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Núcleos do Paraná Mais Orgânico na Universidade realizaram um quarto das certificações do programa em 2023

O Paraná encerrou mais um ano no topo da lista de estados com mais produtores orgânicos do Brasil. São, ao todo, 3.911 agricultores certificados. Os dados do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) revelam a importância do programa Paraná Mais Orgânico (PMO), que tem na Universidade Estadual de Maringá (UEM) um de seus braços mais atuantes.

Criado em 2009, o PMO é coordenado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e conta com núcleos de certificação orgânica em nove câmpus de universidades estaduais e no Instituto Paranaense de Desenvolvimento Rural (IDR). A UEM participa com dois núcleos - um no Câmpus Sede, em Maringá, desde 2009, e um no Câmpus Regional de Umuarama (CAU), criado em julho de 2023.

Dos 727 produtores certificados no estado de janeiro a setembro do ano passado, 347 tiveram apoio do PMO. Destes, 91 foram orientados pelos núcleos da UEM, o que corresponde a 26% do total de certificações do programa. Considerando também as atividades de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), visitas técnicas, reuniões de articulação e outras ações de apoio, o PMO/UEM somou quase 1.200 pequenos produtores e agricultores familiares atendidos em 2023.

Em dezembro, por meio do Fundo Paraná, o governo estadual destinou duas picapes ao PMO/UEM para auxiliar o atendimento aos agricultores nas regiões de Maringá e Umuarama. Na ocasião, o coordenador institucional do PMO estadual e também do núcleo de Maringá, professor Ednaldo Michellon, lembrou que o trabalho do programa vai além da certificação orgânica. 

“O PMO tem tido um papel muito relevante para gerar novas certificações orgânicas, mas, muito mais que isso, gerar sinergia e puxar vários parceiros. O núcleo UEM tem feito um papel importante nessa região, pois tem conseguido articular os vários atores que produzem os orgânicos ou tem interesse nisso”, afirmou, lembrando que em 2016, por exemplo, o PMO/UEM contribuiu para a criação da Feira de Produtos Orgânicos de Maringá e Região (Feporg), que ocorre até hoje.

Michellon ressaltou ainda a relevância do PMO para a capacitação dos estudantes extensionistas. “Para a universidade, o programa tem um papel fundamental, que é formar novos quadros. O PMO da UEM tem formado alunos e profissionais muito bem treinados para trabalhar em outras empresas, em órgãos do governo ou mesmo em produções próprias”, destacou o professor do Departamento de Agronomia (DAG) e do Programa de Pós-Graduação em Economia (PCE) da UEM.

 

Além do certificado

Agricultor atendido pelo PMO/UEM, José Garcia Jodar tem uma propriedade rural no município de Nova Esperança-PR, onde cultiva morango, mamão, hortaliças e milho verde. Ele conheceu o programa em 2013, quando buscava uma certificação orgânica individual para sua produção. Hoje, todos seus cultivos são certificados. “O pessoal da UEM é bem prestativo para fazer esse meio de campo entre nós (agricultores) e a certificadora. Eles também trazem para nós as novidades que estão saindo, fazem a parte do plano de manejo para nós. Eles nos ajudam muito mesmo”, contou.

Graduado em Agronomia e mestre em Solos e Nutrição de Plantas pela UEM, Ivan Gabriel Ruiz Scarabeli produz tomate, tomate grape, pepino, abóbora e banana orgânicos em Mandaguaçu-PR. Após ser atendido pelo PMO, ele conseguiu ingressar no programa como bolsista graduado. Assim, passou a auxiliar outros agricultores familiares. “Eu vejo como uma maneira de retribuir todo o apoio que o PMO deu para mim e para a minha família. Muitos agricultores não têm o conhecimento técnico, e nós estamos aí para dar assistência e mostrar que é possível produzir orgânicos”, relatou.

Além de Scarabeli, o núcleo Maringá do PMO conta com o trabalho do bolsista de graduação Gustavo Aceti e dos bolsistas já graduados pela UEM Aarão Fabrício, Bruna Mayara, Lucas Mello e Natalia Fratta. Quatro professores do DAG também atuam como colaboradores.

Engenheiro agrônomo e mestre em Agroecologia pela UEM, Aarão Fabrício faz parte do programa há quase um ano. “Além de me possibilitar uma bolsa, o PMO contribui diretamente com a minha formação profissional, me dando suporte para desenvolver o trabalho com os agricultores. Somos constantemente instigados a buscar informações para poder auxiliar os produtores com mais qualidade”, afirmou.

No recém-criado núcleo de certificação em Umuarama, coordenado pelo professor do Departamento de Ciências Agronômicas (DCA) João Paulo Francisco, outros seis bolsistas atuam junto aos agricultores da região. Desde sua criação, em julho, o núcleo já orientou 17 produtores, que estão em processo de conversão para o modelo orgânico. Um dos objetivos do núcleo é fortalecer a agricultura familiar da região para que toda a alimentação escolar do Noroeste do Paraná passe a ser orgânica.

“Desenvolvemos esse trabalho por meio de palestras, atividades de extensão, eventos e oficinas. O importante é nos aproximarmos dos agricultores para mostrar que é possível produzir alimentos de qualidade sem a utilização de químicos”, afirmaram os bolsistas Camila de Lava, ⁠Danielle Thomaz, ⁠Gabriela Chierici, Maiara Kawana, Raiane Schwengber e Francisco Cedorak.

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Equipe do PMO/UEM participa de inspeção auditada em propriedade de agricultores atendidos pelo programa, em Xambrê-PR 

 

Alimentos orgânicos

O Mapa e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) são os órgãos regulamentadores dos produtos orgânicos no Brasil. Para que um produto seja considerado orgânico, ele deve passar por uma auditoria realizada por esses órgãos ou por uma certificadora credenciada a eles.

O selo de produto orgânico garante ao consumidor que todas as etapas de produção foram realizadas sem agrotóxicos e outros insumos químicos nocivos à saúde humana e ao meio ambiente. No caso do PMO, a unidade certificadora parceira é o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), vinculado à Seti. O Paraná Mais Orgânico também tem apoio da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), do IDR e do Fundo Paraná.

Agricultores interessados em participar do Paraná Mais Orgânico devem entrar em contato com o núcleo mais próximo do seu município. A lista de núcleos do programa, com endereços e telefones, pode ser consultada aqui.

Conforme Jodar, todos os pequenos produtores e agricultores familiares estão convidados a aderirem ao modelo orgânico. “É bom porque nós protegemos o meio ambiente, a água, o solo e o ar. É bom para quem consome e é bom para nós, produtores. Todo mundo ganha”.

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Produção de morangos orgânicos em estufa de José Garcia Jodar, agricultor atendido pelo PMO/UEM, em Nova Esperança-PR

 

Fotos: Divulgação/Arquivo pessoal