Dançando desde cedo
Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo
Aline Taborda (foto), 15 anos, se dedica à dança desde os 6 anos e já sabe o fará em breve. “Quero fazer Dança na FAP [atual câmpus Curitiba 2 da Unespar]”, diz a integrante do Grupo Experimental Jazz Eliseu Voronkoff, de Araucária. Ela conta que já recebeu convites para dar aulas em escolas infantis, o que a estimula a batalhar pelo sonho de abrir a própria academia. Como o processo seletivo da Unespar envolve prova prática, candidatos que têm contato com a dança desde cedo levam vantagem na disputa por uma vaga.
Artes cênicas
Em geral, os cursos têm foco na interpretação para espetáculos de teatro, cinema e televisão. Atores também podem se dedicar à dublagem de filmes e se especializar em aspectos relacionados aos bastidores, como a criação de roteiros, produção de peças e cenografia. Aos licenciados, há a opção de ministrar aulas de Teatro na educação básica – geralmente em atividades extracurriculares –, oficinas de curta duração ou elaborar obras didáticas. Onde estudar: Unespar (Licenciatura em Teatro), PUCPR (Teatro), UEL (Artes Cênicas com habilitação em Interpretação Teatral) e UEM (Licenciatura em Artes Cênicas).
Dança
O profissional de Dança usa os movimentos do corpo para narrar histórias e expressar ideias ou emoções, por isso o acadêmico deve conhecer a anatomia humana e técnicas específicas de cada estilo de dança. Para os bacharéis, o campo de trabalho está, principalmente, nas companhias de dança ou grupos de bailarinos que atuam em espetáculos ou acompanham outros artistas. Há também a possibilidade de dirigir essas apresentações como coreógrafo. Aos licenciados, além de escolas de dança e colégios, é crescente a procura por professores de Dança em academias. Onde estudar: Unespar (Bacharelado e Licenciatura em Dança).
Artes visuais
O profissional que opta por esse curso é capacitado para fazer desenhos, pinturas, gravuras e esculturas usando elementos visuais e táteis. Durante a graduação, o aluno trabalha com várias matérias-primas (da argila à metais), além de familiarizar-se com avançados softwares de criação digital. A área da animação gráfica, inclusive, está em alta. Também há mercado para quem prefere se dedicar à restauração de obras de arte em museus. Os licenciados em Artes Visuais, tradicionalmente, são maioria entre os professores da disciplina de Artes, obrigatória no currículo da educação básica. Onde estudar: Unespar (Superior de Pintura; Superior de Gravura; Superior de Escultura e Licenciatura em Artes Visuais), UFPR (Licenciatura em Artes Visuais e Bacharelado em Artes Visuais), Tuiuti (Licenciatura em Artes Visuais), UEL (Licenciatura em Artes Visuais) e UEM (Licenciatura em Artes Visuais).
Música
Seja como integrante de orquestra, cantor, maestro ou produtor de música eletrônica, o acadêmica de Música estuda técnicas para a criação de melodias. O formado também pode dedicar-se à composição ou fazer arranjos para peças teatrais ou publicitárias. Aos licenciados, é na rede privada de educação que estão as melhores oportunidades. Onde estudar: Unespar (Superior de Canto; Superior de Instrumento; Superior de Composição e Regência; Licenciatura em Música e Bacharelado em Música Popular), UFPR (Licenciatura e Bacharelado em Música), PUCPR (Licenciatura em Música), UEM (Licenciatura em Educação Musical; Bacharelado em Canto; Bacharelado em Instrumento; Bacharelado em Regência Coral) e Unila (Bacharelado em Música).
Quem aprecia o mundo das artes a ponto de se profissionalizar nele tem de estar preparado para uma série de obstáculos: do preconceito ao mercado de trabalho pouco convencional. No entanto, rodeados por música, dança, pinturas e teatro, é difícil encontrar um artista ou estudante infeliz com o caminho que decidiu trilhar.Na última década, as opções de formação acadêmica nessa área foram ampliadas, com foco cada vez mais específico. No câmpus Curitiba 1 da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), antiga Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), por exemplo, são quatro as habilitações possíveis para quem pretende ser músico por formação. Quem tem mais apreço pelo teatro encontra graduações e especializações que vão da interpretação à direção de espetáculos.
A diversidade de caminhos não significa emprego fácil. O setor é pouco regulamentado e formado, em grande parte, por autônomos que trabalham com contratos temporários, o que exige de cada artista boa dose de criatividade e iniciativa para ser bem sucedido.
“Em todas as áreas artísticas, você tem de ser muito empreendedor porque o emprego não cai no seu colo. É difícil aparecer um concurso público ou um anúncio de vaga na qual você se encaixa perfeitamente”, diz a cantora e mestranda em Música pela UFPR, Débora Bérgamo Pickler, 25 anos. Licenciada em Música, ela concilia os estudos sobre composição musical para o mestrado com aulas de Música em escolas particulares e apresentações em eventos.
Segundo Débora, é comum surgir incertezas entre os profissionais da área diante de uma proposta de trabalho fixo e seguro – normalmente em outra área – e da possibilidade de se arriscar em projetos artísticos mais realizadores – cujo retorno financeiro não é previsível.
Vantagem
A coordenadora do curso de Artes Visuais na Unespar – câmpus Curitiba 2 (antiga Faculdade de Artes do Paraná), Rosanny Moraes de Morais Teixeira, confirma ser difícil manter-se com uma única ocupação artística no Brasil. Nesse aspecto, os licenciados têm vantagem sobre os bacharéis, já que podem dar aulas em um período. “Essa é a realidade de muitos alunos, que estudam para serem professores de Artes Visuais, mas não abrem mão de levar uma carreira paralela como artistas”, diz.
Os músicos Débora Bérgamo Pickler, 25 anos, e Júnior Ilson Pickler, 28 anos, se conheceram durante a faculdade de Música na UFPR. Após a formatura, ambos conseguiram uma colocação e hoje estudam diferentes áreas do mundo artístico. Enquanto Débora faz mestrado em Música na UFPR, Júnior se especializa em Gestão Cultural no Senac, tema ligado à rotina profissional dele no Sesc da Esquina, onde organiza projetos educativos e musicais. “As oportunidades de emprego fixo, com carteira assinada na área artística, são raras, mas costumam ser boas. É preciso ficar atento”, diz o músico. Ele recomenda que todo estudante de Música busque conhecer as leis de incentivo à cultura e os trâmites para ter um projeto financiado.
Sem deixar a oportunidade passar