Fora da biblioteca, a paixão pelas bijuterias

Por Fernanda Fukushima, com fotos da ASC

“Eu sempre tive um lado B”, é assim que Regiani Aparecida Vitoretti, 47, formada em Letras, pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), e pedagogia, pela Faculdade Instituto Superior de Educação do Paraná (Fainesp), com especialização e mestrado em educação, começa contando um pouco da história dela.

[“Eu sempre tive um lado B”]

A servidora começou a carreira como auxiliar de biblioteca na Biblioteca Central (BCE), em 1991. De lá para cá, foram 27 anos de UEM e três setores: BCE, Biblioteca Setorial do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) e na secretaria da diretoria administrativa, onde está até hoje.

Depois de quatro anos trabalhando na BCE, Regiani foi transferida para a Biblioteca Setorial do HUM, que, naquela época, estava sendo implementada no Hospital. Foi assim que Regiani viu o HUM crescer. Ela me conta que aprendeu muito, tanto em relação ao trabalho, como também nas relações humanas.

Em 2014, a servidora mudou de setor novamente. Ela passou a integrar a equipe da secretaria da Diretoria Administrativa do hospital e, quatro anos depois, continua no mesmo cargo. A rotina mudou consideravelmente, Regiani teve que estabelecer novas relações e aprender diversas atividades, bem diferentes, já que abrangem diversas demandas dos setores do HUM. “Foi um desafio, mas eu abracei com muita dedicação”, conta a servidora.

[“Mesmo com a rotina corrida -  do trabalho, mãe, esposa e dona de casa - eu encontro um tempo, mesmo que pequeno, mesmo que seja meia hora para me dedicar aos meus trabalhos manuais. É um dos meus momentos de satisfação. Meu momento de me desligar”]

O lado B de Regiani sempre foi uma constante. Cerca de dois anos atrás, deixou a docência para se dedicar a uma antiga paixão: o artesanato. “Mesmo com a rotina corrida -  do trabalho, mãe, esposa e dona de casa - eu encontro um tempo, mesmo que pequeno, mesmo que seja meia hora para me dedicar aos meus trabalhos manuais. É um dos meus momentos de satisfação. Meu momento de me desligar”.

As inspirações para a produção das bijuterias vêm de absolutamente tudo. “Eu olho tudo e, se vejo um aspecto que é possível utilizar no meu artesanato, eu uso”, explica a servidora. “Me inspiro, principalmente, nas pessoas e na natureza. Inclusive, quero começar uma linha de peças sustentáveis”, fala Regiani enquanto seus olhos brilham. “Eu estou começando, eu faço o que é possível com os recursos disponíveis”.

A artista conta que seu processo criativo é livre, não se prende a nada. No momento que está produzindo, ela se deixa fluir. No entanto, encontra algumas dificuldades em relação aos materiais que são necessários para a confecção das peças. “Meus fornecedores são da cidade e também da internet, mas nem sempre consigo encontrar o que quero, aí entra a criatividade”.

Miçangas, resinas, couro, pedras naturais e metais. É, em sua maioria, disso que as peças de Regiani são feitas. Pela versatilidade, as miçangas são as preferidas da artesã. Ela, muito orgulhosa, conta que, aos 75 anos, o pai a ajuda na confecção de algumas peças. “Seu João é muito detalhista”, conta ela sorrindo, “sua ajuda é muito significativa para mim”, completa.

[“Acredito que minha marca é a criatividade e a energia que eu coloco em meus produtos. Toda a minha alegria de estar produzindo e de dedicar uma pequena parte do meu dia a uma de minhas paixões”]

“Acredito que minha marca é a criatividade e a energia que eu coloco em meus produtos. Toda a minha alegria de estar produzindo e de dedicar uma pequena parte do meu dia a uma de minhas paixões”, diz Regiani. Ela vende suas peças por meio de contatos, mas também em feiras e bazares.

“Esse lado B é um processo que, aos poucos, está ganhando espaço. Quando eu me aposentar espero que esse lado se transforme em lado A”, conclui a secretária, professora, artesã. A moça com vários lados B.