A Comissão Nacional da Verdade, que investiga a repressão no Paraná, realizou audiência púbica nesta segunda-feira (12), em Curitiba, e ouviu os relatos de vários casos de repressão política ocorridos no Paraná. A partir desses relatos, a Comissão iniciará uma investigação no sentido de determinar as responsabilidades pela violação dos direitos humanos. Representada por dois de seus membros, Paulo Sérgio Pinheiro e José Carlos Dias, a Comissão realizou a audiência, que durou o dia todo, no Teatro da Reitoria da Universidade Federal do Paraná. A UEM também esteve presente, com uma comissão de professores e alunos (foto).

Estiveram presentes à abertura da audiência o reitor da Universidade Federal, Zaki Akel Sobrinho; o presidente da APP Sindicato Marley Fernandes; o presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller; Narciso Pires, do Grupo Tortura Nunca Mais do Paraná; o vereador Pedro Paulo, da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Curitiba; o deputado estadual Tadeu Veneri, da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Paraná; Daniel Godoy, da Ordem dos Advogados do Brasil; a representante da Secretaria Estadual da Justiça, Maria Teresa Uille Gomes; e o procurador Geral do Estado, Gilberto Giacoia; entre outros parceiros.

A UEM foi representada por uma comitiva de professores e estudantes. Coordenada pelos professores do Departamento de História (DHI) Angelo Priori e Reginaldo Dias, a comitiva da UEM contou ainda com a presença de 15 estudantes de graduação e pós-graduação em História.  A iniciativa relaciona-se com as atividades do núcleo local do Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça, também coordenado pelos professores citados. Na condição de pesquisadores, ambos participaram dos debates relacionados aos episódios investigados.

O primeiro caso investigado trata de prisões feitas na Chácara do Alemão, no bairro do Boqueirão, em Curitiba, que teve 42 estudantes presos, 15 deles condenados a severas penas de prisão; a Operação Marumbi, ofensiva desencadeada pela repressão contra os militantes do Partido Comunista Brasileiro-PCB, em 1975. O relato foi feito por Narciso Pires, pelos filhos de Ildeu Manso Vieira (Ildeu e Júlio), sua viúva, Nair e Honório Rúbio Delgado. Cerca de 100 militantes do PCB foram presos e torturados no Quartel da Polícia do Exército e na clandestina Clínica Marumbi. Ainda houve o destaque para o Massacre de Medianeira, no qual seis militantes da Vanguarda Popular Revolucionária-VPR foram atraídos numa emboscada na Argentina e levados para a morte.  

Contribuição da UEM – O professor Angelo Priori fez o relato sobre a Guerra de Porecatu, sobre a qual é autor de uma pesquisa. Trata-se da repressão ao levante dos trabalhadores rurais da região de Porecatu contra grileiros, latifundiários, empresas e poder público, nas décadas de 40 e 50 do século passado. Já o pesquisador Reginaldo Dias (foto) relatou sobre a repressão contra organizações de esquerda ao lado do militante Cláudio Ribeiro. Foram abordados os casos de repressão contra a Ação Popular Marxista Leninista (APML); contra a organização Política Operária-Polop, pela militante Teresa Urban; e contra o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário-PCBR, pelo militante Romeu Bertol.