28 de outubro comemora-se o dia do servidor público. Uma homenagem àqueles que zelam pelo bem público, em benefício de todos
Lair Bueno acorda diariamente às 5h30 da manhã para assegurar que, sem atraso, chegue às 6 horas na Universidade Estadual de Maringá e então dar início à lida. A primeira coisa que faz ao chegar à UEM é guardar a marmita - que ela mesma prepara na noite anterior - na copa e depois segue direto para fazer a limpeza do Bloco I-90.
Funcionária Pública há 26 anos, ela confessa que nesse período de afastamento social sentiu muita falta desta rotina e também do convívio com os amigos da Universidade. “Eu me sinto feliz e útil trabalhando aqui na UEM”, diz.
Por 20 anos Lair trabalhou de lactarista na cozinha do Colégio de Aplicação Pedagógica da UEM (CAP-UEM), quando pediu remanejamento para a zeladoria.
Lair Bueno está na conta dos atuais 3.698 servidores públicos, entre docentes e agentes universitários, cujas competências sustentam o funcionamento da Universidade Estadual de Maringá e seu Complexo de Saúde, incluindo o Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM), contribuindo para que estes órgãos alcancem sua missão com êxito.
Tempos de pandemia
Os últimos tempos mudaram a rotina de muitos servidores que, com a pandemia do coronavírus, tiveram de se desdobrar. Assim como a UEM, eles não pararam, continuaram trabalhando, em home office ou presencialmente, para fazer com que a máquina da administração pública se impulsionasse ainda mais, possibilitando o atendimento das necessidades da coletividade, por meio dos serviços prestados pela Universidade.
“Os servidores públicos são de suma importância para a sociedade. Eles garantem que os nossos impostos retornem em forma de serviços. Falo com propriedade sobre os servidores da UEM, que têm se empenhado, mesmo com a pandemia, para garantir a continuidade dos trabalhos realizados. Eles merecem os nossos parabéns e o nosso respeito”, enfatiza o reitor Julio Damasceno.
Os servidores da UEM adiantaram-se à pandemia com a criação do Comitê Covid-19, formado por médicos, enfermeiros e farmacêuticos, e administrativo, incluindo pró-reitores e diretores. Este comitê trabalhou e tem trabalhado pautando decisões por critérios técnicos respaldados por profissionais com profundo conhecimento sobre a epidemiologia.
A universidade também criou o Grupo de Estudo de Evidências Científicas em Covid-19, que começou a desenvolver métodos de trabalho para manter um fluxo de informações confiáveis para o corpo técnico do comitê de acompanhamento e controle do coronavírus. É neste cenário, que os pesquisadores da UEM e HUM vêm se destacando cada vez mais na pesquisa, inovação e ciência, contribuindo significativamente na qualidade dos cursos de graduação e de pós-graduação.
Concomitante, com o intuito de informar e esclarecer a população, os servidores da Assessora de Comunicação da UEM desenvolveram uma home page contendo notícias e informações atualizadas diariamente, sobre o vírus que, até então era totalmente desconhecido.
Também, graças ao empenho dos servidores da UEM e HUM, o novo bloco com 108 leitos foi disponibilizado, em tempo hábil, para o tratamento exclusivo de pacientes com Covid-19 e os pesquisadores do HUM, profissionais e alunos de graduação e pós-graduação dos cursos de Medicina e Física se uniram para desenvolver dois modelos de respiradores para atender às possíveis demandas do hospital. Essas e outras ações consolidaram o HUM como referência em tratamento do coronavírus na região de Maringá.
Desde o início
O médico, Paulo Donadio atua no hospital desde 1988, ano de fundação do HUM. Mas a história de Donadio como servidor público iniciou antes. Em maio de 1986 ele realizava atendimentos clínicos no Ambulatório da UEM. Em 1987, presidiu a comissão que estudou e propôs o projeto de implantação dos cursos de Medicina e Odontologia na universidade e, com a abertura do HUM, foi transferido para trabalhar na implantação do seu funcionamento.
