A obra realizada a partir do acervo do artista paranaense João Turin foi encomendada pela equipe do NAPI Paraná Faz Ciência
Um dos mais importantes cientistas brasileiros faria 100 anos, em 11 de julho de 2024, se ainda estivesse entre nós. Para lembrar de Cesare Mansueto Giulio Lattes da maneira como ele merece, o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Paraná Faz Ciência encomendou um baixo-relevo, que ficou pronto, na última segunda-feira, 1º de julho, e foi entregue pela equipe de gestores do acervo de João Turin, artista que realizou a obra em 1948.
O cientista da área da Física, que ficou mais conhecido como César Lattes, é paranaense, filho de imigrantes italianos. Seu feito foi descobrir a existência da partícula méson pi, em 1946. Esta é uma partícula subatômica que permite a interação nuclear e a movimentação de prótons e nêutrons no núcleo das células. Sem o méson pi, nenhuma matéria pode existir.
Este experimento ganhou o Nobel de Física, em 1950. Porém, quem ficou com o prêmio não foi Lattes, mas seu chefe, o estadunidense Cecil Powell.
No Brasil, Lattes foi fundador de duas instituições voltadas à pesquisa científica: o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o nosso CNPq. O sistema utilizado para cadastrar os currículos de cientistas, pesquisadores e estudantes brasileiros se chama “Plataforma Lattes”. Uma homenagem do CNPq ao físico mais famoso do País.
Centenário - A história da confecção do baixo-relevo (forma escultórica em superfície plana) para marcar o centenário de Lattes começou com uma provocação do professor Ildeu Moreira, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Ele entrou em contato com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), dizendo que seria interessante fazer uma homenagem a Lattes.
Moreira ainda pesquisou e encontrou jornais antigos que mostravam que César Lattes esteve em Curitiba - cidade em que nasceu - no ano de 1948, quando ele já era um cientista mundialmente consagrado. Uma matéria dizia que Lattes havia posado para João Turin, um importante escultor paranaense.
A partir dessa possibilidade, o grupo da UFPR, liderado pelo professor Rodrigo Reis, um dos articuladores do NAPI Paraná Faz Ciência, entrou em contato com o escritório responsável pelo acervo de obras de Turin. A equipe questionou se havia por lá alguma obra que parecesse com Lattes. E a resposta foi sim.
“O baixo-relevo estava no acervo de originais em gesso e, por isso, não era do conhecimento do público”, afirma Samuel Ferrari Lago, gestor do acervo artístico de João Turin. “Para nós, a justa homenagem ao centenário do renomado cientista, com uma obra assinada por Turin é motivo de alegria. É também a comprovação de que um acervo artístico consolidado há décadas continua vivo e atual", completa.
A iniciativa mobilizou o NAPI Paraná Faz Ciência junto com a Fundação Araucária e os gestores do acervo artístico de João Turin, resultando no baixo-relevo em bronze do físico brasileiro. “Além disso, propusemos a criação de um espaço denominado ‘César Lattes’, no planetário do Parque da Ciência Newton Freire Maia. Essa ideia ainda não foi fechada. Mas esperamos que, em breve, a placa seja instalada no Parque”, explica Reis.
A cerimônia de entrega da obra vai contar com integrantes dos projetos do NAPI Paraná Faz Ciência; representantes da Seti e da Fundação Araucária. Eles farão a doação oficial ao Parque Newton Freire Maia e à Secretaria de Educação do Paraná (SEED).
O presidente Ramiro Wahrhaftig e o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária receberam o baixo-relevo junto com o articulador do NAPI PRFC, Rodrigo Reis