MARVIN

Foram dois dias de discussões sobre temas que mobilizam a sociedade mundial regadas à cerveja e petiscos

Entre um gole e outro de chopp, destilados, ou até mesmo drinks deliciosos sem álcool, além de um saboroso petisco de boteco, os participantes do Pint of Science 2023 lotaram quatro bares de Maringá, entre terça e quarta-feira para discutir o conhecimento científico. Oito palestrantes e dezenas de curiosos debateram questões que mexem com a imaginação e a saúde da gente e do planeta. A programação do evento teve como lema "Um Brinde à Ciência". 

Em 2023, o evento ocorreu em 123 cidades do país. Uma delas foi Maringá, na Hórus Cervejaria Artesanal, os participantes ficaram abismados em saber sobre a transmissão de dados pela luz, a Light Fidelity, que promete uma internet 200 vezes mais rápida e sem interferências. O pessoal ficou boquiaberta quando ouviu sobre uma ferramenta de Reconhecimento de Emoções, ainda na fase no protótipo, em que será possível ao professor, em tempo real, saber como a turma está acompanhando o conteúdo. As duas novidades foram apresentadas por Bianca Moggio, Wuigor Bine e Tiago Madrigar, escalados pelo Manna Team (foto abaixo), que tem fomento da Fundação Araucária, entre outros parceiros.

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Neste mesmo dia, no Marvin English Pub (foto acima, de abertura), o professor do Programa de Pós-graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais (PEA), da UEM, falou sobre mudanças climáticas. Ele destacou o quanto a espécie humana é responsável pelas variações de temperatura e de perda de biodiversidade no nosso planeta, mostrando que, “se não retomarmos uma relação de equilíbrio na utilização dos recursos naturais, nossa própria espécie será prejudicada e já estamos vendo isso com o aumento das chuvas e de outros desastres naturais”, alertou. Deu ainda a dica de que, quem quer ficar por dentro do tema, pode acessar a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos – BPBES.  

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Público: Angelita Verônica dos Santos (foto acima, com o marido e o filho) estava em um canto do Marvin, atenta à apresentação. Mãe de Rafaela Machado, membro do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia), um dos organizadores do evento, disse que acha muito interessante a divulgação da ciência em um ambiente diferente. “Não nos remete ao tô estudando, tô ouvindo palestra. Esse tipo de apresentação nos faz refletir mais sobre as questões que são nossa responsabilidade, que nós não temos olhando para elas. Então, é um evento que deveria acontecer com maior frequência, as pessoas estão precisando disso. Se as pessoas não vão à formação, a formação vai até elas”. O filho Gustavo concordou com Angelita: “achei uma história interessante essa sobre o aquecimento... é preciso cuidar do nosso planeta”.

O Pint Of Science foi uma experiência diferenciada e incrível dentro do Pub, segundo os donos do Marvin. Na visão dos sócios Jesus e Daniel (foto abaixo), trazer um “debate” científico para o bar é algo que agrada a todos. “Informa e atinge diferentes tipos de pessoas que talvez não tenham consciência do momento e ponto em que estamos. Nós do Marvin English Pub ficamos muito felizes em poder ajudar, para que este evento tão importante pudesse acontecer”, reforçou Ivair Jesus.

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Assunto polêmico: A farmacêutica e doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, que atua no Laboratório de Neuroproteção e Isquemia Cerebral da UEM, Maria Clara Splendor (na foto abaixo, de vestido marrom), fez um resumo das substâncias extraídas da cannabbis, planta conhecida como maconha, e que são utilizadas pela medicina, assim como explicou a ação delas no nosso organismo. Essa discussão lotou a área do Atari Bar.

Quem também palestrou por lá foi a neurologista Jacqueline Potratz (na foto abaixo, de vestido preto). Ela contou parte da experiência clínica com o canabidiol e o THC, duas das substâncias extraídas da cannabis, no tratamento de diferentes doenças e chamou atenção para o fato de que ainda é uma prática cercada de muitas perguntas e dúvidas, e de acesso difícil à população em geral, porque são produtos caros. “Há casos em que conseguimos que o governo financie o tratamento, mas é um processo longo e difícil”, explicou a médica.

ATARI BAR

O bar Estilo Livre, na zona norte de Maringá, estreou no Pint of Science em 2023 abrindo as portas para a bióloga Thaís Uber e o agrônomo Rafael Caldas (nas fotos abaixo) comandarem o interessante bate-papo sobre transgênicos. À mesa, variações da porção “batata de verdade”, que fez a fama da casa. Sozinha, com queijo e bacon ou calabresa acebolada, a pergunta que não quis calar a noite toda: A tal batatinha era ou não transgênica?

A conversa começou com Thaís Uber, bióloga de formação, que apresentou didaticamente a diferença entre organismos geneticamente modificados (OGM) dos chamados transgênicos, que possuem um ou mais genes de outra espécie. “O tema transgenia é polêmico por si, muita gente fala mal e coloca medo nas pessoas. Por isso, a importância desta conversa, para desmistificar mesmo”, disse ela. O engenheiro agrônomo Caldas completou, dizendo que “não dá para eleger se o transgênico é herói ou vilão, há vantagens e desvantagens. Meu papel é trazer informações para ampliar os argumentos desta discussão”, ponderou.

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Sucesso: Mesmo com a UEM em férias e com os professores em greve, devido à luta pela reposição de perdas salariais, a organização contabilizou a participação de 500 pessoas nos quatro diferentes bares. “Sem contar que tivemos pouco tempo para divulgação, devido à liberação tardia das datas de realização pelo comitê nacional. Mas quem foi gostou. Os convidados elogiaram os temas, as discussões, que foram excelentes. Nossos voluntários deram um show na organização. Ano que vem, com mais patrocínio, envolvimento maior da UEM, da ACIM e da Prefeitura, prometemos fazer mais um brinde à ciência, porque ela e a sociedade merecem”, comemorou a coordenadora do evento, a professora Claudia Bonecker. Ela avisou que a data já está definida: 13, 14 e 15 de maio de 2024.

O pró-reitor de Extensão e Cultura da UEM, Rafael da Silva, disse que, por meio de eventos como o Pint, a comunidade conhece a excelência que é produzida dentro da UEM.  “No entanto, é mais do que isso, é você ir ao encontro da comunidade em espaços de lazer, onde você passa a estabelecer diálogo com ela, porque é isso que a gente precisa enquanto instituição de ensino. No Atari Bar, tivemos um exemplo muito prático, foi mostrado que, apesar de todo o preconceito em torno da cannabis, há pesquisas de ponta desenvolvidas acerca dos benefícios para uso medicinal dela e estamos envolvidos nisso”, lembra o gestor, que ainda destaque o caráter horizontal, “muito franco, direto e de coração aberto” que se adota em iniciativas como o Pint.

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O Pint of Science Maringá é organizado pelo PEA, junto com o Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia), o Programa de Pós-graduação em Biologia Comparada (PGB) e o Museu Dinâmico Interdisciplinar (Mudi). A iniciativa contou com a colaboração de 30 pessoas, entre docentes, técnicos e discentes da UEM, além de oito palestrantes.

 

Texto redigido em colaboração com a estagiária do Mudi, Bruna Mendonça, aluna do curso de Comunicação e Multimeios da UEM.

Fotos: Celso Ikedo e equipe Mudi