Com a proposta de sedimentar os estudos do discurso, a Universidade Estadual de Maringá realiza, simultaneamente, dois eventos científicos: a 2ª Jornada Internacional de Estudos do Discurso e o 1º Encontro Internacional da Imagem em Discurso, este último com enfoque na complexidade constitutiva da imagem. A programação começa no dia 28 e segue até 30 deste mês. A conferência de abertura será ministrada pelo professor Philippe Dubois, da Université Sorbonne Nouvelle (Paris III).

Autor do livro Cinema, Vídeo, Godard, Dubois pesquisa as teorias das formas visuais; a estética do cinema; a metodologia e epistemologia da análise de filmes; a história e teoria da foto e do vídeo; as interrelações entre as artes; a poética e retórica das formas e figuras visuais e as problemáticas do arquivo e da política das cinematecas na Europa. Temas estes que estarão presentes na sua palestra.

Outra convidada é a professora Sophie Moirand, também da Université Sorbonne Nouvelle, que além de abordar questões relativas ao ensino de língua estrangeira, interessa-se pela circulação e o funcionamento do discurso na imprensa. Suas reflexões sobre discurso dialogam com outras, desenvolvidas nas Ciências Humanas, com Michel de Certeau na História, Michel Foucault na Filosofia, Jacques Lacan na Psicanálise, na pragmática filosófica de John Searle, e na pragmática sociológica de Louis Quéré.

Abordando a tradução de momentos discursivos pela mídia, a autora enfatiza que, ao relatar fatos, a mídia procura palavras para nomeá-los bem como a seus atores. Para tanto, apela às memórias coletivas que imagina serem divididas por seu público. Dessa forma, os jovens que participam de eventos de protesto, quer seja em Paris, Atenas ou Londres, serão denominados estudantes, colegiais, manifestantes, militantes, vândalos, bandidos, estudantes radicais, sem  documentos, anarquistas, militantes de extrema esquerda, arruaceiros, bandos de garotos, mas também “indignados” que participam de  “manifestações” (desordens). Isso ocorre porque as categorizações são construídas a partir das percepções que temos dos fatos, dos atos e dos atores, mas são amplamente informadas pelas situações anteriores e pelos discursos que temos “na memória”,  conscientemente ou não.

A conferência que a autora proferirá na UEM versará sobre esse processo de nominalização, que sintetiza os diferentes « fatos » construtores do evento, e contribui para construir o referente. Nomear não é descrever o real. É tomar posição, dar um ponto de vista, ter em consideração o  destinatário: é assim que as mesmas pessoas podem ser “rebeldes” para uns e “resistentes” para outros.

Além dessas duas conferências, o discurso em suas diferentes materialidades será objeto de discussão em seis mesas-redondas e em quinze simpósios previstos para os eventos, que contarão com a participação de pesquisadores de instituições de educação superior de todo o Brasil e de países da América Latina.

Tanto a Jornada quanto o Encontro estão sob a organização do Programa de Pós-Graduação em Letras da UEM. Para consultar a programação completa ou inscrever-se acesse www.jiedimagem.com.br.