"O HUM tem responsabilidade e o caso deve ser apurado. Na segunda-feira marcaremos uma reunião com o reitor da UEM [Universidade Estadual de Maringá] para discutirmos a questão. A secretaria já enviou intimação em outras situações e precisamos tratar o assunto de forma mais enérgica. É preciso responsabilizar quem deu a ordem de não atender os pacientes", destacou o secretário municipal de Saúde, Jair Biato, sobre a recusa inicial do Hospital Universitário de Maringá (HUM) de atender pacientes acidentados, na noite de sexta-feira, 16.
Duas ambulâncias do Samu e duas do Siate, com quatro pacientes, ficaram paradas no HUM por mais de uma hora. Socorristas foram informados de que o hospital não receberia os pacientes por falta de um médico cirurgião plantonista.
"O atendimento só aconteceu depois de um contato com o superintendente do hospital, o doutor Vicente Kira", destacou o secretário, acrescentando que o prefeito Ulisses Maia e o coordenador do Samu, Maurício Lemos, também atuaram no caso.
Segundo Biato, a falta de um cirurgião plantonista não justica a recusa no atendimento, uma vez que outros cinco médicos estavam de plantão na noite de ontem (sexta-feira, 16). "Tinha um pediatra, ginecologista, médico emergencista, anestesista e médico intensivista, além de um cirurgião de sobreaviso. Eles deveriam fazer o atendimento inicial e, caso fosse necessária a cirurgia, convocar o cirurgião de sobreaviso."
O HUM é uma das portas de entrada para atendimento de urgência e emergência em Maringá e recebe valor mensal xo da Secretaria de Saúde e do Ministério da Saúde. É a quarta unidade em volume de atendimento. Cerca de 60% dos casos encaminhados pelo Samu e pelo Siate são atendidos pelas Unidades de Pronto Atendimento da Zona Norte e da Zona Sul. Na sequência vem o Santa Rita e depois o HUM. Além disso, a Santa Casa e o Hospital Metropolitano de Sarandi são referências.
"No início do mandato redividimos o fluxo e deixamos os casos de menor complexidade para o HUM. Antes, os casos de hemorragia digestiva iam só para o HU, passamos a enviar para o Zona Sul, assim como queimados que só iam para o HU agora vão para outros hospitais também. Precisamos dar definitivamente um ponto final a estas situações".
Outro lado
Em nota enviada à Redação de O Diário, o HU diz que enfrenta falta de reposição de servidores no hospital e isso levou "a equipe a solicitar que os pacientes da noite de ontem [sexta-feira, 16] fossem enviados para outras unidades hospitalares de Maringá, visto que não havia pessoal disponível para atender á demanda, especialmente médicos cirurgiões".
Segundo a UEM, "ultimamente o HUM tem resolvido seus problemas de pessoal contratando por meio de uma modalidade chamada credenciamento, visto que não há contratação por concurso público desde 2014 e muitos servidores se aposentaram, pediram exoneração ou morreram. O custo destas contratações credenciadas é financiado por recursos arrecadados pela própria Universidade. Isto é, a UEM está deixando de fazer investimentos em infraestrutura e equipamentos para financiar o pagamento de pessoal, o que é responsabilidade do governo do Estado".
A nota prossegue dizendo ainda que "o hospital e a UEM querem mostrar para a sociedade que o HUM não se recusa a fazer atendimentos" e que necessita repor seus quadros "porque a capacidade de trabalho está no limite".
A instituição destaca ainda que todos os pacientes da sexta-feira foram atendidos. "Ressaltamos que todos foram recebidos e tratados pelo superintendente, enquanto a equipe do Pronto Atendimento recebeu e cuidou de mais 180 pacientes durante a noite", prossegue a nota explicando que o atendimento foi realizado pelo superintendente do Hospital, Vicente Kira, que assumiu as atividades no Pronto Atendimento e atendeu aos pacientes que aguardavam. Nesta segunda-feira, 19, às 8 horas, na sala do Conselho Universitário, o reitor Júlio Damasceno concederá uma coletiva sobre o HU.
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