O Núcleo de Pesquisa em Limnilogia, Ictiologia e Aquicultura da Universidade Estadual de Maringá foi parte do destaque no Globo Repórter desta sexta-feira, dia 11. O programa falou sobre a região das Cataratas do Iguaçu e do Rio Paraná. Da parte do Nupélia, abordou os estudos de impacto ambiental causado pela usina Itaipu.

O Nupélia iniciou formalmente suas pesquisas na planície de inundação do alto rio Paraná em 1986 através de um projeto da Finep. Hoje o principal projeto ali conduzido é o PELD - Pesquisas Ecológicas de Longa Duração, apoiado pelo CNPq e coordenado pelo pesquisador Angelo Antonio Agostinho. A área também funciona como um campo experimental para as teses e dissertações dos alunos do PEA - Programa de Pós-Graduação em Ambientes Aquáticos Continentais (nível 6-Capes), coordenado pelo professor Luiz Carlos Gomes. Uma base avançada de pesquisas na cidade de Porto Rico conta com laboratórios, estações experimentais, refeitórios, alojamentos e dezenas de embarcações para dar suporte e logística aos trabalhos conduzidos na região.

De acordo com o coordenador geral do Nupélia, Samuel Veríssimo, a divulgação do trabalho do grupo no rio Paraná, por meio do Globo Repórter, deu uma visibilidade nacional à região, mostrando, além da beleza cênica, a importância desse último trecho livre do rio Paraná, que funciona como uma área de recarga para a biota, sendo sua integridade de importância ímpar à manutenção da biodiversidade e dos estoques pesqueiros.

“O Nupélia é hoje reconhecido em nível internacional, mas a importância de reportagens como essa é levar ao meio não científico informações a respeito da região e das pesquisas ali realizadas. A criação da APA –Área de Proteção Ambiental - das Ilhas e Várzeas do rio Paraná e do Parque Estadual do rio Ivinheima contaram com o suporte técnico e dados obtidos por esse Núcleo em suas implantações. Além disso, a legislação pesqueira do rio Paraná conta com dados obtidos pelo Nupélia em muitas tomadas de decisão”, ressaltou Veríssimo.

No programa, o pesquisador Luiz Carlos Gomes explicou que “a água muito clara altera o que a gente chama de produtividade porque ela tem menos nutrientes. E também altera o que a gente chama de relações interespecíficas, que, no caso, é predação. É muito mais fácil de um predador visual capturar a presa dele. A água fica limpa, ela tem um poder erosivo muito grande e vai removendo o fundo de uma forma mais efetiva, mais rápida”.

O Globo Repórter ressaltou que, nesta região de planície, o Rio Paraná forma um enorme arquipélago, com imensos jardins de água-pés. Estas ilhas ficam completamente encobertas na época das cheias. Mas com o volume das águas controlado pelas barragens, elas já não são mais tão duradouras como no passado. Agostinho destacou que “durante este evento, os peixes encontram abrigo durante as fases mais jovens e acaba quando a água retorna para a calha do rio, os peixes já estão num tamanho maior, são menos predados e consequentemente toda a pesca vai ser beneficiada com isso”.

O programa comentou que, há 26 anos, a equipe do professor Ângelo Agostinho estuda os impactos provocados pelas usinas. Com a captura de peixes, descobre quais espécies ainda são abundantes, as que estão ficando raras e as que nem pertencem a esta região, mas foram trazidas pelo homem. “Aliadas a essas espécies que vieram de outras bacias, temos mais de 30 espécies que subiram de Itaipu, subiram sete quedas depois da construção de Itaipu. Algumas delas substituindo espécies nativas como o caso que aconteceu com a piranha e possivelmente com a piapara”, explica.

O biólogo Edson Okada, há 25 anos, acompanha a rotina das colônias de pesca do rio Paraná. Todos os meses, recolhe centenas de formulários. Neles, os pescadores anotam tudo o que conseguiram tirar do rio. A queda na oferta de peixes é preocupante. E o caso do jaú, o mais grave.

A matéria pode ser vista no site da Rede Globo (http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2012/05/equipe-estuda-impacto-ambiental-causado-pelas-usinas.html).