João Lucas Foltran com os professores Thiago Ferraiol e Eduardo Neves,

João Lucas Foltran, participante de um projeto de extensão da Universidade Estadual de Maringá (UEM), é o primeiro maringaense a conquistar uma medalha de ouro nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática, a OBM. A competição, de altíssimo nível, é realizada no Brasil desde 1978. Neste ano foram mais de 564 mil inscritos, quase o dobro da quantidade de participantes na competição realizada em 2013. No nível 1, para alunos dos 6° e 7° anos do ensino fundamental, apenas sete competidores foram premiados com medalha de ouro. João Lucas conquistou o ouro obtendo a segunda maior pontuação do Brasil na sua categoria.


Aluno do 7º ano do Colégio Regina Mundi, João Lucas também participa do projeto intitulado Treinamento Intensivo em Matemática Elementar (Time), oferecido pelo Departamento de Matemática da UEM. Ele explica que foi a sua primeira participação na competição e que o grau de dificuldade da prova foi alto. Em uma escala de zero a dez, ele atribui o dez para o nível de complexidade da prova. “Comparado com os problemas que estou acostumado a resolver na escola, o grau de dificuldade foi muito alto”, explica, destacando que a participação no projeto de extensão da UEM contribuiu muito. “Os professores trazem novas formas de interpretar os problemas matemáticos e isso tem me ajudado muito”, frisou João Lucas, garantindo que no próximo ano vai buscar o primeiro lugar na OBM.

Thiago Ferraiol, um dos professores do projeto explica que nas olimpíadas de matemática são distribuídas medalhas de ouro para os alunos com o melhor desempenho dentro de uma faixa de pontuação. Na OBM essa faixa é bem pequena, contemplando cerca de 5 a 10 competidores. “João Lucas obteve a segunda maior pontuação do Brasil", reforça o professor. 

André Luiz Brodzinski, Arão Victor Rocha dos Santos e Matheus Paes de Souza: destaques na ObmepNas Olimpíadas de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) outros alunos do projeto também se destacaram. Dois receberam a medalha ouro no nível 3, para o ensino médio. São eles André Luiz Brodzinski, 16 anos, aluno do Colégio Gastão Vidigal, e Matheus Paes de Souza, 15 anos, aluno do Colégio João de Faria Pioli. Outros premiados foram Arão Victor Rocha dos Santos, 12 anos (bronze no nível 1) e Elio Bolognese Neto, 15 anos, que ganhou uma menção honrosa no nível 3. Arão é aluno do Colégio de Aplicação Pedagógica da UEM e Elio estuda no Gastão Vidigal.

Para Ferraiol, tanto João Lucas quanto os demais premiados têm duas habilidades estritamente necessárias para um bom desempenho em competições desse porte: talento e dedicação. “O nosso papel, na condição de professores, é dar oportunidades e orientar esses alunos para que desenvolvam tais habilidades”, diz ele.  

Sobre o projeto - O Time é destinado aos alunos interessados em estudar matemática, através da resolução de problemas. As aulas são ministradas, semanalmente, por quatro professores do Departamento de Matemática. São eles: João Paulo Costalonga (coordenador); César Adolfo Hernandez; Eduardo Neves; e Thiago Ferraiol.   Este foi o primeiro ano do projeto, que contou com apoio financeiro do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, através do pagamento de bolsas para os professores ligados ao projeto. Boa parte desses recursos, segundo Ferraiol, foram revertidos em benefício dos próprios alunos, para a compra de livros e materiais necessários para a realização do projeto e também da primeira Olimpíada de Matemática de Maringá e Região.

A expectativa agora é que o bom resultado obtido gere maior apoio para a continuidade do Time e para realização das olimpíadas regionais em 2015. "Este é o primeiro ano do projeto e pela primeira vez um participante de Maringá ganhou medalha de ouro na OBM, além de outros que melhoraram consideravelmente seu desempenho na Obmep. Isso mostra que o projeto está cumprindo um dos objetivos que é o de identificar pessoas talentosas para a matemática e estimulá-las a desenvolver suas habilidades", reforça o professor.

Uma proposta para 2015 é organizar um fórum on-line de resolução de problemas de olimpíadas de matemática. Dessa forma, alunos da região poderão fazer parte do projeto mesmo sem poder frequentar as aulas semanais. A ideia é difundir o interesse pela matemática e pela resolução de problemas.   As inscrições para o Time são gratuitas e deverão ser feitas, a partir de fevereiro de 2015, através do site www.dma.uem.br/time.

Sobre as olimpíadas -  A OBM e a Obmep são as duas competições científicas de matemática mais importantes no Brasil para alunos dos ensinos fundamental e médio. “Entre as duas, a OBM é certamente a competição mais difícil. Os problemas da prova exigem muito mais do que o conhecimento de fórmulas de matemática ou de métodos para resolver exercícios. Para resolver os problemas é preciso muito raciocínio lógico, além de uma excelente clareza na escrita e exposição dos argumentos”, salienta Eduardo Neves, lembrando que o maior matemático brasileiro da atualidade e ganhador da medalha Fields de 2014, Artur Ávila, começou sua carreira como matemático se destacando na OBM.  

“A Obmep também é uma competição de excelente nível, mas é destinada apenas para alunos das escolas públicas”, explica Neves. De acordo com informações da Obmep, neste ano foram mais de 18 milhões de inscritos e cerca de 6 mil premiados com medalhas. Todos os medalhistas da Obmep são convidados a participar de programas de iniciação científica em matemática, com bolsa do CNPq, na universidade mais próxima de sua escola.