ABERTURA

A ideia é treinar 160 profissionais em seis meses

Foi realizada, terça-feira (3), a aula inaugural do curso de capacitação sobre o diagnóstico precoce do câncer infantil e juvenil para profissionais da saúde. O projeto é uma iniciativa do Instituto Ronald McDonald e, em Maringá, tem a parceria da Rede de Combate ao Câncer (RFCC) e do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM). A solenidade de abertura foi realizada no Auditório do HUM, às 19 horas, com a presença do vice-reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Júlio Damasceno, e do vice-prefeito do município, Edson Scabora.

A gestora da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Maringá, Janaína Mantovani, explicou que o curso é uma das iniciativas financiadas pelo Programa Diagnóstico Precoce, do Instituto Ronald McDonald, que tem como objetivo identificar precocemente o câncer infantil e juvenil para garantir a efetividade do tratamento contra a doença. A Rede encaminhou projeto para o Instituto e conquistou R$ 80 mil em recursos, por meio da campanha do Mc Dia Feliz, realizada em agosto passado, em Maringá.

JANAINA

“No município, a capacitação tem o nome de Conhecer para prevenir e está sendo realizada no auditório do HUM. São 20 horas de aulas, que serão oferecidas a quatro grupos diferentes de 40 profissionais. Queremos capacitar 160 pessoas das equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF), de seis Unidades Básicas de Saúde e 15 pediatras do HUM. Esse projeto tem o objetivo de preparar os profissionais que vão trabalhar em parceria com as unidades de oncologia que estão sendo viabilizadas em Maringá, no HUM e no Hospital da Criança”, disse Janaína.

A diretora da RFCC, Geisa Bruniera, destacou que, quanto mais cedo se descobre o câncer mais chances de o tratamento apresentar resultados positivos, especialmente em crianças e jovens. “No Brasil, o tempo entre a percepção de sintomas e a confirmação diagnóstica é longo e, por isso, muitos pacientes chegam ao tratamento em fase avançada da doença. Queremos diminuir esse tempo”, explicou a diretora.

Desde o projeto piloto, realizado em 2008, o Programa Diagnóstico Precoce, do Instituto Ronald McDonald, já envolveu 20 instituições, promoveu a capacitação de cerca de 20 mil profissionais responsáveis pela cobertura de mais de 18 milhões de crianças e adolescentes  de zero a 19 anos, em 14 estados do país. A capacitação é oferecida para os profissionais que estão mais próximos do público, destacou a coordenadora nacional do Programa, Viviane Junqueira.

VIVIANE

“Os profissionais da atenção básica precisam estar atentos já que eles são o elo entre a comunidade e o sistema de saúde. E essa questão do diagnóstico é um problema, é um quebra-cabeça que ninguém consegue resolver sozinho. É preciso treinamento, capacitação e ação em todos os níveis da atenção. E mais: a ideia é que os profissionais sejam treinados para suspeitar de potenciais casos de câncer em crianças e adolescentes e encaminhá-los adequadamente para hospitais públicos de referência”, alertou Viviane, que fez questão de chamar atenção para o fato de que o Instituto Ronald McDonald só aprova projetos que, claramente, mostram articulação com o gestor do Sistema Único de Saúde (SUS), no município.

Maringá – Entre as autoridades presentes à aula inaugural do curso estava o vice-prefeito Edson Scabora, que fez questão de frisar o interesse e o apoio do município ao projeto. “É de extrema importância apoiarmos essas crianças”, anunciou.

A representante das lojas McDonald e franqueada de Maringá, Tânia Kleinschmidt, destacou o fato de que “cuidar das crianças com câncer é prevenir adultos com a doença. Por isso, a importância deste trabalho que tem o apoio da nossa empresa”.

O vice-reitor da UEM destacou que a universidade tem o papel de ajudar a combater as doenças em dois aspectos: desenvolvendo pesquisas e atuando na comunidade; “Esta iniciativa atua junto àqueles que precisam de apoio para conseguir o tratamento adequado. Participar disso é um dos deveres de uma instituição pública de ensino”, reforçou Julio Damasceno.

Estiveram presentes também no evento de lançamento do curso a assessora especial da Oncologia Pediátrica do HUM, doutora Silvia Tintori; a secretária municipal de Assistência Social e da Cidadania, Marta Kaiser; o vereador Carlos Mariucci; e a representante do vereador Sidney Telles, Lígia Valência.

Capacitação – Nesta quarta-feira (4), pela manhã, começou o curso efetivamente, no auditório do HUM. A doutora Alessandra Borges, oncologista pediátrica do HUM e coordenadora científica do curso, lembrou que, no Brasil, são registrados 12.500 mil casos novos de câncer em crianças (até os 18 anos) por ano. Na macrorregião da 15ª Regional de Saúde, são 115 registros anuais, que são encaminhados para os centros especializados nas cidades de Londrina, Cascavel e Curitiba.

DOUTORA ALESSANDRA

A doutora Alessandra também lembrou que o câncer infantil é uma doença rara que pode ser silenciosa, sem sintomas claros como tumores, por exemplo. “E quando se trata de pacientes em fase de crescimento, a evolução da doença é muito rápida. Uma criança saudável pode vir a desenvolver algum tipo de câncer em 15 dias”, afirmou a oncologista, que ainda esclareceu que a descoberta da doença precocemente aumenta as chances de cura em torno de 80%. “Por isso, é importante que os profissionais da área da saúde estejam preparados para detectar precocemente os sinais e sintomas de câncer infanto-juvenil para que nós possamos salvar mais vidas”.

O curso Conhecer para prevenir vai formar quatro turmas. Cada uma terá dois dias de aulas por mês até setembro. A equipe de formação é composta por duas médicas, três enfermeiras e uma psicóloga. O grupo vai abordar temas como: aspectos epidemiológicos e de organização da rede de atenção oncológica; A importância da Estratégia Saúde da Família na detecção precoce e no acompanhamento das crianças e dos adolescentes com câncer; Direitos das Crianças e dos Adolescentes portadores de câncer; Detecção precoce: possibilidades e limites; Sinais e sintomas do câncer na infância e na adolescência; Cuidados necessários com o adolescente e a criança com câncer; Cuidados paliativos em oncologia pediátrica; e Aspectos psicológicos no cuidado da criança e do adolescente com câncer.