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UEM está entre as melhores do País

Prestes a completar um ano e meio de gestão à frente da Universidade Estadual de Maringá (UEM), o reitor Décio Sperandio faz um balanço de todas as ações feitas por ele nesse período e arrisca projetos que deverão ser concluídos até 2010, ano em que encerra a sua administração na universidade. "Considero esse período muito bom, tendo em vista os projetos que conseguimos implantar", diz.

Décio fala com orgulho da expansão da infra-estrutura da instituição e da boa fase científico-acadêmica em que vive a UEM. E reconhece, também, que apesar de bem reconhecida no cenário acadêmico brasileiro, a UEM enfrenta carência de professores. Atualmente, a comunidade universitária da instituição é de 26 mil pessoas - alunos, docentes e pessoal técnico-administrativo.

Sobre a superlotação que o Hospital Universitário (HU) enfrenta, Sperandio diz que só há uma saída para solucionar o problema: terminar o projeto-piloto, contratar funcionários e adquirir equipamentos. Solução nada barata, pois prevê R$ 30 milhões em caixa. Lei a seguir os principais trechos da entrevista.


O Diário- Qual o balanço que o senhor faz deste um ano e meio de gestão à frente da reitoria da Universidade Estadual de Maringá (UEM), que será completado no próximo dia 10?

Décio Sperandio - Ao longo de 2007 e no início de 2008, tivemos um período que eu, particularmente, considero muito bom, tendo em vista os projetos que conseguimos implantar na universidade. Hoje, a UEM está entre as melhores do País em número de publicações científicas: nós somos a de número 17 no ranking. Em número de publicações por curso, que é um outro indicador, estamos na nona colocação. Nós conseguimos, em 2007, captar R$ 27 milhões em recursos graças à credibilidade que a universidade vem conquistando. Essa quantia foi obtida junto a órgãos estaduais e federais financiadores de pesquisa e de projetos de extensão.


Que obras de infra-estrutura da universidade foram inauguradas e quais estão em andamento?

Nós inauguramos, no fim do ano passado, o Bloco J45, onde funcionam os departamentos de Agronomia e Zootecnia. O bloco conta com salas de professores, das secretarias dos departamentos e dos programas de pós-graduação. Temos, ainda, mais seis blocos que serão inaugurados este ano, com 3 mil metros quadrados cada.

Os prédios vão contemplar os Centros de Ciências Exatas; Ciências Biológicas; Tecnologia; Ciências Humanas, Letras e Artes; Ciências Sociais Aplicadas e da Saúde. Do ponto de vista da infra-estrutura, portanto, a universidade tem avançado. Mais quatro blocos terão obras iniciadas ainda neste ano, com previsão de entrega em 2009. Outros três serão construídos em 2009 para serem entregues em 2010. Acredito que, com essas obras, o gargalo do espaço físico estará praticamente resolvido.

Outro destaque foi a construção do prédio da Editora da UEM (entregue em 30 de janeiro), que vai lançar, no dia 30 de maio, 42 obras, envolvendo em torno de cem escritores. Esse espaço é muito significativo do ponto de vista acadêmico. Temos feito reformas, porém, a UEM ainda carece de adequação, como um espaço maior para estacionamento. Temos trabalhado para mudar a cara do câmpus universitário.


O que mais tem sido feito para transformar a imagem do câmpus?

Fizemos um projeto de identificação. Hoje, quem passa em frente à universidade sabe que lá é a UEM, pois colocamos placas. Estamos elaborando projeto para melhorar a iluminação do câmpus e outro para adequar as nossas salas de aula para que todas sejam equipadas com kit multimídia ? quadro branco, data show e computador.

Quinze kits já foram instalados e outros 14 serão montados até o fim deste mês. Foi um projeto que queríamos implantar ao longo do ano, mas deu tão certo que tivemos que acelerá-lo. Todos agora querem dar aula com o kit multimidia. É um projeto que docentes e alunos têm gostado bastante.


Como está o setor de pós-graduação?

A universidade está bem conceituada. Boa parte dos cursos de pós-graduação subiram de conceito e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que faz a avaliação periódica dos cursos de pós-graduação, tem nos visitado periodicamente. A avaliação é feita com base no número de publicações, defesas, teses e dissertações. A universidade vive um bom momento do ponto de vista científico-acadêmico.


Apesar de ser bem conceituada no ramo acadêmico, por conta da qualidade do ensino, a UEM sofre com a falta de professores. Como o senhor encara essa situação?

Um dos nossos desafios é fixar o quadro de professores. A universidade tem 38 anos de existência e, ao longo desse período, muitos professores se aposentaram, outros se afastaram e a universidade também cresceu. Houve expansão do numero de cursos. Temos 47 cursos de graduação, vamos ter 30 cursos de mestrado, 12 de doutorado e 70 de especialização. O crescimento, aliado ao afastamento dos professores, fez com que tivéssemos que contratar professores temporários com contrato por dois anos. Mas, às vezes, o professor temporário pede demissão.


Isso dificulta o trabalho?

Se hoje um professor pede demissão, eu não posso contratar outro. A não ser que haja teste seletivo já realizado e um classificado naquela mesma necessidade, o que não é muito comum. Aí, tem que fazer novo processo seletivo, lançar o edital e dar tempo para as inscrições. A contratação de novo professor leva, no mínimo, 30 dias. E isso tem feito com que algumas das nossas turmas ficassem sem professores. No entanto, é um problema que temos acompanhado de perto e resolvido com eficiência. É um acontecimento inesperado: o professor está dando aula, surge uma nova proposta e ele deixa a universidade.


Neste período de 30 dias, os alunos ficam sem aula?

O que a gente recomenda é que o departamento faça remanejamento interno para cobrir a deficiência.


Como resolver esse problema?

Se fixarmos o quadro de professores e também um percentual de crescimento da universidade, acredito que vamos resolver esse impasse e, assim, a universidade vai ter melhor condição de se planejar.


E a superlotação que o Hospital Universitário (HU) enfrenta, como solucioná-la?

Realmente, o HU passa por sérias dificuldades. Precisamos de espaço físico, equipamentos e profissionais. Temos a clareza de quais são as necessidades do hospital. Já encaminhamos projeto às autoridades públicas municipais, estaduais e ao Ministério da Saúde. Todo hospital universitário foi concebido para dar suporte ao ensino e à pesquisa com relação aos cursos da área da Saúde. No entanto, o HU pode, e deve, prestar serviços à comunidade.

Acredito, também, que o hospital universitário não tem que se voltar apenas para o atendimento primário, e sim realizar procedimentos complexos. No entanto, o nosso hospital acaba sendo a única porta de entrada para os usuários que dependem da saúde pública. Assim é explicada a superlotação que o HU tem enfrentado. Para resolvê-la, precisamos concluir o projeto-piloto, que prevê um hospital com 300 leitos e atualmente são 120.

Temos construído 10 mil metros quadrados. Com o projeto, o hospital terá 27 mil metros quadrados. Precisamos de R$ 30 milhões para concluir as obras.