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UEM e Cesumar pesquisam fungos no rastro de pombos

Pesquisa indica presença do fungo Criptococcus neoformans nas fezes de pombos: em seres humanos, eles podem causar doenças como pneumonia e meningite

 

Pesquisadores do Centro Universitário de Maringá (Cesumar) e do laboratório de Micologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) têm analisado a presença do fungo Criptococcus neoformans nas fezes de pombos encontradas em praças, bancos públicos, ruas e avenidas mais frequentadas pelos maringaenses, e que são habitadas pelas aves na cidade. O fungo pode causar pneumonia e meningite.

O coordenador do trabalho, professor Fernando Henrique Ribeiro, comenta que a pesquisa é pioneira no assunto no município e surgiu quando ele e alunos do projeto perceberam que a literatura médica não apresentava um agente causador identificado em alguns casos de doenças como pneumonia e meningite. "Começamos a fazer associações e percebemos que esse fungo pode ser um deles", destacou o professor.

O fungo Criptococcus neoformans tem como principal hospedeiro os pombos urbanos e é inalado pelo ser humano por meio da poeira resultante das fezes das aves. O agente infeccioso pode ficar no local das fezes por muitos dias . "As crianças, idosos e imunodepressivos são os mais atingidos pelas pneumonias fúngicas, devido a deficiências no sistema imunológico. Em muitos casos, o diagnóstico é confundido com outras doenças infecciosas" explicou Ribeiro.

Praças centrais e locais públicos de grande movimento urbano em Maringá estão sendo visitados pelos pesquisadores para recolher amostras de fezes dos pombos. "Já encontramos a presença do fungo em muitas das amostras e em breve vamos divulgar um mapa dos locais mais infectados", disse Ribeiro. O professor afirmou que pesquisas aplicadas aos seres humanos ocorrerão apenas no próximo ano.

As amostras analisadas pela equipe de pesquisa não são da pomba amargosa (Zenaida auriculata), que se alimenta de sementes e voltam ao espaço urbano no período noturno, mas das pombas européias, maiores e de diferentes cores, que se alimentam dos restos de comida jogados no chão e lixões.

O professor avalia que o extermínio dos pombos da área central não seria a solução mais indicada, mas que uma limpeza mais eficaz de locais públicos, com a lavagem de praças e calçadões, já seria suficiente. "Isso além da diminuição do lixo público, que as pessoas jogam no chão", esclareceu Ribeiro.

O professor, que conta na pesquisa com o co-orientação da Drª Lilian Baeza, da UEM, afirmou que ainda são poucas as referências à doença, porque as infecções causados por fungos só passaram a ter maior destaque na comunidade científica após pesquisas sobre a Aids e o transplante de órgãos, que dependem diretamente da eficácia do sistema imunológico do ser humano.