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Estudo simula os campos de altura de ondas para diferentes condições de ventos para melhor compreensão dos fatores físicos do lago

O Departamento de Meio Ambiente (DMA) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Câmpus Regional de Umuarama, por meio do professor Marcelo Marques, vem desenvolvendo, desde outubro de 2019, o projeto ‘Simulação dos campos de ondas gerados por ventos severos no Lago Titicaca’.

 O vento é o principal agente na formação de fenômenos em corpos hídricos de grande superfície em águas interiores. A onda gerada pelo vento pode promover alterações físicas, químicas e biológicas no corpo hídrico. A pesquisa em questão, que se encontra na primeira fase de desenvolvimento, visa a melhor compreensão dos fatores físicos do lago, que fica localizado na fronteira entre o Peru e Bolívia. “Vamos quantificar os fenômenos afetados pelas ondas, ao invés de uma abordagem numérica convencional por meio de modelagem física, investimos em uma abordagem geométrica, buscando quantificar a exposição da superfície da água em contato com o vento”, esclarece Marques.

Em outras palavras, a execução do projeto consiste em simular os campos de altura de ondas para diferentes condições de ventos, resultando na representação bidimensional da exposição da superfície da água ao vento e de um conceito especialmente útil, desenvolvido e validado, chamado de campos de fetch.

As análises são realizadas pelos usos de modelagem computacional. Essa técnica de simulação empregada é denominada Modelagem Paramétrica Bidimensional (MPB) e foi desenvolvida durante o doutorado de Marques, na Universidade Federal do Paraná (UFPR) com a colaboração dos professores Alexandre Guetter e Tobias Bleninger, ambos da UFPR, e do professor Fernando Oliveira de Andrade, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

 A técnica foi aplicada no Brasil em nove, dos 10 maiores reservatórios nacionais em superfície: Sobradinho, Tucuruí, Balbina, Porto Primavera, Serra da Mesa, Itaipu, Furnas, Ilha Solteira, Três Marias.

Para o Lago Titicaca estão sendo gerados 72 mapas temáticos georreferenciados. “Os resultados permitirão o suprimento de informações indispensáveis a ações como as relacionadas aos processos erosivos costeiros gerados por ondas de vento; o suporte a decisões de locação para instalação de tanques-rede para piscicultura, especialmente a criação de trutas; os impactos do vento e das ondas nos Uros, ilhotas flutuantes construídas artesanalmente por indígenas peruanos e bolivianos da etnia Uros; e estudos de estratificação térmica no corpo hídrico”, defende Marques.

 O trabalho vem sendo desenvolvido sem financiamento e é de caráter prospectivo, de modo a permitir a preparação para um projeto mais amplo, financiado, possibilitando a execução de um sistema de previsão de fenômenos gerados pelo vento em tempo real no lago Titicaca.

“O estudo no Lago Titicaca, o qual possui pouco mais de 8000 km2 de superfície, permite adquirir experiências na modelação de corpos hídricos de grandes dimensões e colaborar com os parceiros peruanos na troca de conhecimento nessa área de Pesquisa Aplicada”, lembra.

 Os resultados serão disponibilizados gratuitamente à comunidade peruana, boliviana e à comunidade internacional, a ser submetido oportunamente.

Este projeto conta com a parceria do Prof. Alejandro Hidalgo Valdivia e equipe, da Universidad Catolica de Santa Maria em Arequipa, no Peru.

 Sobre o lago

O lago Titicaca é considerado o lago comercialmente navegável mais alto do mundo e o segundo em extensão da América Latina. Segundo a lenda andina, foi nas águas do Titicaca que nasceu a civilização inca. Localizado na fronteira do Peru e da Bolívia, tem uma profundidade média de 160m, e uma profundidade máxima de 280m. Sua extensão e largura máximas são 190 km e 80 km, respectivamente. Mais de 25 rios desaguam no lago Titicaca, e o lago têm 41 ilhas, algumas densamente povoadas.