permitindo que a poluição fosse para a Bacia do rio Piava.
Para o professor de Direito Ambiental da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Cristian Pellacani, o Dnit e a empresa Engemin que apresentaram o estudo deveriam ter mostrado com a mesma intensidade os dados dos outros dois três citados para o traçado da Boiadeira, por Umuarama e por Maria Helena. E uma comitiva de Maria Helena, com o prefeito Osmar Trentini, participou do encontro em Umuarama. O prefeito foi um dos poucos que não se alterou na fala e defendeu o traçado sugerido pelo Dnit.
O estudo apresentado pela Engemin e pelo Dnit será agora analisado pelos técnicos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que aliás, não se manifestou, apenas conduziu a reunião de ontem. E a coordenadora Noemia Moreira de Oliveira teve de ter pulso firma para acalmar as discussões entre o público.
Conforme o Dnit, esta foi a única audiência para discutir o assunto com a comunidade de Umuarama. Agora é esperar pela aprovação do IAP para licitar a obra, ou seja, o traçado escolhido é o quase original, cujo estudo foi apresentado ontem. A opção que passa por Umuarama foi entregue em documento para o IAP e o Dnit, mas pouco deve influenciar na obra, conforme o que foi observado ontem.
Conforme David Gouveia, o Dnit tem R$ 43 milhões para ser investido na obra entre Campo Mourão e Icaraíma e quer licitar logo a obra para não perder o dinheiro por causa de prazos orçamentários. Para Gouavêa, uma colocação muito inteligente questionou se o traçado for mudado para Umuarama, como ficará o traçado original que hoje está intransitável em boa parte e já tem um dano ambiental causado. “De qualquer forma o traçado original vai ficar lá, causando assoreamento. Isso pode ser mudado com a pavimentação e as medidas de proteção e preservação ambiental observadas e colocadas em prática com a fiscalização da comunidade”.

Outras audiências públicas
Hoje (Maria Helena)
Amanhã (Cruzeiro do Oeste)
Quinta-feira (Ivaté)
Sexta-feira (Icaraíma)