Os primeiros passos do Teatro Universitário de Maringá (TUM) foram dados bem antes de ele ser criado, ainda com um grupo experimental de teatro conduzido por Valter Pedrosa. Embora não haja registros das atividades exercidas na época, sabe-se da existência do grupo, que ficou sem atividade por dois anos, quando Pedrosa se desligou da UEM, em 1985.

A chegada do professor Eduardo Montagnari e mais uma série de acontecimentos convergiram para reativar o teatro dentro da Universidade. Formado em Ciências Sociais pela Unesp, Montagnari veio para a UEM, como professor do Departamento de Ciências Sociais, exatamente em 1985. No ano seguinte houve eleições para a Reitoria e Montagnari foi escolhido para assumir a Diretoria de Promoção e Difusão Cultural da Universidade.

Por ter uma relação estreita com a música e as artes cênicas e percebendo a inexistência de equipamentos culturais e carência de um espaço adequado para os cursos livres, o professor tratou de resolver esta lacuna. “Com meu jeito meio tinhoso consegui o espaço”, lembra ele.

Luthero de Almeida e Pedro Ochoa  também foram dois nomes importantes na trajetória do teatro na UEM. Luthero era recém-contratado para a coordenação do grupo de teatro e trouxe para trabalhar com ele o amigo Pedro. De início, a vinda de Ochoa era apenas para fazer análise e interpretação de texto com os alunos no ano de 1987, mas mal sabia ele que era o começo de uma nova fase em sua vida.

Antes de trabalhar com música e teatro, ele cursava Engenharia Agrícola na Unioeste de Cascavel. Foi em um show-protesto da faculdade que ele tocou e cantou pela primeira vez em público. O grupo de teatro da faculdade percebeu seu talento e o chamou para fazer parte da equipe. O artista percebeu que fazer engenharia já não fazia muito sentido, por isso foi para Curitiba com Luthero para trabalhar com teatro no grupo “Funcionários da Arte”.

Com tudo pronto, no dia 14 de dezembro de 1987, o TUM fez sua estreia com a peça “A exceção e a regra”. O grupo nascia junto com a Oficina de Teatro, o espaço reivindicado por Montagnari.

Na época, os bancos do teatro eram de madeira, até que, em 1988, houve uma doação de poltronas de um cinema na cidade de Jesuítas, que foram reformadas pela marcenaria da UEM. Assim como as poltronas, a estrutura da Oficina de Teatro permanece quase a mesma desde então.

Com inúmeros trabalhos e mais de 50 prêmios acumulados com participações em festivais e eventos, o TUM nunca parou de fazer montagens, sempre com o foco de pesquisa e estudos no Teatro Épico. Outro fator de destaque é o número de projetos criados, como o “Chocadeira”, que permitia aos alunos a utilização do teatro para criar peças e em troca os mesmos devolviam uma semana de apresentações gratuitas para a Temporada Universitária da UEM. “Médicos da Graça” e “Tem quinta que tem” são outros projetos que também marcaram a história do teatro.

Aberto para a participação da comunidade, o TUM era considerado apenas como Projeto de Extensão para os alunos. Percebeu-se então a necessidade de criar um curso de artes cênicas para ampliar os estudos na área. Pedro Ochoa, que já era responsável pelo teatro por alguns anos, foi convidado a ajudar no planejamento pedagógico do curso, que seria implantado em 2011. Atualmente, Pedro Ochoa é coordenador do TUM e professor do curso de Cênicas.

Espaço de livre expressão, reflexão e conhecida por peças políticas, o TUM faz parte da história de Maringá, o grupo idealizador se apresentou nas inaugurações dos teatros Barracão e Reviver, o que faz Eduardo Montagnari se orgulhar de toda trajetória.

Texto: Natália Luvizeto
Fotos: Natália Luvizeto e Matheus Hernandes