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Estão expostas 285 obras de várias mídias, origens e épocas, que vão desde o período anterior à colonização até o presente

O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), em colaboração com o museu norueguês Kode Bergen Art Museum, está realizando uma exposição coletiva intitulada Histórias Indígenas. No intuito de reunir perspectivas sobre as histórias indígenas de diferentes continentes como América do Sul, América do Norte, Oceania e Escandinávia, a mostra possui cerca de 285 obras que vão desde o período anterior à colonização europeia até o presente.

Entre os 170 artistas que participam da exposição, estão os professores Sheila Souza e Tadeu Kaingang, ambos docentes do curso de Artes Visuais, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Nomeada Barão de Antonina, a obra apresentada pela dupla é resultado de uma parceria com os artistas Luiz Ragprag, Joamilto Fosag e os indígenas Kaingang, da Terra Indígena Ivaí, situada no Paraná.

Além de atuarem na Associação Indigenista de Maringá (Assindi), os professores também fazem parte do Coletivo Kókir, que apresenta em suas criações questões relacionadas às culturas indígenas na contemporaneidade. Kókir significa “fome” na língua Kaingang.

Idealizada por Sheila e Tadeu e desenvolvida junto ao coletivo, a obra Barão de Antonina é um carrinho de mercado com trançado Kaingang, feito a partir de fitas sintéticas coloridas. A decisão quanto ao título do trabalho decorre do fato de que a palavra "Barão" evoca autoridade, poder e consumo, elementos que integram a essência poética do trabalho.

Convidados pelo programa MASP-Escola, os professores da UEM vão ministraram o curso on-line Arte Indígena na Contemporaneidade. O curso teve como objetivo promover reflexões sobre questões que envolvem ações, criações e espaços relacionados às culturas indígenas na atualidade.

O que é o coletivo

O Coletivo Kókir surge em 2016 com as exposições Sustento/Voracidade, realizadas simultaneamente na Galeria Farol Arte e Ação e no Museu Paranaense. Nessa exposição o Coletivo apresenta o “Barão”, seu primeiro carrinho de mercado, junto a uma série de objetos em forma de fruteiras. As fruteiras, tecidas por um grande grupo de artistas Kaingang possuem um recorte semelhante a uma mordida, propondo uma reflexão sobre a fome e confinamento dos povos indígenas em seus territórios demarcados a partir da colonização.

O Kókir tem uma forte ligação com a Associação Indigenista-Assindi-Maringá. Sheilla Souza é filha da fundadora da associação, Darcy Dias de Souza, falecida em 2022. Tadeu descobriu sua identidade Kaingang ao conhecer a Assindi, onde iniciou seu contato com os parentes e a pesquisa de mestrado e doutorado sobre a cestaria do povo Kaingang, que fica hospedado na Casa de passagem da entidade.

O coletivo levou na mala algumas cestarias Kaingang e cerâmicas com desenhos das constelações do povo Guarani, realizadas pelo Kókir em parceria com o grupo Guarani da Terra Indígena Pinhazinho. As peças foram incorporadas à loja do Masp, possibilitando a ampliação de fontes de renda para os grupos indígenas apoiados pela Assindi. 

O coletivo Kókir realiza atividades gratuitas e abertas à comunidade no projeto de extensão Arte e Cultura Indígena em Mariguã (UEM), que acontece semanalmente na associação. Entre as atividades efetuadas está o desenvolvimento do acervo da loja da Assindi com peças que retomam a prática do tingimento natural da cestaria e da cerâmica. Os interessados podem fazer contato pelo e-mail “kokir.coletivo@gmail.com” ou ir diretamente à Associação para fazer uma visita. A Assindi funciona de segunda à sexta em horário comercial. https://www.instagram.com/assindimaringa/