O arquiteto, professor e pesquisador da UEM, Renato Leão Rego, está lançando o livro ‘As cidades plantadas. Os britânicos e a construção da paisagem do norte do Paraná’. A obra trata da colonização do norte do Paraná e das transformações provocadas nesta região pelos investimentos da empresa britânica Parana Plantations Limited, matriz da Companhia de Terras Norte do Paraná e da Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná. Segundo Rego, desde Londres, esta empresa planejou e comandou o desenvolvimento, a ocupação e a urbanização das suas terras no norte paranaense entre os anos 1924 e 1944.

O livro é o resultado de um trabalho de pesquisa de vários anos, realizado em parte na Inglaterra, onde o autor fez seu estágio pós-doutoral entre 2007 e 2008. A obra apresenta dados novos e documentos inéditos sobre a presença britânica no norte do Paraná, obtidos nos arquivos, museus e bibliotecas pesquisados, entre eles o National Archives, o Rothschild Archives, o National History Museum, o Ashmolean Museum e a British Library. Cartas, atas de reuniões, artigos de jornal, documentos oficiais, registros de viagem, mapas e fotografias foram analisados para narrar este empreendimento fundiário desde o ponto de vista britânico, a partir das suas iniciativas imperialistas.

Explica que é neste sentido que a cultura do Império Britânico e da sociedade vitoriana perpassa toda a obra. É por isso também que a biografia e os negócios prévios de lorde Lovat – o personagem principal desta história – são mencionados. “Antes de chegar ao norte do Paraná, Lovat dirigira outras empresas de colonização, na África do Sul e no Sudão. Lovat era um imperialista entusiasta. Major do exército britânico com várias condecorações, em particular por sua atuação na guerra dos Boers, Lovat – um escocês de kilt e tartan – era um magnata da terra, proprietário de um castelo nas Highlands, chefe de clã, barão e membro do Parlamento, onde desempenhou funções ligadas aos domínios britânicos e à imigração. Lovat era também um amante de aventuras, um viajante, um explorador. Caçador de elefantes em safári, colecionador de pássaros – sua coleção foi exposta no Museu Britânico continha espécies africanas que foram então batizadas com seu nome – Lovat dirigia seus investimentos para terras férteis, em regiões pouco desenvolvidas, seguindo uma tradição imperial”.

“Assim assentou colonos na Suazilândia, irrigou a região de Karthoum para o cultivo de algodão, plantou cidades e construiu uma ferrovia no norte do Paraná. A colonização sistemática e a urbanização deliberada desta região seguiram o modelo colonial britânico, como mostra o livro. Neste sentido, noções britânicas de planejamento conjunto das áreas urbana e rural foram transferidas para cá, entre elas corolários da proposta cidade jardim, então debatida e aplicada não só na Inglaterra mas em todo o mundo colonial britânico. Graças à divulgação do negócio norte-paranaense que Lovat fez na Europa, principalmente na Alemanha e na Polônia, muitos estrangeiros vieram para cá”.

O livro, publicado pela Editora Humanidades, de Londrina, apresenta dados da formação urbana e regional do norte do Paraná com riqueza de detalhes e farta documentação. Esta publicação é resultado da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Maringá e será distribuída gratuitamente às escolas, bibliotecas, museus, arquivos e instituições públicas de Maringá e região. A solenidade de lançamento oficial deve ser feita no final do mês.