Centenas de estudantes, professores e apoiadores da comunidade acadêmica participaram no final da tarde de ontem (7) de protesto contra o bloqueio das contas da Universidade Estadual de Maringá (UEM), realizado há uma semana pelo Governo do Paraná, e contra as declarações proferidas pelo governador Beto Richa (PSDB) ao reitor da instituição, Mauro Baesso.
Desde a última semana de maio, universidades e o Governo travaram uma série de discussões sobre a implantação do sistema Meta 4. Novo protesto está marcado para amanhã (9).
Solicitado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) desde 2012, o RH Paraná Meta 4 tem como objetivo, segundo o órgão, o maior controle de despesas a partir da informatização do sistema de gerenciamento dos custos com funcionários. Nos últimos anos, após adoção de diversos órgãos públicos estaduais, o Governo solicitou por duas vezes que a UEM também utilizasse ao modelo centralizado. Para a reitoria, o Meta 4 faz com que a instituição maringaense perca a autonomia. Segundo o tribunal, caso a adoção não seja concretizada penalidades poderão ser aplicadas.
Depois de diversas críticas ao modelo centralizado e ao bloqueio de R$ 18 milhões das contas da Universidade Estadual de Maringá, a polêmica envolvendo a instituição e o Governo do Paraná ganhou novo capítulo após divulgação de vídeo durante reunião de lideranças do governo Richa. Em razão da atual situação que compromete a compra de insumos para o Restaurante Universitário, equipamentos e materiais para os laboratórios internos que possuem convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), entre outras situações que poderão levar ao cancelamento do vestibular de inverno, Mauro Baesso subiu o tom contra as medidas do governador.
Pelo fato das críticas a gestão paranaense, acompanhado do chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, entre outros secretários, deputados da base aliada e apoiadores, Beto Richa chamou o reitor da UEM de “desonesto” e afirmou que Baesso está jogando os alunos contra o Governo do Paraná. “Dizer que o Governo quer fechar as universidades, que quer as universidades com o pires na mão? Ele teve muita coragem para mentir para população e colocar os alunos contra o governo”, exalta Richa, prontamente aplaudido pelos presentes.
Logo em seguida, o governador afirma que não quis ver as declarações de Baesso, porém, recebeu as informações de “pessoas de confiança”. Por fim, novamente com críticas ao reitor maringaense, Richa afirma que o único motivo do Meta 4 é a transparência da instituição e que as críticas proferidas contra o sistema digitalizado e centralizado foram feitas por desonestidade. O vídeo amplamente divulgado por sindicatos, alunos e professores que consideraram uma agressão ao reitor, bem como aos participantes da comunidade acadêmica.
Protesto
Por volta das 17 horas dessa quarta-feira, os primeiros manifestantes começaram a chegar à frente da Reitoria. O ato convocado pelas redes sociais contou com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino de Maringá (Sinteemar) e da Seção Sindical dos Docentes da UEM (Sesduem) que também classificaram as declarações do governador como agressivas e que perderam o “limite da civilidade”. Em aproximadamente duas horas de ato, centenas de pessoas se solidarizaram com o reitor e defenderam o desbloqueio imediato da conta.
De acordo com o professor e presidente da Sesduem, Edmilson Aparecido da Silva, o objetivo do ato foi mostrar que a reitoria, ao criticar as medidas impostas pelo governo estadual, está defendendo a universidade de possíveis prejuízos. “Buscamos mostrara que o Mauro Baesso está fazendo a defesa da nossa universidade e que, portanto, está nos representando, uma vez que todos e todas estamos na luta para que a UEM se mantenha gratuita e de qualidade”, explica.
Diversos Centros Acadêmicos, por meio das redes sociais, marcaram reuniões gerais entre ontem e amanhã para a discussão entre os alunos sobre a situação atual da instituição. De forma unânime, ambos os grupos organizados por cursos fizeram críticas ao bloqueio imposto pelo governo Richa. Em ato unificado, milhares de estudantes e professores saem às ruas nesta sexta-feira a partir das 8h30, com concentração na Praça da Prefeitura. Com o nome “Beto Richa: Não feche a UEM” e mais de 3 mil pessoas interessadas, os manifestantes pretendem novamente mostrar para toda a população a gravidade que a instituição passa ao ter R$ 18 milhões bloqueados.
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