O bom relacionamento com os colegas pode contribuir para a manutenção da saúde psíquica

Por Gabriela Pontes Neves

Aproximadamente 121 milhões de pessoas têm depressão no mundo, segundo dados de 2018, da Organização Mundial de Saúde (OMS). A doença é grave e, em casos extremos, pode levar ao suicídio.

Para a professora Lúcia Cecília Silva, do Departamento de Psicologia, a doença denuncia que nossa forma de organizar a vida e as nossas convivências não estão satisfatórias. Para ela é importante repensar nossas relações e a maneira como lidamos com os outros.

Falando a respeito do ambiente de trabalho, ela afirma que um bom relacionamento com os colegas é um fator importante para a manutenção da saúde mental. Na contramão, encontram-se ambientes em que a competição entre os pares é acirrada e pouco humanizada.

[“Na rotina de trabalho, às vezes, é natural entrar em um ritmo acelerado. Mas um ritmo descabido não nos dá tempo de processar as informações e nem os sentimentos. Rouba-nos o tempo de fomentar o convívio”]

“Na rotina de trabalho, às vezes, é natural entrar em um ritmo acelerado. Mas um ritmo descabido não nos dá tempo de processar as informações e nem os sentimentos. Rouba-nos o tempo de fomentar o convívio”, destaca a professora. “Estamos ficando muito sós”, lamenta ela.

[Estamos ficando muito sós”]

Uma coisa é certa, sempre enfrentaremos conflitos e contradições, mas há formas de driblar as dificuldades e resgatar a boa saúde mental. Lúcia aponta que pessoas em alto sofrimento psíquico tendem a ter uma percepção restrita acerca do próprio sofrimento, com tendência à inércia, isolamento e dificuldade de procurar ajuda.

Muitas vezes, quem se encontra neste estado de sofrimento pode encontrar saída a partir da sensibilidade colega de trabalho, que foi capaz de identificar a dificuldade do outro e  expressar a real preocupação com seu estado. Estabelecido um canal de diálogo, é importante alertar quem sofre de depressão sobre a importância de um acompanhamento com especialistas e oferecer algo prático, como marcar a consulta, se ela aceitar.

Lúcia ainda ressalta que não se deve desqualificar o sofrimento mental e emocional de alguém, dizendo que “é só uma fase” ou que “não é nada”. O sofrimento merece ser olhado e acompanhado.

 

Como posso identificar alguém com sintomas de depressão ou ação suicida?

É importante observar o outro, estar atento a possíveis comportamentos atípicos, como retraimento, agressividade, isolamento social, transtornos mentais e dificuldade de relacionamento.

Geralmente, pessoas que estão em intenso sofrimento psíquico soltam falas que podem servir de alerta. “Não sirvo para nada nessa vida”. “Não aguento mais”. “Vocês estariam melhor sem mim”. “Vou dar um jeito nisso”. Todas estas expressões indicam a urgência de olhar com mais atenção e respeito para esses sujeitos.