Cipriano José de Azevedo Freire é um aventureiro nato. Fanático voo livre ele tem outros esportes radicais na mira

Nascido na Paraíba, Cipriano mudou-se para Maringá em 1989 para iniciar a carreira aqui na Universidade. Ele já havia feito um curso técnico em estradas, o que calhou com a necessidade da disciplina de Mecânica dos Solos do curso de Engenharia Civil. Desde então, há 30 anos, Cipriano auxilia nas aulas práticas do laboratório, fazendo demonstrações dos ensaios e orientando trabalhos de iniciação científica e de conclusão do curso.

Mas Cipriano não é só especialista em solos. Foi em pleno ar que esse paraibano de João Pessoa encontrou o seu lugar de refúgio. A paixão pelas alturas lhe rendeu o recorde paranaense de altitude em voo livre.

A façanha se deu no dia 12 de outubro deste ano, quando ele decolou de parapente de Terra Rica (PR), atingiu uma altura de 3.495 metros e pousou próximo a Cianorte (PR), numa trajetória de 94 km de distância e quase três horas de duração. “Foi um voo incrível! Tive a visão do paraíso!”, emociona-se.

A aventura começou há dois anos quando Cipriano (ou Siriema, como é conhecido entre os colegas) decidiu investir no sonho de voar de parapente. Ele conta que ficou economizando dinheiro até conseguir comprar o equipamento necessário, que custa em torno de 20 mil reais. A partir daí foi procurar instrutores, pessoas que praticavam o esporte e os melhores lugares para treinar.

A primeira experiência foi meio frustrante. Ele estava de férias em João Pessoa quando conheceu um grupo que fazia o voo livre e foi convidado a treinar com eles. O paraibano relata que as primeiras infladas não deram em nada. Acabou voltando para o Paraná sem ter feito nenhum voo.

Depois de um tempo, com a ajuda de amigos, Cipriano fez sua estreia nas alturas. Ele conta que a emoção foi tão grande que congelou e não conseguiu pousar, caindo todo embolado no parapente. “Foi um susto”.

Disciplinado ele procura se aperfeiçoar no esporte cada vez mais. Por isso pratica todos os fins de semana, férias e feriados. A técnica tem seus segredos, segundo ele. O voo livre é conduzido pelas térmicas, que são bolhas de ar quente que se formam e desprendem do solo por meio do vento, gerando nuvens. A atenção para as térmicas são essenciais para que o piloto se mantenha no voo, pois eles vão derivando junto com as térmicas, pulando de uma em uma. “O urubu é o melhor amigo do piloto, pois se a gente avista um pássaro desses rodando é porque ali tem uma térmica”, comenta Cipriano.

Recorde Paranaense

Vídeo Youtube

No dia em que quebrou o recorde paranaense de altitude em vôo livre Cipriano  também entubou pela primeira vez (entubar é quando o piloto passa por dentro da nuvem). Ele relata que estava perdendo altitude quando entrou debaixo de uma nuvem para encontrar a térmica e foi puxado para dentro. “Foi alucinante e surreal ver aquela paisagem”, diz.

Cipriano disse que quando pousou, depois de percorrer quase 94 km de distância, os  amigos viram as informações  no aplicativo e falaram do recorde.

“O parapente deu outro sentido na minha vida”, diz o paraibano. Ele afirma que quando se desconecta da terra entra em outro plano, em um estado de paz muito grande. Cipriano ainda brinca voar o deixa mais calmo, à medida que se refugia dos problemas cotidianos.

Em seus projetos para o futuro, além de se aventurar na canoagem, ele pretende criar um canal no Youtube, gravando sobre as rampas de voo do Paraná, e os pontos turísticos por onde passa.

 

Texto e Fotos: Natalia Luvizeto

Vídeo: Arquivo pessoal