Os manifestantes consideraram brandas punições estabelecidas para dois professores acusados de assédio sexual.
O reitor da UEM (Universidade Estadual de Maringá), Mauro Baesso, foi alvo de protesto ontem de manhã (28) no campus. Os manifestantes consideraram brandas as punições estabelecidas em portaria do GRE (Gabinete da Reitoria) a dois professores por assédio sexual contra alunas.
O DCE (Diretório Central dos Estudantes) entrou com recurso no COU (Conselho Universitário). A portaria 202/2018 do GRE acolheu parcialmente o relatório final da comissão processante, que é formada por servidores, de suspensão de 90 dias do professor Itamar Flávio da Silveira e demissão de Moacir José da Silva, ambos do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes do Departamento de História.
O reitor decidiu suspender por 90 dias, sem remuneração, Moacir José, e a Itamar Flávio atribuiu pena disciplinar de repreensão. Baesso não se manifestou ontem sobre a portaria.
No documento, o reitor diz que as sanções indicadas pela comissão processante “não guardam proporcionalidade com as naturezas das infrações efetivamente comprovadas nos autos”.
Segundo Ana Lúcia Rodrigues, professora do Departamento de Ciências Sociais e coordenadora do núcleo da UEM do Observatório das Metrópoles, a manifestação começou em frente à reitoria e depois os cerca de 150 estudantes, professores e técnicos da instituição foram convidados pelo reitor para reunião na sala do COU.
A maioria dos manifestantes era formada por estudantes do sexo feminino. “Estamos todos perplexos com a decisão tomada pelo reitor e pedimos também a revogação da portaria, mas ele nos informou que nada seria mudado”, disse Ana Lúcia. De acordo com o membro do DCE, André Crepaldi, o diretório protocolou ontem recurso no COU, órgão máximo da universidade, para que as sanções aos docentes sejam fixadas de acordo com o relatório da comissão processante.
“Fizemos a apelação ao Conselho Universitário, que é superior à reitoria, porque não concordamos com a decisão tomada pelo reitor, de abrandamento das sanções”, afirmou.
Ana Lúcia diz que o movimento vai se mobilizar a partir da próxima semana em torno da decisão do COU sobre a portaria assinada pelo reitor e publicada na última terça-feira.
Histórico
As investigações foram iniciadas pela universidade em outubro de 2016. A comissão processante foi formada por três docentes e uma servidora da instituição de ensino. Mas as apuração começaram a ser realizadas em fevereiro do ano passado porque membros nomeados deixaram a comissão.
Com a alegação de “desgaste com outros professores em razão de discordância de opiniões sociais e políticas, fato que levaram os autores a um cenário de isolamento no aludido departamento”, os docentes entraram na Justiça com mandado de segurança para suspensão da comissão.
O processo foi julgado improcedente.
Defesa
Por meio de nota, o advogado dos docentes, Bruno Gimenes Di Lascio, disse que os professores possuem mais de duas décadas de serviço público honrado e reputação ilibada, mas que num “estalar de dedos” passaram a ser chamados de abusadores.
“O acolhimento parcial do nefasto relatório da comissão processante pela reitoria da UEM se deu unicamente por pressões exercidas por movimentos raciais previamente ensaiados”, diz a nota do advogado.
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