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Em workshop internacional, estudiosos de diferentes países e áreas discutiram o tema em uma perspectiva territorial

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Foram dias bastante produtivos de discussão durante o 1º Workshop Visões Transversais sobre o Trabalho na Agricultura. A UEM (Universidade Estadual de Maringá) recebeu pesquisadores de diferentes países para discutir o trabalho na agricultura em uma perspectiva territorial. Eles se reuniram entre os dias 11 e 14 de novembro, no auditório do Bloco C-34.

O objetivo do workshop é avançar no desenvolvimento de uma ferramenta para estudo do trabalho na agricultura. É uma área desafiadora no aspecto metodológico de produção do conhecimento, levando em consideração os aspectos transversais que tratam o assunto.

O reitor da UEM, Julio Damasceno, destacou que o evento proporcionou avanços rumo a um desenho de uma ferramenta metodológica que permita desenvolver estudos nessa área independente do local, seja América Latina, América do Norte, Ásia ou qualquer continente.

“O workshop foi extremamente exitoso. É uma contribuição para a comunidade científica mundial, pois esse evento é de uma associação internacional. Se nós estamos discutindo metodologia nessa área é porque é necessária essa abordagem, não só para resolver um problema local, mas é um desafio para a ciência mundial no domínio do estudo do trabalho na agricultura”, enfatiza o reitor.

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O evento teve a participação de alunos da pós-graduação, graduação e de extensionistas da Emater, além de produtores e demais públicos. Segundo Sandra Schiavi, vice-presidente da Associação Internacional do Trabalho na Agricultura e coordenadora executiva do evento, a heterogeneidade de público contribuiu para ter as diferentes visões desses participantes na montagem e na construção desse quadro.

Sandra explica que foi importante conseguir trazer uma rede de pesquisadores de diferentes países, formações e abordagens disciplinares para que seja construída a interdisciplinaridade. “O fato de a gente ter pesquisadores desses diferentes países enriqueceu muito a discussão e possibilitou colocar diferentes visões com foco na internacionalização”, ressaltou.

Com relação aos resultados alcançados, Sandra afirma que “em quatro dias de evento não se chega num quadro analítico pronto, mas chegamos a ideias muito ricas para estudar esse trabalho na agricultura e com a perspectiva inclusive de já desenvolver possivelmente um estudo aqui na própria região, aproveitando a visão obtida do território”.

Em uma perspectiva interdisciplinar, a ideia é que seja analisado o trabalho na agricultura e sua interação com o território, ou seja, ocupação e desocupação territorial, questões associadas ao emprego de mão de obra, saúde no trabalho, ocupação da família, gênero, a mulher no trabalho em suas relações agrícolas e não agrícolas, mecanização do trabalho, cadeias de produção e demais temas relacionados a essa realidade.

A Universidade tem fundamental papel nesse contexto, visto que as pesquisas poderão ser realizadas no âmbito acadêmico. Em termos práticos, Sandra explica que é possível ter, por exemplo, um aluno de doutorado, pesquisando um determinado ponto, com a co-orientação de um pesquisador na França, que irá contribuir com um conhecimento teórico e metodológico dele para dar suporte às pesquisas. A dimensão desses estudos poderão gerar resultados práticos para a região.

Podem realizar pesquisas as diversas áreas do conhecimento como, por exemplo, zootecnia, administração, economia, medicina, psicologia, direito, geografia, história e demais. “O tema do trabalho na agricultura no território deve ser visto em diferentes perspectivas, por isso a necessidade da interdisciplinaridade”, destaca Sandra.

Esse evento é o primeiro workshop promovido pela Associação Internacional do Trabalho na Agricultura, que é fruto do I Simpósio Internacional do Trabalho na Agricultura realizado em 2016. Na ocasião, pesquisadores de todos os continentes compartilharam ideias e criaram a Associação com o compromisso de manter as discussões regularmente, assim como o envolvimento conjunto para pesquisa, extensão e educação sobre o trabalho na agricultura.

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Contexto

A estimativa é que em todo o mundo 1,3 bilhões de pessoas trabalhem na agricultura, abrangendo uma diversidade de profissões e status dos trabalhadores, o que pode englobar desde o grande exportador até a mão de obra escrava, por exemplo.

Para a professora Sandra, essa complexidade é fortemente afetada por mudanças estruturais e técnicas, dinâmicas de mercado e políticas públicas que alteram a pluralidade dos modelos de desenvolvimento agrícola.

“Pensar sobre trabalho na agricultura requer uma combinação de diferentes pontos de vista, que tem a ver com emprego rural, organização do trabalho, saúde e condições de trabalho, identidades profissionais, bem como uma análise dos fatores que impactam sobre as evoluções ocorridas nesse campo”, destaca.

Todas estas questões, ainda segundo Schiavi, estão contempladas em inúmeras pesquisas científicas, só que de forma fragmentada. A proposta do evento traz uma inovação conceitual e metodológica à medida que liga diferentes pontos de vista dentro de uma proposta interdisciplinar com a perspectiva de analisar e projetar futuros modelos de trabalho.

Parcerias e Associação

O 1º Workshop Visões Transversais sobre o Trabalho na Agricultura ocorre no âmbito de um convênio de cooperação internacional tripartite entre a UEM, o  Instituto Francês de Pesquisa Agropecuária (INRA) e o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PR). Na UEM, há o envolvimento de três Programas de Pós-Graduação: Zootecnia, Administração e Economia. Além da Rede Unitrabalho.