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Agressores estão dentro de casa

Na maioria dos casos de violência, abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, o autor pertence à própria família da vítima. Foi o que constatou a promotora da Vara da Infância e Juventude de Maringá, Mônica Louise de Azevedo, que participou de um evento, realizado sexta-feira, sobre violência infanto-juvenil.

O encontro, que ocorreu na Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Maringá (Aduem), foi promovido pela Secretaria da Assistência Social e Cidadania (Sasc) e Secretaria do Estado da Criança e Juventude, com apoio da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

O evento marcou o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado no dia 18 de maio. Psicólogos, assistentes sociais e autoridades municipais ministraram palestras sobre violência infantil.

De acordo com a promotora Mônica Louise de Azevedo, a comprovação dos crimes de violência e exploração sexual é complicada, o que dificulta a punição dos autores. "Mas quando temos provas, eles são punidos."

A assistente social e professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Vera Lúcia Tieko Suguihiro, conta que a violência contra crianças parte da família porque existe cultura de punição na sociedade. "Utiliza-se a violência para a solução dos problemas", explica.

Vera comenta que até na forma de educar o filho os pais são violentos. "Eles batem, mandam calar a boca e os violentam", detalha.

Na opinião da professora, é necessário fazer uma ação pedagógica com os familiares e ensiná-los a aprender a lidar com conflitos. "Precisamos fazer com que as famílias aprendam a utilizar o diálogo, em vez da violência, como instrumento de resolução dos problemas", orienta.

Ela afirma, ainda, que em casos de violência por parte da família, a solução não é tirar os filhos do ambiente familiar.

Para a psicóloga e professora do mestrado do Departamento de Psicologia da UEM, Ângela Caniato, o maior crime que existe contra a criança é a pauperização. "É não dar a ela a mínima condição de sobrevivência: alimento, moradia e educação."

Em Maringá, 120 crianças e adolescentes, vítimas de abuso e violência sexual, são atendidas pelo Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas), que oferece atendimento às famílias com necessidades especiais.

Casos de violência, abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes podem ser denunciados pelo disque-denúncia 100 ou 181. Não é necessário se identificar.