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Em busca do híbrido brasileiro

A união da prefeitura de Nova Esperança com pesquisadores de três universidades resulta na cadeia completa do bicho-da-seda

 

Um grande mutirão. Assim a prefeita de Nova Esperança, Maly Benatti (PMDB), definiu o esforço para a criação do híbrido brasileiro do bicho-da-seda, trabalho que está acontecendo em seu município envolvendo três universidades, a Associação de Criadores do Bicho-da-Seda, a prefeitura, o Governo do Estado, a Secretaria de Indústria e Comércio, Ministério da Agricultura, empresas de fiação, como a Bratac e a Fujimura, e ainda a Cooperativa Agroindustrial de Maringá (Cocamar), que foi quem deu início ao projeto.

Nova Esperança já era tida como capital do bicho-da-seda, por ser o maior produtor brasileiro, e com esse projeto deixará de ser apenas produtor de casulo para ter a cadeia completa da seda, partindo desde o fornecimento do ovo, a produção do casulo, a retirada do fio e, por último, a fabricação de artigos de seda para o mercado nacional e exportação.

"A criação do híbrido brasileiro é um sonho e poderá demorar muitos anos para que se torne realidade", alertou a bióloga Maria Aparecida Fernandez, do Departamento de Biologia Celular e Genética da Universidade Estadual de Maringá (UEM), coordenadora do projeto.

Segundo ela, independentemente do tempo que vai levar, o importante é que essa movimentação gerou uma estrutura completa para a pesquisa e para o desenvolvimento da sericicultura na região.

A pesquisa já é antiga e vinha sendo desenvolvida por técnicos da Cocamar. Há dois anos a cooperativa decidiu desativar o projeto, mas, para não perder os avanços obtidos, repassou seu laboratório e matrizes à UEM para a continuidade dos trabalhos.

"As empresas que trabalham com híbridos geralmente fazem grande segredo, mas na Cocamar o trabalho era aberto aos pesquisadores da UEM e foi fácil retomar de onde eles pararam", destaca Aparecida Fernandez, que disse que o projeto ganhou novo impulso quando a prefeitura de Nova Esperança e a Associação dos Criadores de Bicho-da-Seda colocaram sua estrutura para a instalação do laboratório em Nova Esperança.


Área

Além de contar agora com um laboratório para os pesquisadores da UEM, da Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste) e da Universidade Paranaense (Unipar), foi repassada uma área para o plantio de mais de 20 variedades de amora a fim de que a pesquisa aponte qual a que melhor se adapta à região e ao híbrido que está para ser criado.

De acordo com a pesquisadora, no ano que vem começam os cruzamentos de matrizes, mas não há previsão de quando chegará ao primeiro híbrido brasileiro.

"Na hora que tivermos o híbrido, vamos precisar das empresas do setor para testar a qualidade do fio, se ele é bom para fiar, se terá alto teor de seda líquida", diz, adiantando que a parceria com as empresas que já trabalham com o bicho-da-seda é primordial nesta pesquisa.