No estado, dentre as instituições que anunciaram mudanças no calendário de provas estão UEPG, UEM e UFPR.
Com o objetivo de conquistar uma vaga no curso de Educação Física, o estudante Otávio Santi Cavalli diz ter sentido um baque ao saber que o vestibular de inverno da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), nos Campos Gerais do Paraná, foi cancelado.
A instituição é uma dentre tantas outras pelo Brasil que alteraram a programação de provas por causa da pandemia do novo coronavírus. A UEPG resolveu promover apenas o vestibular de verão neste ano.
Candidatos falam em sonhos suspensos e adaptação
A prova será o primeiro vestibular de Otávio que vê sinais positivos e negativos na decisão da universidade de cancelar a seleção de inverno.
“Já estava nervoso com o vestibular de inverno. Mas dá para ver um lado bom nisso: vou ter mais tempo para estudar, revisar os conteúdos. Ao mesmo tempo fico nervoso por ter mais candidatos concorrendo comigo”, diz ele.
Por conta da pandemia, o estudante também precisou criar uma nova rotina de estudos. Ele frequentava um cursinho voluntário de uma paróquia de Ponta Grossa, mas as aulas foram suspensas pela pandemia.
Mesmo sem as aulas presenciais, agora o Otávio foca nos conteúdos que os professores disponibilizam pela internet.
“Apesar dessa mudança e de já ter me adaptado ao estudo online, tem uma diferença grande. A aula presencial é bem melhor. Mas não dá para desistir e eu continuo estudando”, afirmou.
Cancelamento das provas
Além da UEPG, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), anunciaram mudanças nos vestibulares.
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A UEPG recebeu, em sua edição do vestibular de inverno, 10,8 mil inscrições, que disputaram 786 vagas em 38 cursos de graduação.
Com o cancelamento por causa da pandemia, a UEPG vai ofertar de uma vez 1.453 vagas, em provas que estão programas para os dias 6 e 7 de dezembro, no vestibular de verão.
A estudante de Curitiba Ana Clara Andruszewicz, de 18 anos, estava se preparando para vestibulares de medicina em diversas instituições, como a UEPG e a UFPR. Com o cancelamento, ela disse ter se sentido frustrada.
"Agora já não sei como vai ser no final do ano. Mas estou tentando tirar uma lição disso, que eles estão adiando por um bem maior, que é a nossa proteção e de todos que vão estar presentes no dia do vestibular", contou.
Assim como Otávio, Ana Clara está matriculada em um cursinho que teve aulas suspensas por causa da pandemia. A estudante disse que teve certa dificuldade no começo estudando apenas em casa, mas já conseguiu se adaptar.
"Com toda essa situação mudou muito. Estou tendo aula à distância desde o começo, então não perdi matéria. No começo, não estava conseguindo ter muita atenção, mas agora está sendo quase como se fosse no presencial", disse.
Rendimento
Há 13 anos, o grupo de estudos da Paróquia Imaculada Conceição de Ponta Grossa oferece aulas de graça a estudantes que não têm condições de pagar um cursinho particular e querem prestar vestibular da UEPG.
O grupo de estudos conta com mais de 80 professores voluntários. No último vestibular da UEPG, 65 alunos do curso foram aprovados.
Com a pandemia, as aulas presenciais do grupo precisaram ser suspensas.
Rodrigo Milleo, que é coordenador do projeto, disse que os professores continuam atendendo pelas redes sociais e até em aulas transmitidas ao vivo. No entanto, o aproveitamento não tem sido o mesmo.
“A gente sabe que o presencial é muito mais absorvido eles. Parece que muitos não estão se interessando em ter aula à distância. Mas, por enquanto, é a opção que tem. Infelizmente, a participação cai para menos da metade”, afirmou.
Rodrigo conta que, todos os anos, o grupo abre duas turmas para preparação. Só no primeiro semestre foram 220 vagas.
Por causa do cancelamento do vestibular, os professores vão ampliar o período de atividades do grupo. A previsão é que as aulas presenciais voltem a partir de agosto, mas com a mesma turma do começo do ano.
“Isso mexe, acaba atrapalhando. Nós e os professores temos tudo planejado, e como são voluntários, não sabemos se na volta teremos a mesma estrutura e os mesmos professores”, disse.