2019 01 31 Reprodutibilidade de ExperimentosEdital serra Pilheira IMG 1150Dois laboratórios da Universidade irão replicar experimentos que foram publicados por outros pesquisadores brasileiros em revistas internacionais

Três pesquisadores da UEM (Universidade Estadual de Maringá) irão participar da Iniciativa Brasileira de Reprodutibilidade, um projeto pioneiro financiado pelo Instituto Serrapilheira que visa avaliar se um determinado estudo pode ser reproduzido com fidelidade por qualquer outro cientista, em qualquer parte do mundo. Em outras palavras, estimar o quanto a pesquisa produzida no Brasil é reprodutível.

Com este objetivo, foi formado um consórcio com a participação de várias universidades e institutos de pesquisa, reunindo diferentes laboratórios de todo o país, onde serão replicados experimentos publicados em artigos científicos por brasileiros da área biomédica.

A rede inclui dois laboratórios da UEM, o de Micologia Médica e Biotecnologia e o de Química de Materiais e Sensores. Os pesquisadores envolvidos são Andrelson Wellington Rinaldi, professor do Departamento de Química, Érika Seki Kioshima Cotica, docente do Departamento de Análises Clínicas e Biomedicina, e Jaqueline de Carvalho Rinaldi, professora e pós-doutoranda do Departamento de Ciências Morfofisiológicas (foto acima).

A previsão é de que os testes iniciem este ano e estejam concluídos até 2021. A meta é reproduzir de 50 a 100 experimentos em três a cinco técnicas diferentes em pesquisa. No final, todos os participantes serão coautores de uma publicação em consórcio com os resultados deste primeiro estudo sistemático realizado em âmbito nacional. O Instituto Serrapilheira está disponibilizando R$ 1 milhão para o projeto.

Jaqueline Rinaldi adianta que cada técnica será reproduzida por pelo menos três laboratórios de diferentes instituições, cada um seguindo um protocolo pré-registrado igualando-se ao estudo original. Nesta primeira etapa, a UEM foi selecionada para realizar o ensaio de MTT, que basicamente é um teste colorimétrico para avaliar a toxicidade de compostos por meio da determinação da atividade metabólica mitocondrial. Os testes serão feitos sem que os pesquisadores conheçam a autoria dos artigos, informação que será revelada apenas no final dos trabalhos.

Pesquisa de ponta

Para Érika Cotica a participação da UEM na Iniciativa Brasileira de Reprodutibilidade é importante e pode projetar ainda mais a Universidade. “Integrar uma rede da qual participam cientistas de grandes centros de pesquisa é sinal de credibilidade e evidencia o quanto a UEM está apta a realizar pesquisa de ponta”, argumenta.

Andrelson Rinaldi acredita que esta projeção não envolve apenas os laboratórios e os três pesquisadores que compõem a rede, mas toda a pesquisa que a UEM desenvolve, impactando inclusive nas avaliações dos programas de pós-graduação que são realizadas pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

Sobre o resultado dos ensaios, o professor alerta que mesmo usando todo o rigor nos teste é possível haver falha na reprodução do experimento original o que, necessariamente, não significa que o estudo estava errado. Segundo ele, há diversos fatores presentes na atividade científica que podem obstruir a replicação de resultados como, por exemplo, mudanças não detectadas nas condições de amostras.

Jaqueline Rinaldi aposta no potencial do projeto e diz que ele deve contribuir também para o aumento da confiabilidade na pesquisa que é desenvolvida no Brasil. Ela explica que a reprodutibilidade de resultados é um aspecto fundamental para a credibilidade das descobertas científicas e que outros países já desenvolvem projetos dessa natureza. Para Jaqueline, com a iniciativa do Instituto Serrapilheira o Brasil entra neste mapa.

Independente dos resultados, ela acredita que a preocupação com a reprodutibilidade estará mais presente na agenda das universidades e centros de pesquisa. Na prática, isso pode gerar adoção de diretrizes mais detalhadas nos protocolos e descrição de métodos e procedimentos. “São cuidados que contribuem para aumentar os índices de reprodutibilidade”, diz a pesquisadora da UEM.

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