Amador diz que hospital não tem estrutura, nem equipamentos necessários para realizar cirurgias determinadas pela Justiça, “não vamos agir de forma irresponsável”, diz médico
Depois de nova determinação do Ministério Público para que o Hospital Universitário (HU) faça cirurgias ortopédicas em pacientes que estão aguardando nos corredores do hospital, o superintendente José Carlos Amador desafia: “Se quiserem, podem fechar o HU”.
Segundo ele, seis pacientes estão aguardando por procedimento cirúrgico, alguns há mais de um mês. Há inclusive idosos. “Estamos há um mês tentando transferência para outros hospitais, mas não conseguimos”, comenta o superintendente, que ontem se reuniu com a direção do Conselho Regional de Medicina (CRM) e com a Sociedade Paranaense de Ortopedia para expor a situação.
Para Amador, o hospital não vai realizar procedimentos de forma irresponsável. “Não vamos colocar em risco a vida dos pacientes, fazendo procedimentos que não temos condições de fazer.”
O superintendente cita como exemplo o caso de dois pacientes, já transferidos para outro hospital, que estavam aguardando para fazer prótese total de quadril. “Não temos condições de fazer essa cirurgia.”
Segundo Amador, outro três pacientes precisam fazer cirurgia de fêmur com a colocação de uma haste. “Esta é uma cirurgia relativamente simples, mas hoje precisa de um aparelho que permite a visualização do procedimento. O que temos aqui só permite a visualização de punho e não dessa região. Então os nossos ortopedistas não aceitam fazer cirurgia sem esse equipamento.”
José Carlos Amador critica a ação do MP: “O mesmo Ministério Público
que cobra que façamos essa cirurgia, será o mesmo MP que vai cobrar de
nós um paciente sequelado.”
Como as multas emitidas pela Justiça estão se avolumando, o
superintendente fala em fechar o hospital. “Fechem o HU, o curso de
Medicina. Não aguentamos mais trabalhar sob essa pressão.”
“Faço um desafio: coloco o nosso centro cirúrgico à disposição, com a estrutura e as condições que temos, para que qualquer ortopedista faça esse procedimento. Só que a responsabilidade é dele”, acrescenta.
Amador propõe ainda a criação de uma comissão, com integrantes do MP, do Conselho de Saúde, do hospital, entre outros, para discutir caso a caso.
A decisão
Segundo a decisão judicial, da última sexta-feira, cuja notificação chegou à direção do hospital na segunda-feira, o HU e o município terão de pagar R$ 1,5 mil de multa por dia e por paciente não operado, caso descumpra a determinação. O objetivo da medida, segundo a justiça, “é resguardar o direito à vida e à saúde dos pacientes frente a ausência de efetividade no atendimento aos referidos”.
“É obrigação do Estado em prover a saúde e de sequência prestar atendimento médico hospitalar de quem dele necessitar, o que não vem ocorrendo”, sustenta o juiz Jaime Souza Pinto Sampaio na decisão.
A decisão aponta que entre os seis pacientes, um está aguardando a cirurgia há mais de vinte dias. “Os traumas ortopédicos podem a vir a ser tornar irreversíveis ou de difícil reparação se houver calcificação no local.”
Esta é a segunda vez que a Justiça determina, em um mês, ao HU, a realização de cirurgias em pacientes que aguardam nos corredores do hospital.
Com menos recursos, HU atende mais que outros
José Carlos Amador diz que 94% de todos os pacientes com problemas ortopédicos de Maringá e região não precisam passar por cirurgias, os quais são atendidos no HU. Os outros 6%, que precisam passar por cirurgia, são divididos entre quatro hospitais. “Mas nós, que recebemos menos recursos, temos menos sala cirúrgica e menos aparelhagem, atendemos um terço desse contingente”, explica.
Segundo Amador, há mais de um mês a direção está tentando, junto a Central de Leitos, transferir os pacientes para outros hospitais, mas não consegue.
http://www.hnews.com.br/2011/06/%E2%80%98se-quiserem-podem-fechar-o-hu%E2%80%99-diz-superintendente/