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Melhor leucena que deserto, diz bióloga



 
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Maria Conceição: Se não fosse a leucena, o colonião, o que teríamos?



Para a bióloga Maria Conceição de Souza, professora da UEM, doutora em Taxionomia Vegetal com ênfase em Matas Ciliares, a rápida expansão da leucena e de outras plantas exóticas e invasoras denuncia a ação humana na degradação do ambiente. Ela acredita que se a leucena se deu bem nas margens de córregos e rios é porque encontrou a área desmatada.

"Toda introdução de espécie que o homem faz, vendo somente as vantagens imediatas, não levando em conta os problemas paralelos de interação com o ambiente, tende a causar prejuízos ao futuro.

A natureza é imprevisível, e mexer com esses organismos é muito arriscado", diz Maria Conceição, enfatizando que tanto a leucena quanto outras plantas exóticas foram introduzidas na região sem qualquer estudo prévio, principalmente sem levar em conta os problemas que já vinham causando em outras regiões. Foram vistas somente as vantagens para aquele momento específico.

A bióloga e professora da UEM concorda que a rápida expansão da leucena vai resultar em problemas graves para a região, por tratar-se de uma planta que se adaptou bem ao solo e clima do noroeste paranaense.

"Como não houve um estudo anterior nem os cuidados necessários, agora tem-se que pôr a mão no bolso, perder muito tempo e ainda com a desvantagem de não se saber se é possível alcançar os resultados esperados".

Maria Conceição cita um trecho do livro "Aspectos interessantes da vegetação do Paraná", de Ralph João George Hertel, que diz que "nem o solo nem a vegetação foram feitos de um dia para o outro, e recuperar o que foi destruído é sempre mais caro e mais demorado do que preservar o que a natureza fez".

"Se não fosse a leucena nessa área, não fosse o colonião ou alguma outra planta invasora, o que teríamos?", indaga. Segundo ela, essas plantas não foram semeadas no meio da floresta e, se fossem, não teriam progredido.

Antes, houve o desmatamento, inclusive das margens dos rios. "Se não tivéssemos essas plantas, teríamos deserto, pois uma espécie, para enfrentar e conviver com o grau de impacto que o homem está provocando, tem que ser uma espécie que tenha o potencial de agressividade de uma leucena ou colonião. As plantas nativas não têm essa resistência".