A passarela central do câmpus da Universidade Estadual de Maringá, que, desde o início, é um espaço de convivência entre estudantes, professores e agentes universitários, agora também passou a ser, definitivamente, local que abriga grandes esculturas em madeira com uma simbologia que remete ao papel central do ser humano na construção física da UEM e na luta política pelas conquistas na história da instituição. A inauguração oficial, nesta quarta-feira (14), da obra (“...”) selou a conclusão do projeto de extensão Arte e Meio Ambiente, idealizado pela professora Maria Dalva de Barros Carvalho e coordenado, atualmente, por Márcia Facci Capelette, com aporte financeiro e de apoio da Caixa Econômica Federal, do Projeto SER - Sociedade Eticamente Responsável e da Uningá - Unidade de Ensino Superior Ingá. 

Com a escultura feita na forma de uma máscara de dois metros de altura, diante do bloco 4, perto da cantina Central, o artista Marcelo Monteiro selou o que diz ser uma ideia de aproximar a arte das pessoas, deixando as obras a céu aberto. Monteiro explicou que a obra inaugurada faz menção ao local de reuniões e conversas que deram início a muitos dos movimentos sociais ocorridos na UEM. Segundo ele, as reticências significam que ainda há muita coisa para ser dita. 

O escultor ainda agradeceu aos apoiadores do projeto, ao ex-reitor Décio Sperandio, por ter acreditado e facilitado a ação resultante no convênio com a Caixa Econômica Federal (CEF), à atual equipe do Gabinete da Reitoria e à Prefeitura do Câmpus. Lembrou o apoio dado pelo então chefe do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Francisco José Peralta, fez uma reverência especial às colegas de projeto, Márcia Capelette e Maria Dalva Carvalho, que, segundo eles, os assessoraram muito bem, e, por fim, rendeu homenagens a Reinaldo Costa, a quem buscou auxílio e inspiração na preparação de outra escultura, intitulada “Poética”.

Citando o exemplo de vida da servidora aposentada Hilza de Carvalho Leonel, convidada por ele para acompanhar a solenidade, o reitor Júlio Santiago Prates Filho afirmou que as obras de Marcelo Monteiro, em especial a que estava sendo inaugurada, são história, pois valoriza a trajetória das pessoas, principalmente aquelas que ajudaram a edificar a Universidade.

Hilza voltou ao passado quando relembrou os tempos duros do início de funcionamento do câmpus, como a escassez de água e a dificuldade para fazer a limpeza.

De acordo com o reitor, Monteiro colocou nas esculturas os elementos da ousadia e da determinação que caracterizam os servidores da UEM. Ele aproveitou para informar que, nesta semana, em Curitiba, esteve na solenidade que marcou a inclusão da UEM ao seleto Grupo de Tordesillas de Universidades, que reúne instituições da Espanha, Portugal e Brasil.

Prates Filho falou também sobre a proposta apresentada para a inserção da UEM no Colégio Doutoral de Impactos Ambientais e Novas Tecnologias. Assim, a instituição poderá integrar novos colégios doutorais no futuro, por meio de parcerias entre as instituições integrantes. O reitor disse que artistas como Monteiro e outros atuantes na UEM poderão se beneficiar da mobilidade cultural no grupo Tordesilhas, sugerida durante o evento em Curitiba.

Representando a superintendência regional da CEF, o gerente da agência bancária da UEM, José Júlio Palone, disse que achava interessante um artista de 32 anos já ter deixado uma obra para a posteridade, tendo inclusive a marca da Caixa Econômica Federal.

Dalva Carvalho contou que teve a ideia de iniciar o projeto de extensão ao se deparar com uma árvore caída no câmpus, em que seus galhos poderiam, conforme a imaginação, dar interpretação a diversas figuras abstratas. Dalva pediu a continuidade do projeto.

Emocionado, Reinaldo Costa explicou como desenhou o símbolo da UEM, com as três setas convergindo para uma direção, representada pelo ser humano. De acordo com ele, o pedido partiu do então reitor José Carlos Gal Garcia, inspirado num discurso de Jarbas Passarinho, ministro do Trabalho, da Educação e da Previdência.

A logomarca deveria ser elaborada com base nas palavras do ministro, que tratava da integração da universidade com os setores produtivos da sociedade.  Costa admite ter sentido medo, porque iria trabalhar com o simbolismo, sem se esquecer que Passarinho tinha apoiado a ditadura militar no Brasil. Porém, o discurso do ministro preconizava uma Universidade aberta e a logo desenhada é, segundo o artista, o símbolo da trindade, sendo que uma das setas representa a universidade, a outra a comunidade e a terceira o setor produtivo. O triângulo central simboliza o ser humano que, conforme destaca Costa, é o eixo que conduz a UEM.

OBRAS   A primeira obra de Marcelo Monteiro no câmpus é denominada O Contemplador, talhada em um tronco de flamboyant condenado. A segunda obra, intitulada A Leitora, caracteriza uma normalista abstraída pela leitura de um livro. Já O Imigrante, localizado próximo ao Instituto de Línguas Japonesas, é descrito pelo autor como um recém-chegado, com olhar perdido, procurando um lugar no mundo. Uma outra obra é 360 graus, que traz toda a tridimensionalidade presente nas esculturas de Monteiro. Finalizando a rol de esculturas, aparece Poética, inspirada na logo da UEM.