Ideia Patente NIT Cifrão lampada

Nos últimos três anos, a Universidade obteve registro de quatro novas cartas-patentes, além de seis certificados de softwares e um de marca

Na data em que se comemora o Dia Mundial da Propriedade Intelectual, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) divulga a conquista de mais quatro cartas-patentes obtidas nos últimos três anos. Desse modo, sobe de seis para dez o número de registros concedidos à UEM pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Além das novas cartas-patentes, durante esse período a Instituição ainda obteve seis certificados de registro de programas de computador (software) e um de marca, totalizando treze programas e sete marcas.

O Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Universidade agendou, para o próximo dia 2, uma solenidade para entrega formal dos novos registros. O evento contará com a presença do pesquisador em patentes do INPI, Douglas Alves Santos.

Para dimensionar a importância da obtenção de uma carta-patente, a assessora de Inovação da UEM, professora Graciette Matioli, esclarece que o simples depósito da patente não garante o registro. "Entre o depósito e a concessão da carta-patente existe um longo processo administrativo", afirma ela. 

No Brasil esse processo tem levado em média de 11 a 13 anos. "Muitas vezes, após análise pelo INPI e consultas aos inventores, a patente é indeferida. Portanto, quando um pedido é aprovado, a carta-patente expressa que o conhecimento tecnológico depositado passa a assumir o papel de bem econômico", diz a assessora.

Conforme Graciette, de um modo geral, durante o prazo de vigência da proteção da patente, o titular pode impedir terceiros de produzir, usar, colocar à venda, vender e importar a invenção reivindicada no documento. No entanto, ele tem o direito de ceder (vender) ou licenciar a patente. Em outras palavras, ele pode transferir os direitos exclusivos a outra pessoa, por meio da execução de contratos de licenciamento. 

Lembrando que o direito de explorar comercialmente uma patente, por meio de contratos de licenciamento, é que resultará na geração de empregos e riqueza. Graciette Matioli afirma que "o depósito de patentes é importante, mas o licenciamento de tecnologias é que irá influenciar a economia”.  Assim, a universidade irá lucrar com a nova tecnologia licenciada e poderá investir em novas pesquisas e as empresas podem lucrar com a venda do novo produto. “Todo mundo ganha", diz a assessora.

Além disso, por estarem disponíveis em bancos de dados de livre acesso, os registros de patentes também representam grandes bases de conhecimento tecnológico, que podem ser usadas em pesquisas de diversas áreas. 

A UEM ainda conta com outros 90 pedidos depositados, aguardando avaliação do INPI. 

Barra de cereal 

Uma das novas cartas-patentes diz respeito ao processo de obtenção de barra de cereal utilizando casca de frutas e sementes de linhaça. Os inventores envolvidos são Nilson Evelázio de Souza, Makoto Matsushita, Jesuí Vergílio Visentainer, Adriana Nery de Oliveira e Maria Cristina Milinsk, professores do Departamento de Química da UEM e ex-alunos do Programa de Pós-Graduação.

A ideia deles foi desenvolver uma barra de cereal à base de ingredientes funcionais que colaborassem para melhorar o metabolismo e prevenir problemas de saúde. A proposta foi utilizar cascas de frutas brasileiras, linhaça e produtos de soja como componentes, tornando o produto atraente e economicamente viável com reaproveitamento de material que normalmente vai para o lixo.

“Indústrias de sucos, compotas e outras empresas que tenham frutas como matéria-prima podem aproveitar o resíduo para a produção das barras. Além disso, as cascas são ricas em sais minerais, vitaminas e antioxidantes, que previnem o processo oxidativo do organismo que causa o envelhecimento precoce e outras doenças degenerativas”, atesta Jesuí Vergílio Visentainer.

O grupo procurou desenvolver um produto de baixo custo e com ingredientes importantes para o bem estar do organismo humano, além de ser rico em fibras, como as barras que estão disponíveis hoje no mercado. 

Um diferencial importante do alimento criado pelos pesquisadores da UEM é a inclusão da semente de linhaça, que apresenta o ácido graxo essencial ômega3, benéfico para diversas funções no organismo. 

