2019 04 16 Feirinha MST 2030

Feira da Reforma Agrária, com alimentos saudáveis e livros, fica hoje e amanhã, das 11h às 20h, no estacionamento do Bloco J-12

A 2ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura), iniciada anteontem (15), prossegue até amanhã (18) nos blocos H-12, I-12 e J-12 da Universidade Estadual de Maringá (UEM). A programação contempla visitas de campo, mesas-redondas, rodas de conversa e feirinha livre.

Quais são os “Desafios da Juventude em Defesa da Reforma Agrária”? A resposta foi dada por Josiane Elias, 32, estudante do 4º ano de Zootecnia na UEM e assentada há 20 anos, e Luan Kappaun, 28, estudante do 5º ano de Agronomia na UEM e assentado desde o nascimento. Ambos são integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da região do Noroeste Paranaense e conversaram na Jura ontem (16), no Auditório 29 de Abril, Bloco I-12 da UEM.

“Nosso principal desafio é fixar a juventude nos assentamentos, nas áreas do processo de reforma agrária. Como os assentados estão envelhecendo, quem tem que assumir é o jovem”, estimula Josiane. Para a universitária, os jovens têm a capacidade de difundir novos conhecimentos e tecnologia. Consequentemente, é provável que haja geração de mais produtividade aos territórios.

Na visão de Kappaun, muitos jovens estão engajados com as ideias da militância, mas nem sempre estão de fato presentes em acampamentos e assentamentos. “Graças à cooperativa e ao MST, estou terminando Agronomia e pretendo voltar para lá e dar um próximo passo”, diz ele sobre o Assentamento Pontal do Tigre, em Querência do Norte (PR), capital do arroz irrigado e divisa com o Mato Grosso do Sul. Assim como o futuro agrônomo, Josiane é originária desta localidade. Para os dois, é fundamental que os formados regressem às suas cidades para dar continuidade ao movimento e levar contribuições às comunidades.

Josiane e Kappaun conduziram uma roda de conversa na Jura e acreditam que esse diálogo permanente entre sem-terra e universidade é fundamental para propagar os ideais do MST, derrubar preconceitos e desmistificar muitos entendimentos que parte da população cria a partir de informações divulgadas na mídia. “As famílias são estruturadas, organizadas num sistema de produção concreto, e lutam por um pedaço de terra para trabalhar, criar os filhos e dar condições de vida digna a eles, com boa educação”, resume a estudante de Zootecnia.

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Josiane Elias e Luan Kappaun contam experiências e desafios do Assentamento Pontal do Tigre
 

Na segunda (15), houve mesa-redonda sobre “Educação do Campo”. Ontem (16), palestra sobre “A Reforma Agrária do Noroeste”. Hoje pela manhã houve a roda de conversa “Mulheres em Luta: a resistência feminina do urbano e rural”, e às 19h30 haverá a mesa-redonda “Agroecologia”. Amanhã (18), último dia, a roda de conversa será às 9h sobre “A Judialização da Luta pela terra”; também ocorrerá exposição do livro “Vida, Luta e Poesia”, do autor Ariulino Alves Morais “Chocolate”, às 14h, e a palestra “A Luta Agrária Atual”, a partir das 19h.

23 anos de Abril Vermelho – A Jura ocorre na segunda quinzena de abril em alusão ao chamado Abril Vermelho, evento anual que relembra o dia de 17 de abril de 1996, quando há exatos 23 anos uma operação da Polícia Militar resultou em massacre de 19 sem-terra em Eldorado dos Carajás (PA).

Organização – A Jura é uma realização do projeto de extensão “A inserção do jovem camponês na rede de agroecologia do Noroeste do Paraná: o futuro guardião da semente crioula como protagonista da recriação camponesa” em parceria com o Centro Acadêmico de Geografia (Cageo) da UEM, o MST e a Escola Municipal Professor Milton Santos, de Maringá (PR), além de apoio de diversas instituições.

 

Reportagem atualizada em 17/04/2019 às 17h.