UEM é a 2ª universidade no mundo com a maior proporção de mulheres pesquisadoras, aponta ranking
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De acordo com levantamento publicado pela Universidade de Laiden, da Holanda, 54,1% dos autores da universidade são mulheres. Levantamento tem 963 instituições de todo o mundo.
A Universidade Estadual de Maringá (UEM), no norte do Paraná, é a segunda instituição no mundo com a maior proporção de mulheres pesquisadoras, conforme ranking feito pela Universidade de Laiden, na Holanda.
Segundo a pesquisa, dos 7.861 autores da instituição, 54,1% são mulheres. Ao todo, a universidade conta com 4.254 pesquisadoras.
A UEM fica atrás apenas da Universidade Médica de Viena, na Áustria, onde 56% dos pesquisadores são mulheres.
Para a pesquisadora e professora do Departamento de Informática da UEM Linnyer Beatrys Ruiz Aylon Linnyer, a posição da universidade mostra que as cidades do interior também produzem ciência.
"Tem um mito de que as mulheres do interior muitas vezes não estão aptas para o trabalho científico de ponta. Então, acho muito significativo uma universidade pública do interior ter esse índice", comentou.
No caso da UEM, a instituição mantem um projeto em 15 escolas trabalhando com meninas do ensino fundamental e médio para a área de tecnologia. Linnyer diz que o trabalho também ajuda no empoderamento das jovens.
"As meninas deixam de escolher a profissão da ciência. Muitas vezes o preconceito vem de casa, dos pais que não gostam de ver suas filhas prestando um vestibular na área de tecnologia. Acho que isso tem mudado", explicou.
O ranking divulgado em 2019 leva em consideração artigos publicados por 963 universidades do mundo todo entre 2014 e 2017 e catalogados pela Web of Science.
Outras duas instituições brasileiras aparecem entre as 10 primeiras, sendo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
A Universidade Federal do Paraná também aparece no ranking, no 36º lugar.
Sonho de infância
Foi conhecendo a história da cadela Laika que Linnyer descobriu que seria cientista. Aos quatro anos ficou inconformada em saber que a cadela nunca iria regressar com vida à terra.
"Minha preocupação é que ninguém tinha ido buscar a Laika. Aí eu disse: 'o que é que precisa para buscar essa cachorra?' E aos quatro anos eu tomei a minha decisão, que ia ser cientista", lembrou.
Laika fez parte da missão Sputinik 2, da União Soviética. Foi o primeiro ser vivo a orbitar o planeta. A cadela só sobreviveu por poucas horas.
Fruto da escola pública, a pesquisadora passou toda a infância em Cianorte, no noroeste do Paraná. Quando se formou, resolveu cursar engenharia de computação.
Boa de nota, conseguiu uma bolsa de estudos em uma universidade privada de Curitiba. Saiu de casa sem nada, inclusive sem malas.
"A minha mãe pegou um saco de açúcar, tingiu e colocou uns babadinhos. Essa foi a minha mala para chegar em Curitiba", contou.
Na capital do estado, contou com a ajuda de professores e amigas. Formou-se e não parou mais.
Atualmente Linnyer é pós-doutora em Ciência da Computação. Já viajou dezenas de países apresentando projetos.
Ela também é diretora administrativa da Sociedade Brasileira de Microeletrônica (SBMicro), além de ser membra do comitê assessor de microeletrônica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).