Em 1992, já com 16 anos de experiência em atendimento médico e, com o início da disciplina de Reumatologia no curso de Medicina da UEM, Donadio, prestou outro concurso, agora para docente do Departamento de Medicina.
No ano de 1995, Donadio foi primeiro Diretor Superintendente eleito do HUM, assumindo a gestão 1995-1998.
“Enfrentamos muitas dificuldades para o desenvolvimento das atividades do hospital. Muito mais no início do que aquelas que hoje o HUM enfrenta, mas para mim é motivo de muita honra e orgulho fazer parte desta história”, afirma o médico.
“Com a abertura do concurso para preenchimento de uma vaga para atendimento no Ambulatório da UEM, vi uma oportunidade de trabalho que me possibilitaria deixar os plantões, e também, principalmente, fazer parte do corpo de servidores da Universidade”, explica Donadio.
Donadio conta também que, com frequência, via a surpresa dos pacientes que eram atendidos no HUM ao receberem um excelente atendimento, quando estão internadas ou têm algum familiar internado. “Isto deve ocorrer porque é comum as pessoas terem uma visão negativa dos serviços públicos, e no caso do HUM, o que sai na imprensa, na maioria das vezes, é quando acontece algum problema no pronto socorro, por superlotação, etc. É sempre muito gratificante ver o nosso trabalho reconhecido”.
Hoje, aos 68 anos, Paulo Donadio é médico aposentando do HUM, desde fevereiro de 2019, mas continua atuando como professor em atividades remotas. “Até o inicio da pandemia eu estava com as atividades didáticas para o quarto ano do curso de Medicina, e com atendimentos ambulatoriais da reumatologia, por meio do Programa de Residência Médica em Reumatologia. Por conta da minha idade fui afastado da linha de frente”.
O médico aposentado assegura que pretende atuar como docente até o limite permitido, 75 anos.
Segunda casa
Diferente de Donadio, Lair Bueno, que ingressou na UEM no ano de 1994 faz planos para se aposentar em 2021.
“Me sinto feliz em ser funcionária da UEM. Aqui é minha segunda casa. Quando entrei, passei por um processo bem difícil. Perdi meu marido e precisei ficar um ano afastada . Nesse período, a universidade me auxiliou e me apoiou muito. Pretendo me aposentar no ano que vem, mas vou sentir muita falta da UEM”, completa.
Júlio César Belini é servidor público da Divisão de Oficinas no setor de Multimídia da UEM há oito anos. Apesar do pouco tempo de funcionalismo público, ele diz que fazer parte da história da UEM é motivo de alegria. Segundo Belini, trabalhar na área educação é uma grande oportunidade em fazer a diferença para o próximo. “O primeiro sentimento é de satisfação, pois tenho muito orgulho em fazer parte da UEM e, ao mesmo tempo fico preocupado com o futuro da nossa instituição, pois os atuais governantes não veem ou não dão o devido valor que a nossa universidade realmente merece”.
A história de Belini com a UEM iniciou quando ele ainda era criança. Seu pai, por 22 anos, cuidou das áreas verdes da universidade e, por incontáveis vezes, Belini o visitava para tomar café da tarde sentados a grama.
“Aos 14 anos fui chamado pra ser Menor Estagiário na UEM. Fiquei por quase quatro anos no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, no Bloco G34. Só saí quando completei os 18”, explica Júlio Belini.
Dez anos depois, o ex-estagiário retomava à UEM, agora como servido público.
Aos 14 anos, Júlio Belini foi menor estagiário no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH) da UEM. 10 anos depois seria servidor da Universidade.
Como surgiu o dia do Servidor Público
No dia 28 de outubro comemora-se o dia do funcionário público. A data foi instituída no governo do presidente Getúlio Vargas, através da criação do Conselho Federal do Serviço Público Civil, em 1937.
A comemoração surgiu por meio do Conselho Federal do Serviço Público Civil, homenageando a criação das leis que regem os direitos e deveres dos servidores públicos - Decreto Lei nº 1.713, de 28 de outubro de 1939.