O Câmpus Regional de Goioerê (CRG) completou 28 anos desde a inauguração. Mas o projeto de implantação em si vem muito antes, ainda no fim da década de 1980. A comunidade se uniu em torno do sonho universitário, um clamor para que  os jovens não precisassem se deslocar para outros centros, como Campo Mourão e Umuarama, para fazer a graduação. Na época, diversas lideranças locais e regionais levantaram a bandeira do câmpus da UEM em Goioerê.

Na concepção dos cursos, a necessidade de atender a demanda regional foi um grande desafio. A proposta foi trazer os cursos de Engenharia Têxtil e Licenciatura Plena em Ciências para Goioerê.

Na época a cidade se destacava  no cenário nacional como maior produtor de algodão do país e também pela instalação de diversas empresas de confecções, fiação  de algodão e malharias que fortaleciam o setor têxtil no município.

A instalação da graduação em Engenharia Têxtil foi um grande desafio, pois, havia apenas um curso no país, oferecido em São Bernardo do Campo, cidade que integra o chamado ABC, nos arredores da capital paulista. O curso, que era ministrado pela  FEI (Fundação Educacional Inaciana), serviu de parâmetro para o projeto pedagógico a ser implementado em Goioerê.

Paulo Freire

Já a Licenciatura em Ciências atendia a demanda da educação na região por meio da formação de professores na área, sendo também o primeiro curso do ramo no Brasil e cujo projeto pedagógico foi acompanhado pelo educador Paulo Freire.

Em 1992, as duas graduações tinham início e Paulo Freire foi convidado para a aula magna, que foi ministrada na Câmara Municipal de Goioerê com a presença de profissionais da educação, autoridades locais e alunos universitários de diversos cursos.

Os primeiros anos foram difíceis por falta de infraestrutura e também de professores específicos da área, principalmente do setor têxtil. Na época era comum os professores se deslocarem, semanalmente, de São Paulo a Goioerê para ministrar as aulas.


1ª Turma de Licenciatura Plena em Ciências (1992)

Um dos alunos da primeira turma de Engenharia Têxtil, José Celso de Oliveira, diz que conheceu bem estes desafios e sabe o quanto era difícil não poder contar com a presença de professores e coordenadores  no dia a dia do câmpus.

Oliveira se formou em Engenharia Têxtil e seguiu para o mercado de trabalho em São Paulo e Santa Catarina.  Em 2001 retornou ao Câmpus Regional de Goioerê  como docente do Departamento de Engenharia Têxtil. Hoje, com o título de mestre e doutor na área de Engenharia Química, ele é coordenador do curso de Engenharia de Produção. 


José Celso Oliveira Santos: prata da casa

Contratação de servidores

Outro desafio do CRG foi a contratação de servidores. No começo ficava a cargo da prefeitura da cidade manter o quadro de funcionários. Somente em 1996 começaram a chegar os primeiros servidores do quadro técnico e operacional, o que  deu início à consolidação efetiva do câmpus.

O atual diretor do CRG, Gilson dos Santos Croscato, também é “prata da casa”. Ele igressou na terceira turma de Engenharia Têxtil e pode acompanhar de perto todo o desenvolvimento e dificuldades iniciais enfrentadas. Ele destaca que a criatividade e competência dos professores foram importantes para a consolidação do câmpus. “Estávamos bem alicerçados com um corpo docente muito bem qualificado e isso foi essencial para a construção do que temos hoje”, comenta Croscato.

Ele atuou ainda como Técnico de Laboratório de 1997 à 2001, quando se afastou da Universidade e foi exercer a carreira como engenheiro têxtil no setor privado  em Maringá. Nunca se desligou da Universidade e  diz ainda, “ a UEM pra mim foi muito importante, vindo de uma família humilde com 5 irmãos, foi uma ruptura de ciclo e divisor de águas”. Ele destaca também que todos os seus  irmãos passaram pelo CRG e ressalta que a UEM mudou suas vidas.

Em 2009, Croscato voltou a Goioerê como docente, se capacitou com mestrado e doutorado na Engenharia Química na própria  UEM e em 2014 foi convidado a assumir a direção do câmpus cargo que ocupa até hoje.  “O trabalho que desenvolvo é uma forma de retribuir à sociedade a oportunidade que tive  e dar a chance a  outros jovens  para realizarem o sonhe de estudar na UEM”, diz o diretor.

Desenvolvimento regional

Hoje, o Câmpus Regional de Goioerê é um importante instrumento para o  desenvolvimento regional. Com oferta de quatro cursos de graduação (Engenharia Têxtil, Ciências Naturais, Física e Engenharia de Produção), no CRG também é ofertado o curso de Mestrado Profissional em  Ciências Ambientais.

A infraestrutura local melhorou muito nos últimos anos, após as obras de pavimentação asfáltica, instalação de novos laboratórios, climatização de vários ambientes e a chegada de equipamentos para pesquisas avançadas.

“O CRG está preparado para novos desafios, sabemos de sua importância  para o desenvolvimento estratégico de Goioerê e região e contamos com  a sociedade para apoiar os projetos da Universidade”, afirma o diretor do câmpus