No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia
O dia 10 de setembro é oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a iniciativa acontece durante o ano todo e essa discussão se faz necessária. Atualmente, o “Setembro Amarelo” é a maior campanha anti estigma do mundo. Em 2023, o lema é “Se precisar, peça ajuda”. Todos devemos atuar ativamente na conscientização da importância da vida e ajudar na prevenção do suicídio, tema que ainda é visto como tabu. Daí a relevância de falar sobre, para que as pessoas que estejam passando por momentos difíceis e de crise busquem ajuda e entendam que viver sempre vai ser a melhor escolha.
Para o coordenador do programa de residência médica em psiquiatria da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Mauro Porcu, “a campanha começa no trabalho de prevenção antes do suicídio, quando a pessoa tem um contratempo e é necessário que ela busque ajuda, o que muitas vezes não ocorre, o problema inicialmente começa pequeno, a pessoa acha que não precisa e começa a enfrentar situações adversas, chegando a uma situação de estreitamento cognitivo, isto é que a pessoa não encontra mais soluções, então a única solução seria a morte, como uma maneira de evitar um sofrimento que ela não está mais conseguindo lidar”.
O suicídio é uma triste realidade que atinge o mundo todo e gera grandes prejuízos à sociedade. Conforme a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, foram registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios sub-notificados, pois com isso, estima-se mais de 1 milhão de casos. No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.
Segundo Porcu, “o ambulatório de psiquiatria da UEM já atendeu neste ano 1.849 pessoas. Pela população acadêmica da UEM é baixa, a demanda seria maior. Mudar a forma de pensamento das pessoas para enfrentar uma situação real, para que as elas que não estão bem, não comecem a criar imaginações negativas que vão dificultando a elaboração de estratégias adequadas para solucionar seus problemas. Mas às pessoas que nos procuram tem uma resolução do seu problema muito melhor. Então a nossa resolubilidade é boa quando a pessoa é motivada em buscar ajuda. É muito importante a pessoa aceitar. Na verdade, os que procuraram ficaram satisfeitos com a sua solução do problema”.
A ABP, apresentou dados que apontam que jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa de morte após acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal no país. Trata-se de um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades.
O coordenador do programa explicou essa situação, “quando se fala a palavra suicídio, ele é uma situação multifacetada, não há só um motivo. Inicialmente, quando você perde os valores vinculares familiares, você tem uma incidência maior de tendência, não que ele vai cometer o ato, mas quando os vínculos familiares são rompidos, o indivíduo não tem referencial mais materno e paterno, o pior é que os pais acham que ele perdeu o referencial tanto materno, quanto paterno, ele vai buscar no exterior. É fora de casa, fora do ambiente. Esse ambiente inicialmente é acolhedor para ele, mas ele vai ver que não será bem recebido, porque se ele não andar conforme a música do sistema, ele vai ser segregado e aí reforça a baixa-estima, reforça a capacidade, reforça a adequação”.
Porcu conclui, “se informar para aprender e ajudar o próximo é a melhor saída para lutar contra esse problema tão grave. É muito importante que as pessoas próximas saibam identificar que alguém está pensando em se matar e a auxilie, tendo uma escuta ativa e sem julgamentos, mostrar que está disponível para apoiar e demonstrar empatia, mas principalmente que essa pessoa procure um especialista, que vai saber como manejar a situação”.