Na abertura do evento, hoje pela manhã, o coordenador institucional do Pibid na UEM, José Antonio Martins, chamou a atenção para a crise brasileira e os reflexos para a sobrevivência do Programa
Desde o início da manhã desta quarta-feira (14), estudantes, professores e pesquisadores estão debatendo, na Universidade Estadual de Maringá (UEM), o que o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência tem ensinado sobre a formação docente, tema central do III Seminário de Avaliação do Pibid/UEM.
A cerimônia de abertura lotou o auditório do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), com capacidade para cerca de 200 pessoas, reunindo não somente os bolsistas Pibid como também os educadores ligados ao Programa. Coordenador institucional do Pibid na UEM, o professor José Antonio Martins lembrou que o Brasil vive "tempos obscuros e incertos", mergulhado numa crise social, econômica e política.
Neste contexto, ele chamou a atenção que isso traz reflexos para o Pibid, imerso também em desafios e dificuldades. Apesar deste cenário preocupante, Martins disse que o debate sobre o que Pibid nos ensina sobre a formação docente, escolhido como tema central do evento, contribuirá muito para refletir sobre estas questões.
O coordenador lamentou que alguns cursos de licenciatura da UEM tenham se descolado da realidade do mundo escolar, o mesmo ocorrendo pelo lado da escola. Para ele, bolsistas Pibid possuem "lacunas formativas significativas", o que constitui uma das dificuldades enfrentadas hoje.
Sendo assim, Martins diz ser necessário preparar melhor os bolsistas. Uma segunda dificuldade, conforme o coordenador, é a falta de preparo para o dia a dia da sala de aula. Lembrando, ainda, que o Pibid trouxe para a sala de aula os dilemas de uma escola real, Martins afirmou que o Programa tem ensinado ser preciso repensar a licenciatura.
Para a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG), Célia Tavares, o Pibid tem como papel básico contribuir para a formação de profissionais capazes de implementar ações inovadoras e para a melhoria da educação do País, estreitando os laços entre a Universidade e a escola de educação básica. Ela citou o que considera duas questões a serem pensadas: "qual é o conceito de educação?" e "o que é ser professor?". Ainda segundo a pró-reitora, muito mais que formar um professor, o Programa visa formar um educador.
Segundo a pró-reitora de Ensino, Ana Obara, a crise brasileira, sem precedentes, está impondo inclusive restrições orçamentárias para a Universidade. Apesar disso, "não podemos nos entregar", disse. Ana destacou o papel do coordenador institucional, afirmando que José Antonio Martins "vestiu a camisa" e "não tem medido esforços" para coordenar as atividades e atuar na organização do Seminário. Ela também agradeceu o apoio da Reitoria, ressaltando que o vice-reitor Julio Damasceno tem sido solícito para atender às demandas apresentadas pelo Pibid na UEM.
Damasceno disse ter ficado surpreso com a apresentação dos alunos do Pibid Interdisciplinar Artes Cênicas e Música, pelo nível do repertório de músicas cantadas na abertura do evento. Para ele, este nível de qualidade, da beleza das letras e melodia, também nos faz pensar quem somos.
Na avaliação do vice-reitor, o Seminário com certeza vai gerar muita reflexão sobre as questões colocadas pelas autoridades na solenidade de abertura e será decisivo sobre os próximos passos a serem dados. Damasceno disse também que a UEM tem total compromisso com a licenciatura, dizendo que o progresso de uma nação, passando inclusive pela redução da violência entre jovens e a desigualdade social, passa principalmente pela educação, sobretudo a educação de base.
Também compareceram à solenidade, entre outras autoridades, a pró-reitora de Extensão e Cultura, Itana Gimenes; o diretor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH), Ângelo Priori; e o primeiro coordenador institucional do Pibid na UEM, João César Guirado.
Após a abertura, a professora Laurizete Ferragut, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo, proferiu a conferência O Pibid e a Formação Docente. Previsto para terminar amanhã (15), o Seminário, além de divulgar os trabalhos e atividades realizadas pelos diferentes projetos do Programa na UEM, abre um espaço de reflexão sobre a formação docente.
O Pibid é o maior programa de bolsas em vigor hoje na UEM. Ao todo são 500 bolsistas, segundo o coordenador José Antonio Martins. Conforme ele, anualmente são injetados R$ 2,4 milhões na UEM por conta do Programa. São recursos federais que chegam para o pagamento das bolsas a alunos de licenciatura, participantes de diversos projetos de iniciação à docência.
As atividades didático-pedagógicas têm sempre orientação de um docente da UEM e de um professor da escola pública na qual o acadêmico desenvolve o projeto. O Seminário é aberto à comunidade acadêmica e a programação inclui também mesas-redondas temáticas e exposição de painéis.
