Entre a Comunicação e o Circo

Por Gabriela Pontes, com fotos de Isa Dantas

Paulo Negri Filho, professor no curso de Comunicação e Multimeios, é graduado em Publicidade e Propaganda na Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA), com especialização em Mídias Interativas na Unopar. É mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutor pela Unisinos, no Rio Grande do Sul.

Fora da sala de aula, Paulo passa horas pendurado em tecidos circenses. Em acrobacias aéreas, ele se desliga das preocupações do trabalho, pratica uma atividade física e, para ele, o principal: faz arte. Mesmo com inúmeras atribuições ligadas à docência, ele dedica horas da semana no aperfeiçoamento da prática circense.

Apesar de algumas lesões aqui e ali, o artista garante que isso não o desestimula. Simplesmente explica que “precisa aprender a conviver com a dor”. Já deu para perceber que ele realmente gosta da arte, não é?

O hobby já lhe rendeu episódios, no mínimo, engraçados (ou melhor, que são engraçados agora, depois que passaram), como quando ficou enroscado no tecido enquanto treinava sozinho. “Fiquei um bom tempo tentando me soltar, sem a ajuda de ninguém”. Demorou mas conseguiu.

[“A arte faz a gente ver a vida de um jeito diferente”]

Paulo sempre esteve envolvido com a galera das artes, curtindo o jeito que eles viviam. “A arte faz a gente ver a vida de um jeito diferente”, afirma, defendendo a ideia de que todos deveriam ter acesso a alguma modalidade de expressão artística.

O interesse começou quando ele tinha quinze anos e morava em Assis, no estado de São Paulo. Conheceu um grupo de dança de rua e se juntou a ele. Paulo percebeu que levava jeito para a coisa e inscreveu-se em oficinas de dança que aconteciam, anualmente, em Goiânia, com artistas de todo o país. No evento também haviam oficinas circenses que ele admirou muito. “Sempre gostei de circo, sempre achei bonito”, conta Paulo. O que poderia perder caso me inscrevesse na oficina? Nada! E não perdeu nada mesmo. Foi ali que ele encontrou-se com o tecido circense, que o seduziria para o resto de sua vida.

Na volta para Assis, Paulo estava ansioso para dar continuidade no que havia vivenciado em Goiânia. “Comprei um tecido, pendurei na igreja e comecei a treinar”. E, como diz o dito popular, “Deus ajuda quem cedo madruga”, com tantos treinos e esforços, Paulo se desenvolveu muito na arte. Aos 18 anos, tornou-se instrutor da modalidade em cursos que a igreja promovia. Com modéstia, Paulo diz que “não dava aula, mas tentava compartilhar o que tinha aprendido”.

Naquela época, o gosto por ensinar já fazia parte da personalidade dele. “Eu gostava de ver os outros crescendo. Para mim era uma satisfação”. E o que começou como brincadeira, virou coisa séria. Depois de muita dedicação, Paulo subiu aos palcos de diferentes teatros. No início foi com sua primeira turma de treino, em Assis, interior de São Paulo. O espetáculo EduMundo agitou a pequena cidade e reuniu, no Teatro Municipal, artistas da dança, da música, do teatro e, claro, do circo. Paulo admite que se sentiu um artista e complementa, com um sorriso maroto: “na verdade, sempre me achei meio artista”.

[“Dançar no Guaíra foi maravilhoso, uma experiência incrível”]

Já em Curitiba, ele fez parte da Téssera, Companhia de Dança Moderna da UFPR, com a qual participou de três espetáculos anuais. Mas talvez o ápice de suas apresentações foi na Companhia Elaine Fexer, uma das melhores do Brasil, no Teatro Guaíra, em Curitiba. “Dançar no Guaíra foi maravilhoso, uma experiência incrível”, lembra.

Agora, Paulo considera a prática mais como arte, “o exercício físico é apenas uma consequência”, comenta. E, de fato, é uma baita atividade física. Na modalidade, o artista precisa levantar o peso do seu próprio corpo ora com o braço, ora com a perna ou mesmo com o abdômen.

 

A arte do tecido precisou ficar em stand by durante a graduação e pós graduação.

Quando veio para Maringá, seu corpo pedia uma atividade física. Fez algumas tentativas de treinar musculação e só teve mais certeza de que não é a sua praia. “Eu faço dois ou três meses e logo desisto”. Foi então que procurou academias de dança, já que não encontrava tecido circense na cidade. Começou dança contemporânea e há quase três anos descobriu que Maringá tinha, sim, o tecido circense que tanto gostava. Na Cidade Canção, ele participou de duas apresentações com o circo.

Se questionado sobre os planos para o futuro, no que diz respeito à arte do circo, Paulo é rápido para responder que pretende aumentar o tempo de treino. “Faço três aulas por semana, queria fazer cinco”, responde empolgado. Além do tecido, ele planeja treinar sua flexibilidade com aulas específicas para isso, característica essencial para conseguir poses mais bonitas no tecido.

[“Sou publicitário, ministrei aulas no curso de Publicidade e Propaganda por muitos anos, fui coordenador na graduação e hoje me vejo muito mais em Multimeios do que na Publicidade”]

Sobre a UEM, o professor se imagina aqui por mais muito tempo, enfatiza o apreço que tem pelo curso de Comunicação e Multimeios e defende que resume tudo que a comunicação precisa na atualidade. “Sou publicitário, ministrei aulas no curso de Publicidade e Propaganda por muitos anos, fui coordenador na graduação e hoje me vejo muito mais em Multimeios do que na Publicidade”.