O
projeto de transposição da Universidade Estadual de Maringá (UEM), cujo
objetivo é ligar o centro a alguns bairros, pode anular os 33 anos de
pesquisa da Estação Climatológica da instituição de ensino. Isto é o que
alertam professores do Departamento de Geografia. A alteração de
qualquer característica do local onde fica estação pode resultar até na
exclusão desta última do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet),
órgão aferido pela Organização Mundial de Meteorologia e pertencente a
uma rede mundial de dados.
Segundo a Prefeitura, responsável pelo
projeto, a transposição busca dar ganho de mobilidade ao trânsito por
meio de uma ligação entre centro e bairros que atravessaria a
universidade, localizada na Zona 7, até as avenidas São Judas Tadeu,
Kakogawa e Doutor Alexandre Rasgulaeff. Com isso, o tráfego nas avenidas
Morangueira e Mandacaru desafogaria. O problema é que a estação está no
meio do caminho previsto para a nova via.
Por conta desse impasse que surgiu, a administração
municipal prevê agora a viabilização de uma bifurcação no local onde
está a estação climatológica, já que o objetivo não é mudá-la de lugar.
Quando a nova via se aproximasse da estação, dividiria-se em duas,
contornando o espaço. “Formaríamos um binário, fazendo ligação com a
Avenida [Doutor] Alexandre Rasgulaeff”, explicou o secretário municipal
de Planejamento, Laércio Barbão.
Os professores da UEM, porém, dizem que qualquer alteração no entorno
da área pode afetar as pesquisas. “Se interferíssemos nesse entorno,
voltaríamos à estaca zero”, garantiu o professor de geologia ambiental
do Departamento de Geografia da UEM, Lucas Sant’ana. “São dados como
refletância [luminosidade refletida por uma superfície], temperatura e
umidade do ar, que sofriam deturpações, interferindo nos resultados das
pesquisas.”
O coordenador da estação, professor Helio Silveira, citou a passagem
de carros como fator de interferência. Segundo ele, o tráfego altera o
fluxo de ventos e, assim, os aparelhos da estação registrariam valores
irreais nas medições. “A bifurcação estaria a menos de 20 metros do
canteiro onde estão os nossos instrumentos”, informou. “A alteração nos
dados seria completa.”
Para Sant’ana, o grande trunfo da estação é o tempo em que está no
mesmo local – com mesma geologia e mesmo ambiente. “Todos os dias
coletamos dados, ou seja, temos um padrão climático regional de
Maringá”, garantiu. “Para isso, são necessários pelo menos 30 anos de
coletas relativas à precipitação, à insolação e à temperatura.”
O secretário de Planejamento afirmou que reuniões foram realizadas e que outras serão agendadas em breve para debater o assunto.
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