Uma discussão entre estudantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e vigilantes da entidade terminou em briga no início da madrugada desta sexta-feira (6). A informação é da Polícia Militar (PM) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
Segundo a PM, policiais foram até a universidade no início da madrugada desta sexta-feira (6), após denúncias de moradores da região e de estudantes sobre o confronto dos acadêmicos com os vigilantes. Antes da ocorrência, a corporação havia realizado uma blitz próximo à instituição de ensino.
O tenente coronel do 4º Batalhão da Polícia Militar (4º BPM), Antonio Roberto dos Anjos Padilha, informou à reportagem que, às quintas-feiras, pelo menos 1,5 mil pessoas costumam se concentrar no interior da UEM para realizarem sarais, festas não autorizadas pela instituição, o que motivou a discussão.
O coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Alex Raval Bertozzi, afirmou, no entanto, que não havia festa marcada para quinta-feira (5), mas, sim, uma reunião em frente ao DCE para discutir episódios recentes de discussão entre estudantes e vigilantes.
Tanto a PM quanto o DCE dizem que alguns estudantes permaneceram na UEM até a meia-noite, horário em que os portões do campus são fechados. Segundo a corporação, vigilantes alegaram que os estudantes se recusaram a sair e a confusão começou.
Bertozzi contou que os estudantes se puseram à disposição dos vigilantes para uma revista, o que não ocorreu. “Ninguém estava com drogas ou bebidas”, ressaltou. Cerca de 20 vigilantes, então, abordaram 15 estudantes, e não 50 conforme disse a PM, que estavam em frente ao DCE. “Quando deu meia-noite em ponto, eles vieram pra cima, com empurrões e chutes.”
O tenente coronel confirmou que houve denúncias de agressões de vigilantes a estudantes e de estudantes a vigilantes. “Tivemos reuniões com a reitoria porque dentro da UEM estão sempre ocorrendo essas festas clandestinas [saraus], sem autorização, onde há consumo excessivo de drogas, álcool e comportamentos extrapolados que incomodam moradores da região”, contou.
Pelo menos cinco ficam feridos em briga
De acordo com o DCE, pelo menos cinco estudantes ficaram feridos no confronto com os vigilantes. Alex Raval Bertozzi afirmou que, após o confronto inicial em frente ao DCE, os acadêmicos correram para fora da universidade. Neste momento, segundo o coordenador, o estudante de Ciências Sociais Renan Augusto Silva foi encurralado por quatro vigias. “Eles deram diversos socos no rosto e quebraram o nariz dele.”
Bertozozi disse que o estudante foi encaminhado ao Hospital Universitário (HU). Na tarde desta sexta-feira (6), a assessoria de imprensa do HU confirmou que Silva foi internado com fratura no nariz por volta da 0h30 e liberado às 13h40.
Segundo o coordenador, a estudante de Artes Cênicas Tamires Schimitt foi atingida por pedras atiradas pelos vigilantes. A acadêmica foi ferida na testa e teve de levar sete pontos. Vídeos divulgados em redes sociais mostram a vítima ensanguentada após o episódio.
Com a confusão, moradores e alguns estudantes ligaram para a PM. O capitão Rogelho Aparecido Fernandes relatou que alguns estudantes foram, de fato, encaminhados ao hospital. “Os alunos alegavam que foram agredidos. Os vigilantes também relataram que foram agredidos por estudantes.”
Todos os envolvidos foram encaminhados para a Delegacia de Polícia Civil para registro do Boletim de Ocorrência (BO) no início da madrugada desta sexta-feira (6). Segundo Alex Raval Bertozzi, cinco estudantes, incluindo Silva e Tamires, realizaram exames no Instituto Médico legal (IML) de Maringá.
Posicionamento da UEM
Em nota, a UEM, informou que, na noite quinta-feira (5), a Diretoria de Serviços e Manutenção e a chefia da Vigilância da UEM perceberam o início de um evento não autorizado. “Os servidores da UEM conversaram pacificamente com os estudantes, tentando fazer com que eles não realizassem o que vem sendo denominado de Sarau. E ainda explicaram aos acadêmicos os motivos da ação. Segundo informações internas, em nenhum momento a vigilância cometeu excessos.”
Além disso, a universidade informou, também em nota, que instaurou sindicância para apurar os acontecimentos, reunindo todo o material necessário à análise dos fatos, como vídeos e fotos e que a Administração Central repudia, veementemente, qualquer ato de violência.
“A UEM está buscando ações para criar e ampliar espaços culturais dentro da Universidade, juntamente com os Conselhos e as Pró-Reitorias. Além disso, fomenta e realiza, de forma integrada com a sociedade, ações de prevenção ao uso de drogas.”
Guarda Municipal
A Guarda Municipal da Prefeitura de Maringá também participou da operação policial. Segundo o diretor do grupamento, Rogério Melo, os guardas do Município não se envolveram na confusão. “A polícia foi fazer uma operação no entorno da UEM e pediu nosso apoio para abordagem, verificação de documentos e situações de risco. A operação foi feita para coibir abusos, drogas e solicitações da população e do próprio reitor da UEM”, falou.
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