Plantadora de cana 

A UEM ainda recebeu carta-patente pela invenção da Plantadora automática de cana picada, desenvolvida por Ricardo Rogério de Santana, Fábio Lúcio Santos, Carlos Vinicius Amadeo Rosin, Darlan Roque Dapieve, Jean Rodrigo Bocca, Henrique Naioti Hiracava e Rodrigo da Silva Corral, professores do Departamento de Engenharia Mecânica e ex-alunos do curso de graduação.

A ideia de criação do equipamento foi impulsionada principalmente pelo crescimento do plantio de cana-de-açúcar em regiões não tradicionais, onde há falta de mão de obra e consequentemente a necessidade de mecanização do plantio. De acordo com o professor Jean Rodrigo Bocca, o plantio mecanizado oferece maior rendimento e facilidade de planejamento, que pode ser realizado em período integral, diurno e noturno, garantindo economia no tempo demandado para a atividade.

Como funciona o equipamento? Arrastada por trator, a plantadora abre dois sulcos para depositar primeiro o adubo e em seguida os rebolos de cana (cana picada). Na sequência, é feita a cobertura e a compactação do sulco.

Denominada "PCAMEC-2L", a plantadora tem duas linhas de plantio, com dois adubadores do tipo rosca sem fim. 

O controle das correias transportadoras, o fornecimento de adubo, a profundidade de sulcação e o fundo basculante são realizados por sistemas hidráulicos, por meio de um módulo lógico com comandos em um painel de controle disposto junto à cabine do trator. 

A capacidade de carga de cana picada é de aproximadamente 8 mil quilos (23 m3), sustentada com quatro pneus de alta flutuação, com rodas, montadas em eixos com sistema tanden no rodado traseiro e dois pneus no rodado dianteiro

Bicho-da-seda

O INPI também concedeu patente ao processo de obtenção de quitina e quitosana utilizando crisálidas do bicho-da-seda como matéria prima. A quitina e a quitosana são um polissacarídeo que pode ser usado na medicina, farmácia, produção de géis e hidrogéis, tratamento de efluentes e água, entre outras aplicações. Os inventores são Jorge Nozaki, Alexandre Tadeu Paulino e Julliana Izabelle Simionato. Nozaki foi professor do Departamento de Química e faleceu há cerca de doze anos. Portanto, a entrega da carta-patente será in memorian. Os outros dois inventores foram alunos de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Química, sob orientação de Nozaki.

Hidroxiapatita e osso de peixe 

A quarta carta-patente foi obtida pelo Processo de Obtenção de Hidroxiapatita via Calcinação do Osso de Peixe, pesquisa dos professores Wilson Ricardo Weinand e Walter Moreira Lima, ambos do Departamento de Física. Utilizando a técnica de calcinação e o osso de peixe como matéria-prima, esse novo processo para a obtenção de hidroxiapatita consegue obter um material natural de forma mais rápida e a um custo mais vantajoso.

Formado basicamente por fosfato de cálcio, a hidroxiapatita  é um mineral importante no combate à osteoporose.

Software e marca

Entre os softwares que terão o registro de patente entregue está o PETri - Programa de Escalonamento de Tripulação de Transporte Público Urbano. O programa foi desenvolvido pelos professores Ademir Aparecido Constantino e Rubens Zenko Sakiyama, dos departamentos de Informática e Engenharia Química. 

Segundo Constantino, ele é resultado da investigação realizada durante o curso de mestrado de Rubens Sakiyama, que pesquisou técnicas computacionais para automatizar e otimizar o escalonamento de trabalho de motoristas de ônibus do transporte urbano. 

O software pode auxiliar empresas da área, reduzindo o custo do sistema e automatizando a produção das escalas que geralmente é realizada manualmente. Os dados de entrada são todas as viagens realizadas durante um dia útil.

Já, a marca que obteve o certificado de registro do INPI é a da Conseq - Empresa Júnior de Soluções em Engenharia Química. 

Serviço: 

Cerimônia de entrega de cartas-patentes e certificados de registros de computador e de marca.

Data: 2 de maio

Horário: 14 horas

Local: Auditório do NIT, Bloco B-09.