30 Anos do HUM – uma história feita por gente

Por Ana Paula Machado Velho

A história do Hospital Universitário está claramente ligada às atividades da UEM. O HUM, hoje conhecido como Hospital Universitário Regional de Maringá, surgiu por causa da criação dos cursos de Medicina e Odontologia. Para ensinar, era preciso proporcionar aos alunos a prática e, por causa disso, era fundamental a implementação de um hospital-escola. Neste trajeto, o que se pode destacar é a atuação de muitas pessoas. Esta reportagem tem como objetivo lembrar algumas delas e, com isso, homenagear as outras que proporcionaram, anônimas,  a estrutura humana necessária para as atividades de ensino, pesquisa e extensão do HUM.

Um nome que está marcado na história do Hospital é de Said Ferreira. O médico e empresário da saúde foi eleito prefeito de Maringá e ofereceu ao então reitor da UEM, Fernando de Souza, ajuda para a construção de um Pronto-Socorro, que seria “o embrião do futuro Hospital Universitário Regional de Maringá”, segundo o médico e professor Paulo Roberto Donadio, que participou da elaboração dos projetos do curso de Medicina e do HUM.

Estrutura

Em meados da década de 1980, os atendimentos de urgência e emergência eram feitos cada noite por um hospital de Maringá, que ficava de plantão e, quando havia necessidade de internar, isso era feito na própria Unidade. Said Ferreira propôs que isso fosse unificado em um hospital público e patrocinou essa primeira unidade de saúde pública com as primeiras enfermarias, que é a área onde, hoje, funciona o Ambulatório de Especialidades do HUM. “Surgia, então, um hospital de pequeno porte, o embrião do Hospital Universitário”, disse Donadio.

[O HUM foi inaugurado em 28 de outubro de 1988. Porém, as atividades só começaram, efetivamente, no dia 20 de janeiro de 1989 [...] O município de Maringá cedeu enfermeiros e técnicos de enfermagem e o corpo médico era constituído pelos médicos e clínicos dos diferentes hospitais particulares da cidade]

O HUM foi inaugurado em 28 de outubro de 1988. Porém, as atividades só começaram, efetivamente, no dia 20 de janeiro de 1989, porque o Estado ainda não tinha permitido a contratação de pessoas. A solução foi transportar a estrutura que funcionava na Secretaria de Saúde para as novas instalações. O município de Maringá cedeu enfermeiros e técnicos de enfermagem e o corpo médico era constituído pelos médicos e clínicos dos diferentes hospitais particulares da cidade, no mesmo esquema de rodízio que era feito na Secretaria de Saúde. Só no final de 1989 o Governo autorizou a contratação de funcionários, por meio de concurso, e foram contratados profissionais da área da Medicina, Enfermagem, laboratórios, limpeza, entre outros.

Gente

Maria do Rosário Martins é uma das funcionárias que chegaram antes mesmo do concurso público. A enfermeira disse que “é muito gratificante fazer parte da história do HUM desde o comecinho, evoluímos muito e conquistamos muitas coisas. Eu choro de emoção, de lembrar como era e de como estamos agora, de tudo o que eu fiz parte”.

Franna Vicente Gomes, há 27 anos no HUM, destaca que a tecnologia mudou bastante, assim como a estrutura do Hospital. Hoje, a atuação de assistência da equipe, que tem como foco a multidisciplinaridade, forma profissionais de qualidade e proporciona “novos conhecimentos que são empregados de uma forma positiva para os pacientes do hospital”.

As servidoras antigas do HUM lembram que, logo, a história do Hospital começa a ganhar a participação dos alunos de Enfermagem, que já desenvolviam estágio nos hospitais privados do município. Depois vieram os estudantes da Farmácia, Psicologia e os outros cursos da área da saúde. Em 1993, chegam os alunos de Medicina do 5º ano para começarem o período de internato, ou seja, a formação prática hospitalar. Estava formada a grande comunidade do HUM: pessoas que assistem, ensinam e estudam.

[Estava formada a grande comunidade do HUM: pessoas que assistem, ensinam e estudam.]

Segundo Donadio, essa comunidade foi importante para a ampliação do HUM. Em janeiro de 1996, por exemplo, alguns alunos de Medicina, em especial Emerson Carinici e a Kétlen Cruz, muito ativos no ponto de vista de política estudantil, trouxeram à Maringá o Congresso Brasileiro de Estudantes de Medicina. Mais de três mil alunos participaram e, para abrir o Congresso, convidaram o ministro da Saúde, professor Adib Jatene.

“Aí, nós tivemos uma audiência com ele, na Câmara Municipal, onde apresentamos o projeto do hospital. Ele viu aquilo com bons olhos e pediu que levássemos até Brasília. Eu, que era superintendente do HUM, na época, fui lá pedir os recursos para o Hospital. Como havia no Brasil inteiro uma pressão muito grande para aumentar a assistência de emergência e urgência, o Ministério foi liberando aos poucos os recursos e conseguimos nos expandir em estrutura física”, conta Donadio.

Desafios

Após três décadas, o Hospital atende mais de 30 municípios. Mas, é claro, ainda enfrenta dificuldades. “Os principais desafios são a estrutura física e recursos humanos . É preciso repor os quadros de funcionários, em todas as áreas, porque muitos servidores se aposentaram e não foram substituídos”, ressaltou o superintendente pró-tempore do HUM, Vicente Kira.

O vice-reitor da UEM, Ricardo Dias, chamou atenção para a gravidade do problema. “A não realização de concursos e a não contratação de quem foi aprovado está chegando a um limite que pode comprometer, não a qualidade do atendimento da nossa equipe, que é altamente capacitada e responsável, mas o número de pacientes que poderemos dar assistência”.

[“Queremos garantir o crescimento do HUM para ampliar o atendimento público de qualidade. Ao mesmo tempo, dar condições para que o Hospital se mantenha como um espaço de formação de bons profissionais e de desenvolvimento de pesquisas que possam encontrar novos tratamentos e protocolos que beneficiem toda a população”]

Outra questão primordial é equipar e colocar em funcionamento a Nova Ala do HUM. O bloco, em fase de finalização, vai disponibilizar 100 leitos ao Hospital. “Queremos garantir o crescimento do HUM para ampliar o atendimento público de qualidade. Ao mesmo tempo, dar condições para que o Hospital se mantenha como um espaço de formação de bons profissionais e de desenvolvimento de pesquisas que possam encontrar novos tratamentos e protocolos que beneficiem toda a população”, diz o reitor, Julio Damasceno.