Na palestra que proferiu, na quarta-feira à tarde, na Universidade Estadual de Maringá, o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Luis Manuel Rebelo Fernandes, disse que o indivíduo que não domina as técnicas básicas das tecnologias da informação “não é um cidadão pleno do mundo”.

Fernandes falou sobre a ciência, a tecnologia e os desafios do desenvolvimento nacional, na aula magna para a pós-graduação. Para ele, o conceito de sociedade do conhecimento foi o que acabou prevalecendo para traduzir o desenvolvimento verificado nas últimas décadas em todo o mundo.

Segundo o presidente da Finep, embora as tecnologias da informação alavanquem o desenvolvimento, alguns países centrais passaram a concentrar riqueza e poder pelo fato de dominar estas tecnologias. E, na medida, em que estes países passaram a bloquear o uso de algumas tecnologias, com o argumento de que possam ser utilizadas de forma dual, ou seja, tanto para o bem como para o mal, isso implica numa espécie de apartheid tecnológico.

De acordo com Fernandes, aceitar passivamente a lógica que estrutura a sociedade do conhecimento é como permitir o surgimento de um novo estatuto colonial.

A boa notícia, diz ele, é que alguns países decidiram implementar políticas ativas de desenvolvimento nacional, que resultaram na reversão do processo de concentração dos países emergentes. Um exemplo é a China, que, nos últimos anos, triplicou sua participação no PIB (Produto Interno Bruto) mundial, se considerado o crescimento apenas pelo poder paritário de compra.

Antes da palestra, Fernandes visitou as instalações do Complexo de Apoio à Pesquisa (Comcap), no câmpus universitário, e conheceu alguns laboratórios que desenvolvem estudos financiados pela Finep.

Ao abrir a solenidade, o reitor Décio Sperandio enalteceu a importância da UEM no cenário nacional, destacando que o resultado desta visibilidade se deve ao idealismo dos professores, técnicos e alunos.

Além de citar a quantidade de cursos de pós-graduação stricto sensu que a UEM possui, o reitor informou que a Universidade deve apresentar, até junho deste ano, a proposta de criação de mais 10 programas de pós-graduação. Segundo ele, isso vai aumentar “o capital científico” do Paraná e do Brasil.

Sperandio elogiou o trabalho da Finep, frisando que o órgão atua sob critérios eminentementes acadêmicos e científicos. O reitor disse que a UEM obteve da Finep cerca de R$ 7,2 milhões em 2009 e está pleiteando, para 2010, em torno de R$ 15 milhões. E agradeceu à Financiadora pela destinação de editais de financiamento específicos para as universidades estaduais, atendendo a uma reivindicação apresentada pela Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem).

O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Benedito Prado Dias Filho, enalteceu o fato de que a Finep passou a representar um marco a partir do momento em que começou a destinar recursos por meio do Fundo Setorial de Infra-Estrutura, o CT-INFRA.

Segundo ele, o dinheiro que a UEM já obteve do Fundo permitiu a aquisição de equipamentos e a ampliação das instalações.

O pró-reitor também falou sobre a perspectiva de ampliação da área do Comcap em 3 mil m2. Conforme ele, a idéia é consolidar o Complexo como centro de geração de tecnologias e de transferência destas tecnologias para o setor produtivo.

O presidente da Fundação Araucária, José Tarcísio Trindade, que representou a ex-secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Lygia Pupatto, disse que a ciência e a tecnologia são um dos caminhos para a emancipação política, além de uma ferramenta pela busca de uma sociedade mais justa e igualitária.

O vice-reitor Mário Azevedo, presidente da Comissão de Celebração dos 40 anos da UEM, lembrou que a grande idéia da Comissão, ao organizar as aulas magnas, foi promover a recepção acadêmica para o ano letivo de 2010. A aula magna ocorreu no auditório do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional).