Jaquelini Gisele Gelain exibe o certificado do Prêmio ao lado da orientadora, a professora Márcia Istake

O Brasil é deficitário na exportação líquida de água e exporta mais do que importa água virtual. Essa é uma das conclusões da monografia de Jaquelini Gisele Gelain, defendida no ano passado como requisito de conclusão do curso de Economia da UEM. Neste ano, o trabalho ganhou o importante Prêmio Paulo Haddad. A premiação foi realizada durante o 13º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos (Enaber), realizado em Curitiba entre os dias 21 e 23 de outubro.

 

O artigo apresentado por Jaquelini foi orientado pela professora Márcia Istake e concorreu com monografias, dissertações e teses de todo o Brasil. O trabalho trata da exportação de água virtual, que, segundo a autora, é a água que está contida no processo de produção de qualquer produto, seja agrícola, industrial ou pecuário. “Um quilo de soja, por exemplo, consome 2.197 litros de água”, diz a autora.

Sabe-se que o Brasil é um grande exportador de alimentos, in natura que são os que mais agregam água no processo produtivo. Jaquelini partiu da estimativa de uma balança líquida de água virtual. Ou seja, a água que "entra" no País por meio das importações e a que "sai" através das exportações. Essa balança foi estimada para cada um dos estados brasileiros nos anos de 1997, 2003, 2008 e 2013. “Nossa hipótese inicial era a de que os estados que dispunham de maior disponibilidade hídrica fossem exportadores desse tipo de água”, explica a autora. Do mesmo modo, ela considerou que os Estados com baixa disponibilidade desse recurso natural seriam importadores de água virtual. Outra hipótese preliminar era de que o Brasil seria exportador líquido de água virtual.

“Com relação ao País, confirmamos a hipótese inicial”, anuncia Jaquelini. “O Brasil, como um todo, se apresentou exportador líquido de água na sua forma virtual, para todos os anos analisados. Analisando caso a caso, dos 25 estados da federação, somente dois não confirmaram essa hipótese, para o ano de 2013. Um deles é o Amazonas que embora detenha a maior disponibilidade hídrica se apresentou como importador de água. Outro estado foi o Rio de Janeiro, que também não apresenta problemas na disponibilidade hídrica mas revelou-se como importador de água na forma virtual.

Para ajudar a entender o porquê desse cenário, a autora usou como parâmetro os produtos mais exportados pelo Brasil: soja, açúcar, milho e café. Mesmo sabendo que o local da produção não é o mesmo que o da exportação. Para o Amazonas, o produto mais exportado em 2013 foi a soja, entretanto a produção ocorreu em apenas duas cidades. Para o Rio de Janeiro, o produto mais exportado naquele ano foi o café e o mesmo foi produzido em poucas cidades. “Dessa forma, consideramos a hipótese inicial inválida para esse dois estados e válida para os demais”, conclui a economista premiada.

Vale destacar que a relevância do trabalho está no sentido de ser o primeiro a fazer essa estimativa da exportação líquida de água virtual para cada estado do Brasil, em separado.

Para ler o artigo na íntegra acesse a página do Enaber 2015