Por Gabriela Pontes, acadêmica do 3º ano de Comunicação e Multimeios

Uma foto bonita da Internet rende inspiração para 30 ou 40 horas de empenho até finalizar um desenho. Assim conta o servidor Paulo Roberto de Oliveira, 48 anos, dono de um talento nato para a arte de desenho. Embora, sem falsa modéstia, ele diga que é mais dedicação do que propriamente um dom. 

Paulo começou a trabalhar na UEM nos tempos em que o computador ainda tinha aquela tela verde e as máquinas de datilografia eram um dos principais instrumentos de trabalho. Iniciou a carreira em 1995, à época no Departamento de Direito Público. Passou pela Assessoria de Planejamento e agora é encarregado da Coordenadoria de Apoio à Educação Básica (CAE).

Sua história com os desenhos é curiosa e teve início nos primeiros anos de escola. Tudo culpa de uma caligrafia que era, digamos, “desprovida de beleza”. Depois de tantos comentários a respeito do assunto, ele resolveu dar um jeito no garrancho e passou a treinar a escrita e, também, os desenhos. O esforço foi recompensado na quinta série, quando Paulo ficou em primeiro lugar em um concurso de desenhos da sala.

E aquele menino que começou a desenhar no papel sulfite, com o lápis comum, hoje produz seus trabalhos em papel especial e usa grafite alemão, que é aparado com um apontador de manivela. Pois é, a brincadeira ficou mais séria.

A mãe foi a grande incentivadora de tudo isso. A Dona Neide já tinha um apreço pela “arte de rabiscar”, conta nosso entrevistado, e de vez em quando traçava suas próprias artes abstratas. Seu estímulo foi o empurrãozinho que faltava para Paulo deslanchar na realização do desejo, até então tímido, de desenhar!

Ele relembra que aos 13 anos, quando começou a trabalhar, gastava boa parte do salário com revistinhas de tutoriais básicos de desenho. Assim que chegava uma nova edição na banca, Paulo não demorava muito para acrescentá-la a sua coleção. Aquelas publicações foram suficientes para fazer dele um desenhista autodidata.

[“Quando percebo, passaram quatro horas”.]

Paulo conta que na hora de conceber um desenho, “é todo um ritual”. O protocolo começa quando entra no quarto dos fundos de casa, fecha a porta e liga o som. Ao ritmo de Nirvana ou Linkin Park, ele se concentra para passar para o papel o talento que desenvolveu. “Quando percebo, passaram quatro horas”.

Alguns desenhos demoram mais de seis meses para serem finalizados, por esse motivo, Paulo costuma fazer duas ou três obras ao mesmo tempo, “para não enjoar”, explica.

As inspirações geralmente vêm da internet. “Quando olhei a foto, não resisti, tive que desenhar”, conta quando mostra uma de suas gravuras. A partir dessas ideias aleatórias, surgem desenhos de pessoas da família, personagens de programas infantis ou jogadores de futebol. Depois de finalizadas, as ilustrações vão para as redes sociais do Paulo, que ganha muitas curtidas com as peças. “O pessoal gosta bastante”, comenta.

[“Olhei a foto e não resisti, tive que desenhar”.]

Ainda que não tenha ideia de quantos desenhos já fez, o objetivo do Paulo é continuar se aperfeiçoando e produzir muito mais. A meta é atingir técnicas realistas que façam o apreciador duvidar se é realmente um desenho ou uma fotografia. “Estou treinando para isso”. Quem ninguém duvide disso, pois força de vontade não falta para esse artista do grafite.