Vistoria realizada no hospital atestou que unidade melhorou condições de trabalho dos médicos
Obras em andamento vão aumentar capacidade de atendimento
O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) suspendeu o
indicativo de interdição do pronto-socorro do Hospital Universitário
(HU) de Maringá. A decisão foi anunciada ontem durante fiscalização dos
conselheiros às dependências da instituição. Eles conferiram
pessoalmente as ações que a direção do hospital está colocando em
prática.
Em dezembro do ano passado, uma comitiva do Conselho
esteve no HU, baixou um indicativo de interdição ética e deu prazo de
180 para que o hospital oferecesse condições adequadas de trabalho aos
médicos e de atendimento ao público.
A lista de pedidos incluía
adequações na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e no centro cirúrgico,
segurança e o aumento no número de leitos, evitando assim que os
pacientes aguardassem em macas no corredor pela internação.
"Não
adianta um hospital ter o melhor médico do mundo se ele não tem
condições de prestar ao doente todas as necessidades que tem na
recuperação da saúde", diz o presidente do CRM-PR, Luiz Ernesto Pujol. O
pronto-socorro atende 3,5 mil pacientes por mês.
Nesse intervalo
de seis meses entre o indicativo de interdição e a vistoria ontem, o
hospital passou por uma série de melhorias. A primeira delas foi a
ampliação da quantidade de salas cirúrgicas – de uma para três.
Atualmente, há uma sala reservada para urgência e emergência, uma para
cirurgias eletivas e outra para ortopédicas; todas com condições de
funcionar ao mesmo tempo.
"Isso resolveu um grande gargalo",
afirma o superintendente do hospital, o médico Maurício Chaves Junior.
"Várias vezes já justifiquei à imprensa as filas imensas, e hoje (ontem)
temos um paciente aguardando há uma hora para uma cirurgia, ou seja, a
fila é zero." Um bloco cirúrgico, com mais 11 salas, está sendo
construído e deve ficar pronto no final de 2017.
A direção
conseguiu também que a Central de Regulação de Leitos distribuísse
melhor os pacientes entre os hospitais que integram o Sistema Único de
Saúde (SUS) em Maringá e região, deixando, assim, de sobrecarregar o HU.
Mais
27 leitos de enfermaria entraram em funcionamento em março. Esses novos
leitos, explica o superintendente, refletiram diretamente no
pronto-socorro. Com maior número de enfermarias, menos doentes ficam nos
corredores, em macas, à espera de vagas. Se antes o pronto atendimento
tinha até cem pacientes em corredores, agora há menos da metade.
A
expectativa é que, com o término da construção da clínica adulto, com
cem leitos de enfermaria, ninguém tenha de esperar vaga em local
improvisado. A obra, orçada em R$ 14,3 milhões, deve ficar pronta em
outubro do ano que vem e vai ampliar para 250 o número de leitos no HU;
atualmente são 150. Na UTI Neonatal, uma reforma vai aumentar de 6 para
10 a quantidade de leitos. A obra deve durar 90 dias.
Outro
pedido do CRM-PR, sobre a segurança dos médicos, foi resolvida com uma
parceria da Polícia Militar, que diminuiu o tempo de resposta aos
chamados do hospital.
Para o presidente do Conselho, o indicativo
de interdição contribuiu para que município e Estado convergissem para o
ideal de tornar o ambiente de trabalho melhor e, consequentemente,
prestar bom atendimento. "A nossa intervenção, que poderia ser vista
como negativa, cumpriu com uma função positiva, afinal é uma instituição
de grande valor à população e que não tinha mais condições de continuar
do jeito que estava."
O superintendente do HU diz que não
encarou a possibilidade de interdição do pronto-socorro como ameaça.
"Não me senti incomodado até porque temos que ser fiscalizados. O
hospital saiu fortalecido e motivado para buscar condições adequadas."
Apesar
do aval da comitiva pela retirada do indicativo de interdição, a
suspensão ainda precisa ser aprovada pelos 48 conselheiros da entidade. A
votação ocorre segunda-feira (6).